Undertale – Análise

Rodrigo Bessa
10 min de Leitura

Undertale é um RPG classista em 2D produzido por Tobyfox e distribuído na Steam em 15 de setembro de 2015 e que conta com elementos típicos do nicho, como as batalhas por turno, submissões, puzzles, dentre outros elementos que iremos destrinchar mais a frente.

Numa primeira visão dá pra perceber que esses recursos são aplicados de uma forma única que se adapta muito bem numa história cativante, emotiva e com muita carga filosófica. É uma daquelas pinturas únicas no mundo em que, para entendê-las, é necessário observar as entrelinhas e, por conta disso, faz com que Undertale seja um RPG muito adulto, mesmo contendo conteúdo infantil.

Quem já jogou Earthbound sabe o que eu estou dizendo, um grupo de garotos que buscam impedir a destruição mundial por forças obscuras, Undertale não é (muito) diferente disso:

História e Ambientação – 9.0/10

Undertale conta a história de uma garotinha otimista e determina a sorrir e a fazer sorrir que cai em uma caverna mística aonde toda a raça dos Monstros foi enclausurada, criaturas que durante anos disputaram o mundo superior com os humanos, depois de anos de guerra.

Nessa jornada ela terá de batalhar muito, não na base da porrada, mas compreendendo seus pontos fracos para ajuda-los a vencer os seus medos, traumas e outras problemáticas

Com isso, em Undertale cria-se uma trama muito envolvente que se molda nas ações do seu personagem, não da forma clássica em que uma ação te leva a um resultado específico, mas que a cada sentimento do jogador colocado ali a ambientação se modifica.

A cada momento chave do game o jogador se surpreende cada vez mais, se emociona, o coração bate mais forte e dá pra sentir a motivação de cada NPC, dá pra sentir a angústia de cada um deles e, em diversas vezes, a quarta parede é quebrada, colocando o jogador no meio da história, não como um julgador de caminhos, mas como peça integrante da história.

Escrever de forma tão genérica sobre uma trama tão sublime e cheia de detalhes é muito complicado, realmente é uma aventura que necessita de uma jornada interna para saber o que se passa dentro de cada um dos seus parceiros que, no fim, culmina no grande objeto do game, as “almas”.

Assim, diferente da massa de mercado atual, Undertale volta as origens do SNES com gráficos simples e contos incrivelmente singelos que envolvem sentimentos humanos em seres inumanos.

Enfim, sem muito enrolar, Undertale é um game independente de raiz, que busca a riqueza da história acima da riqueza gráfica, colocando o jogador em situações muito singulares e particulares que se funde numa ambientação de determinação, na qual o possibilita a usar o coração ou os punhos, literalmente, da forma que bem entender.

Porém, excluindo a singeleza da trama, ela peca em um único aspecto: ela poderia ser mais profunda já que o objetivo do autor era esse, uma história comovente, mas simples, que tocasse o mais fundo de cada jogador, coisa que se limita mais do que deveria em alguns poucos momentos.

Gráficos e Efeitos – 8.0/10

Quanto aos gráficos de Undertale não há muito que falar, são simples e combinam muito bem com a temática do jogo, lembrando os do NES com algumas melhoras significativas.

Aqueles que gostam de um RPG atual com muitos efeitos gráficos e combos enlouquecidos de um Final Fantasy devem joga-lo com a TV desligada (se é que isso é possível).

Como estamos falando do universo Indie, eu poderia dizer que a experiência para o nicho clássico que era um RPG das gerações anteriores, ou seja, como ocorre em Undertale, esses gráficos foram muito bem encaixados, de modo que puderam refletir a riqueza dos outros elementos.

Muitas vezes nos RPGs atuais, principalmente nos MMOs, a história fica em segundo ou terceiro plano, já que o que interessa são os grandes efeitos especiais, muito deselegante no mundo Indie.

Enfim, os gráficos serviram para o que vieram, deixando-o acessível a quem quiser sentir a verdadeira essência do game.

Porém, ainda que caísse como uma luva, ela ficou apertada, pois haveria a possibilidade de melhoramentos gráficos e adição de algumas partículas que poderia aumentar esse grau de inserção do jogador no jogo.

