CEO da Level-5 volta a defender o uso de inteligência artificial no desenvolvimento de jogos

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)
Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)

Recentemente, o CEO da Level-5, Akihiro Hino, esteve no centro de uma grande polêmica após afirmar que entre 80% e 90% dos códigos escritos por membros da Top Game Creators Academy (TGCA) eram gerados por inteligência artificial e posteriormente revisados por desenvolvedores humanos. Além disso, usuários relembraram declarações feitas pela própria Level-5 em 2023, nas quais o estúdio já admitia o uso de IA generativa para otimizar seus processos de desenvolvimento.

Diante da repercussão do caso – e aproveitando também a polêmica recente envolvendo Clair Obscur: Expedition 33 –, Hino voltou a comentar publicamente sobre o uso de inteligência artificial na produção de jogos. Segundo o executivo, diversos estúdios já utilizam IA em seus projetos; a diferença é que alguns preferem não tornar essa prática pública, enquanto outros optam pela transparência, como a própria Level-5.

“Antes de tudo, acredito que, atualmente, muitas empresas de jogos já estejam incorporando IA ao desenvolvimento para ganhar eficiência. A diferença está apenas em tornar isso público ou não. Dito isso, é um grande equívoco afirmar que a Level-5 faz com que 80% a 90% do código do jogo seja escrito por IA. A verdade é que existe um título ainda não anunciado cujo tema é a própria IA, e, em relação a esse projeto, houve um programador que comentou que, propositalmente, o código também estava sendo criado com o auxílio de IA. Esse exemplo foi usado para levantar a discussão de que talvez estejamos caminhando para uma era assim — e essa história acabou crescendo além do que realmente era. Pelo contrário: se fosse possível criar um jogo com 80% a 90% do código feito por IA, isso seria tão impressionante que essas pessoas seriam disputadas no meio da tecnologia de IA. Ainda não chegamos a esse nível.”

Hino também defende o uso da inteligência artificial como uma ferramenta de otimização no processo de produção. Ele destaca que, enquanto um título “AAA” pode levar entre 5 e 10 anos para ser desenvolvido em condições tradicionais, o uso eficiente da IA poderia reduzir esse tempo para cerca de dois anos.

Além disso, o CEO reconhece que a IA pode, sim, ser utilizada de forma inadequada, incluindo práticas de plágio, mas ressalta que isso depende exclusivamente de quem está operando a tecnologia. Para ilustrar, Hino faz uma analogia com uma faca, que pode ser usada tanto para cozinhar quanto como arma.

“No entanto, também é fato que o uso de IA já permite uma redução de tempo nada desprezível, e acredito que isso tenha o potencial de quebrar paradigmas do desenvolvimento de jogos. Em vez de levar de 5 a 10 anos para desenvolver os jogos AAA que todos querem jogar, talvez chegue o dia em que possamos desfrutar desses títulos a cada dois anos. Às vezes, a IA é tratada como sinônimo de plágio, mas até uma faca pode ser usada tanto para cozinhar quanto como arma; um computador pode servir para criar jogos ou para cometer crimes na internet. Dependendo de como for utilizada, a IA pode sim gerar conteúdos plagiados, mas, quando usada corretamente, ela tem o poder de enriquecer ainda mais o mundo criativo.”

Por fim, Akihiro Hino afirma que a rejeição à inteligência artificial pode acabar atrasando o avanço da tecnologia digital moderna. O executivo espera que, com o tempo, o público passe a enxergar a IA apenas como mais uma ferramenta de apoio ao desenvolvimento de jogos, e não como uma ameaça à criatividade humana.

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