E é claro que o ano não iria acabar sem mais uma confusão da Ubisoft. A empresa viveu dias turbulentos após um ataque hacker comprometer sistemas centrais de Rainbow Six Siege, forçando a publisher a desligar completamente os servidores do jogo e gerando uma onda de instabilidade que atingiu jogadores do mundo inteiro. O episódio rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, tanto pela gravidade do ocorrido quanto pelo impacto direto na economia e na integridade do jogo.
O que aconteceu
Jogadores começaram a relatar situações fora de qualquer normalidade: bilhões de créditos R6 aparecendo repentinamente em contas, além da liberação de skins raríssimas e itens exclusivos sem qualquer critério. Em paralelo, alguns usuários enfrentaram banimentos e desbanimentos automáticos, mesmo sem terem realizado ações suspeitas. Grandes personalidades do game, como o norte-americano Jason “Beaulo” Doty, foram vítimas dessa estranha onda de banimento. O mesmo durante uma de suas lives tornou público a punição recebida.
Pouco depois, a Ubisoft confirmou que não se tratava de um simples bug ou erro de balanceamento, mas sim de um ataque externo à infraestrutura do jogo. Diante da gravidade do problema, a empresa optou por retirar Rainbow Six Siege do ar para conter os danos e iniciar uma investigação interna.
Medidas adotadas pela Ubisoft
Em comunicado oficial, a Ubisoft informou que sistemas ligados à economia do jogo e ao gerenciamento de contas foram afetados. Como resposta imediata, a empresa tomou as seguintes medidas:
- Desligamento global dos servidores;
- Suspensão temporária do marketplace;
- Início de um processo de rollback, revertendo contas a estados anteriores ao ataque;
- Garantia de que jogadores não seriam punidos por terem recebido ou utilizado os créditos injetados.
Segundo a publisher, todo conteúdo obtido de forma irregular será removido automaticamente, sem aplicação de penalidades, já que os jogadores não tiveram controle sobre a situação.
Instabilidade e reação da comunidade
Durante o período de instabilidade, jogadores relataram dificuldades para fazer login, filas extensas, inventários desconfigurados e progressão inconsistente. A comunidade reagiu rapidamente, com uma mistura de indignação, memes e desconfiança sobre a segurança dos serviços online da Ubisoft.
Criadores de conteúdo e jogadores profissionais também demonstraram preocupação com a integridade do jogo e possíveis impactos no cenário competitivo.
O papel do MongoDB no ataque
Embora a Ubisoft não tenha divulgado detalhes técnicos completos, informações apuradas por especialistas em segurança indicam que o ataque pode ter explorado uma vulnerabilidade em um banco de dados utilizado pela empresa, o MongoDB, e não exclusivamente um sistema interno proprietário.
O MongoDB é uma solução amplamente adotada na indústria para gerenciamento de grandes volumes de dados em tempo real. A falha teria permitido o acesso a tokens de sessão, credenciais temporárias e permissões administrativas, abrindo caminho para a manipulação direta de sistemas críticos do backend de Rainbow Six Siege, como créditos, inventário, banimentos e concessão de itens.
Esse tipo de ataque não exige, necessariamente, acesso direto aos servidores principais da Ubisoft. Uma brecha em serviços terceirizados conectados à infraestrutura central pode ser suficiente para comprometer toda a operação do jogo.
A Ubisoft reconheceu que a origem do problema está ligada a um ponto externo da cadeia de serviços, mas não confirmou oficialmente se houve vazamento de dados sensíveis nem detalhou quais informações poderiam ter sido acessadas.
Rumores
Como costuma acontecer em incidentes dessa magnitude, rumores sobre vazamento de dados internos e até código-fonte começaram a circular. Até o momento, a Ubisoft não confirmou nenhum vazamento desse tipo, tratando essas alegações como especulativas.
Ainda assim, o nível de acesso obtido pelos invasores levanta questionamentos legítimos sobre a robustez da segurança adotada em jogos como serviço.
O alerta foi dado
Embora o impacto imediato recaia sobre Rainbow Six Siege, o episódio serve como um alerta para toda a indústria. Jogos sustentados por economias digitais, microtransações e serviços online contínuos dependem de uma infraestrutura segura e constantemente monitorada.
O caso expõe como falhas em serviços terceirizados, como bancos de dados amplamente utilizados no mercado, podem gerar consequências graves, afetando não apenas jogadores, mas também a credibilidade de grandes publishers.
A Ubisoft afirma que segue trabalhando para restaurar os serviços de forma segura e implementar medidas adicionais de proteção, enquanto a comunidade aguarda respostas mais detalhadas e a normalização completa do jogo.
Opinião
O ataque que derrubou Rainbow Six Siege escancarou algo que a indústria insiste em empurrar para debaixo do tapete: jogos como serviço dependem de estruturas terceirizadas frágeis demais para o nível de controle que exigem.
Quando um jogo vive de economia fechada, microtransações e controle constante de progressão, qualquer falha em serviços como bancos de dados externos — caso do MongoDB — vira um problema sistêmico. Não é detalhe técnico. É a base do negócio.
A Ubisoft fez o óbvio ao desligar os servidores e não punir jogadores. Isso não é acerto, é contenção de danos. O que incomoda é perceber como o jogador segue refém desse modelo: sempre online, sempre dependente, sempre sem alternativa quando tudo quebra.
O caso de Rainbow Six Siege não é só sobre um ataque hacker. É sobre prioridades. Enquanto segurança for tratada como custo e não como pilar, esse tipo de crise vai continuar acontecendo. E, como sempre, quem paga essa conta é quem só queria jogar.



