O co-criador de Halo, Marcus Lehto, criticou duramente uma propaganda publicada pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) para promover recrutamentos do órgão ICE (Imigração e Alfândega). O anúncio usava imagens e frases inspiradas na icônica franquia da Microsoft, como “Finishing the fight” e “Destroy the Flood”, equiparando imigrantes à raça alienígena hostil dos jogos. A reportagem é de Stephen Totilo, do site GameFile.
Lehto classificou o uso do universo de Halo na campanha como “absolutamente abominável” e afirmou que ver a série sendo apropriada dessa forma “o deixa enjoado”. O designer, que foi um dos principais criadores do protagonista Master Chief, expressou preocupação com a deturpação dos temas da saga, que historicamente nunca tiveram relação com ideologias políticas ou mensagens de ódio.
Outro veterano da franquia, Jaime Griesemer, também condenou a propaganda. Ele afirmou que “usar imagens de Halo em um chamado para ‘destruir’ pessoas por seu status migratório vai longe demais” e que isso “deveria ofender qualquer fã da série, independentemente de orientação política”. Para o desenvolvedor, a metáfora do Flood – uma ameaça alienígena parasita – “nunca deveria ser aplicada a grupos de pessoas reais”.
O anúncio rapidamente viralizou nas redes sociais, acumulando milhões de visualizações e dividindo opiniões entre apoiadores do governo Trump e críticos da campanha. Apesar da repercussão negativa e das reações de ex-desenvolvedores, a Microsoft permaneceu em silêncio sobre o uso de sua propriedade intelectual pelo ICE, o que também gerou críticas entre jogadores e jornalistas.
O caso reacendeu o debate sobre o uso político de ícones da cultura pop e levantou questionamentos sobre os limites entre o entretenimento e a propaganda governamental – especialmente quando envolve símbolos tão marcantes quanto Halo, uma das franquias mais influentes da história dos videogames.



