Primeiramente não vou dizer que sou a favor das mudanças drásticas pelas quais a série passou, mudando seu formato nos últimos anos. Muito pelo contrário, prefiro os bons tempos em que eu passava horas procurando uma maldita chave pra abrir uma porta ou tendo que dar Load Game toda hora porque morria pro boss difícil de certa área do game. Mas certos pontos positivos precisam ser levados em conta. Eu, particularmente, prefiro acreditar que evoluiu.
Desde que saíram GameCube, PlayStation 2 e afins, a Capcom precisava reformular o potencial gráfico da série e atrair novos fãs para a nova geração que estava em seus anos dourados. “Resident Evil Code: Veronica” tinha acabado de dar o ar de sua graça tanto no Dreamcast e PS2 enquanto Shinji Mikami e sua turma trabalhavam duro em “Resident Evil 4”, que estava sendo produzido somente para o GameCube. O potencial gráfico e as novas ideias na mente da equipe brilhante que deu vida aos três primeiros games da série estavam trabalhando em algo muito superior para o quarto game e sua versão beta mostrou que não estavam pra brincadeira.
Porém a versão beta de “Resident Evil 4” foi jogado nos porões da Capcom e a única coisa que aproveitaram foi o design de Leon Kennedy, protagonista da trama. Foi quando em janeiro de 2005, quando vimos o resultado final de anos de trabalho, que “Resident Evil” mudaria pra sempre. O quarto game estava completamente diferente de seu antecessor, “Resident Evil 3”, que ainda tinha seus característicos zumbis e sua câmera parada, e apresentava o novo formato que a série usaria como base para seguir adiante no mercado. Muitos fãs antigos viraram arqui-inimigos da franquia a partir dali, muitos (como eu) continuaram fãs fervorosos e muitos outros seguidores foram conquistados ali. E por esse e outros motivos há o debate: Resident Evil esqueceu suas raízes e ficou ruim ou abraçou novos formatos e evoluiu?
A câmera por trás do personagem, a dinâmica bem mais acelerada e ação bem mais presente tornou a série uma espécie de shooter em terceira pessoa com o intuito de atrair fãs de games como “Call of Duty” e “Medal of Honor”, fato que foi confirmado pela própria Capcom e pelos produtores. Os fãs degladiam entre si na internet tentando argumentar os prós e contras que foram atribuídos à série. Maioria diz que “Resident Evil” perdeu toda sua essência e todo seu terror, que ganhou “zumbis que pilotam motos, helicópteros e atiram” (HAHAHA, essa é pra rir mesmo) e que se tornou um simples “jogo de ação com monstros”. Convenhamos que “Resident Evil 5” foi o cúmulo do “’Call of Duty’ com monstros”, mas mesmo assim é um ótimo game, o mais vendido da história da franquia.
A essência de horror pode ter se perdido, mas o quesito “fanatismo” não. Os antigos “Resident Evil” foram e sempre serão os melhores, sem dúvidas, mas o mercado novo surgiu e para que “Resident Evil” não caísse no esquecimento e perdesse fãs (como aconteceu com “Alone in the Dark”, que ultimamente não tem aparecido em lugar nenhum) era necessário uma adaptação e reformulação desde a base até o topo. Personagens muito mais poderosos e bem treinados, adaptados ao combate contra o bio-terrorismo, inimigos bem mais poderosos e versáteis que os antigos e inúmeros sistemas diferentes que em parte são considerados os pontos que mataram a série, além da falta do suspense e “gore” característicos da série, (que sou obrigado a concordar que realmente desapareceram). Mas a qualidade não desapareceu, muito pelo contrário aumentou e muito.
“Resident Evil” pode não ser mais o clássico assustador que era antes, mas sua reformulação trouxe tantas novas possibilidades e fãs a série que se for por nossa conta nunca terá um desfecho e chegará a inúmeras edições.
Mas ainda sinto falta da velha máquina de escrever, de Raccoon City e dos velhos loads com as portas se abrindo lentamente deixando o jogador num suspense monstruoso, pensando no que poderia encontrar quando a porta se abrir…