Música e Efeitos Sonoros – 9.0/10

Perfeitamente colocada em todos os momentos do jogo. Possui uma gama de diferentes ritmos que encaixam muito bem nos seus respectivos momentos.

As músicas sentimentais realmente tocam os corações e os momentos de comédia são realçadas pelo ritmo mais sapeca.

Na verdade o nível e a diversidade é bem superior ao que geralmente encontramos no meio Indie.

O único motivo de não ter dado nota máxima para o jogo é que faltam alguns poucos efeitos sonoros, talvez por de interesse do produtor ou por achar desnecessário, mas eu acharia muito necessário, como em alguns locais em que o personagem cai de algum lugar ou algum pulo, enfim, algum movimento incomum ou que só é realizado uma vez ao longo do jogo.

Jogabilidade e Diversão – 9.5/10

Undertale é excepcional no quesito diversão, o combate é diferenciado, dando ao jogador a impressão de estar jogando algo totalmente novo em um sistema mais classista.

Há uma mesclagem entre o novo e o antigo, o combate por turnos e a forma de ataque e defesa, o encontro de inimigos com o sistema de puzzles, enfim, é um mundo novo a se explorar.

Para mim, Undertale se enquadra como um RPG sentimental em que a diversão não é aniquilar o inimigo para alcançar a paz, mas simplesmente buscar a paz, da forma que convier e for permitido. Não é nem preciso lutar para sair vitorioso de uma batalha; e o melhor de tudo é que essa nova mecânica é muito divertida e satisfatória para o ego do próprio jogador.

Claro que o game não é para quem busca sangue e desgraça, mas para quem quer uma nova experiência divertida e diversificada.

O sistema de defesa também é muito interessante, ainda que extremamente difícil em alguns momentos. Undertale usou o formato de bullethell para representar o seu combate, no qual o ícone de vida é o coração do jogador, retratada como a sua alma, e, enquanto ele busca se esquivar e defender dos projéteis, os inimigos enviam vários deles em diversas direções.

Interessante é que a velocidade dos projéteis e o formato dos seus padrões dependem da forma com que o jogador aborda o inimigo, já que há várias opções de interação. Por exemplo, se o jogador escolher abraçar um inimigo muito enfurecido você pode ter a chance reduzir o dano e auxiliar no que o jogo chama de “misericórdia”.

Perdão nada mais é que uma vitória sem matança, quando o inimigo chega num ponto emocional específico é possível que o jogador perdoe e tenha misericórdia pela vida do monstro inimigo, que muitas vezes são inofensivos.

Assim como o contrário funciona: um inimigo covarde, se for atacado pelo jogador, possibilita a ação de fuga ou a de misericórdia para encerrar o combate.

Outro ponto interessante são os “save points” que regeneram a “vida” do jogador por aumentar a determinação. Em cada save point o jogador se depara com uma situação da metáfora do copo cheio ou vazio, porém, a protagonista sempre observa a situação com o melhor dos olhos, permitindo com que ela extraia dessas situações a determinação para seguir adiante.

Por último, o mais interessante, é o sistema de “XP” e de “LVL”, que proporciona uma qualidade a parte do jogo para o jogador. Em suma, quanto mais monstros o jogador matar mais XP ele vai ganhar, quanto mais ele tiver misericórdia, menos XP ele vai ter. É possível zerar o jogo com 0 de XP, caberá ao jogador escolher qual caminho quiser.

Undertale 1
RESUMINDO –

Undertale é único pela junção de diversos elementos comuns no mercado novo e antigo do gênero, ele surpreende e faz sonhar, pensar e se divertir. Nota 9/10.

 

Undertale: Undertale é único pela junção de diversos elementos comuns no mercado novo e antigo do gênero, ele surpreende e faz sonhar, pensar e se divertir. Krolmn

9
von 10
2015-10-27T22:30:20-0300
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Advogado, escritor e se diz fã de jogos de estratégia só porque já jogou Age of Empires no Windows 95. Quando jovem era daqueles que usava o apelido de gatosurfista1990 nas salas de bate-papo.
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