Redfall – Análise

Gabriel, vulgo Buda (@budabyte)
8 min de Leitura

Redfall é um FPS de mundo aberto com elementos de looter shooter, situado na fictícia cidade-ilha que dá nome ao jogo. Após um adiamento anunciado no final de 2022, Redfall finalmente chegou às mãos dos usuários de Xbox Series X|S e PC, sendo o primeiro grande título first-party exclusivo da atual geração do Xbox. Contudo, o adiamento não parece ter sido suficiente para polir a experiência.

A clássica experiência científica fracassada

Seguindo o padrão de outros jogos, Redfall aposta numa história já conhecida: um experimento científico fracassado da empresa Aevum Laboratories acabou transformando as pessoas da companhia em vampiros, que dominaram e isolaram completamente a ilha, bloqueando a luz do sol e criando uma barreira de água impenetrável. Resta ao jogador assumir o papel de salvador da pequena ilha, enfrentando cultistas e vampiros enquanto busca informações sobre os eventos que levaram a essa situação, na esperança de encontrar e destruir os Deuses Vampiros.

Diferente de outros jogos da Arkane, Redfall pouco empolga em sua campanha. Em nenhum momento o jogador se sente motivado a explorar mais sobre o universo e os personagens, passando o jogo inteiro sem experimentar momentos memoráveis. As missões principais são pobres, chegando ao ponto de uma delas consistir em simplesmente “ir até lá e interagir com aquilo”, sem oferecer qualquer desafio ou motivo relevante para que façamos isso. Para piorar, as poucas missões secundárias disponíveis não agregam nada significativo à história, o que acaba sendo mais um motivo de decepção para o jogador.

Hora de matar vampiros / Reprodução: Steam

Voltamos a 2015?

Redfall apresenta uma experiência graficamente decepcionante. Mesmo jogando no Xbox Series S, os problemas encontrados também persistem no Xbox Series X e no PC. Texturas em baixa resolução, alcance de visão limitado e vampiros sem detalhes faciais são apenas alguns exemplos dos problemas durante a gameplay. A situação é tão grave que, em alguns momentos, mal consigo ler textos escritos nas texturas do jogo devido ao longo tempo de renderização.

Além disso, o desempenho do jogo também é decepcionante. Rodando a 30fps na versão de console, o que inclusive gerou grande controvérsia um mês antes do lançamento, Redfall não consegue manter uma estabilidade consistente. Quedas frequentes na taxa de quadros, principalmente durante os confrontos com vampiros, acabam prejudicando a gameplay. Esta situação é ainda mais decepcionante se considerarmos Deathloop, produzido pela Arkane Lyon, que mantém sólidos 60fps nos consoles. Para um título exclusivo da atual geração, era esperado um melhor aproveitamento do potencial oferecido pelo Xbox. Durante a campanha, também presenciei exatos oito crashes, o que me desanimou bastante em relação ao jogo. Em uma das missões finais, precisei fazer três tentativas consecutivas até conseguir progredir, evidenciando a completa instabilidade presente na minha experiência.

Borrões são presença constante na gameplay / Reprodução: Digital Foundry

Gunplay diverte, mas é ofuscado por problemas sérios

Apesar dos problemas, Redfall oferece um gunplay divertido. Com uma variedade de 18 armas classificadas por níveis e raridade, há inúmeras opções disponíveis. Desde simples pistolas e sinalizadores até potentes rifles de precisão, escopetas e até armas de raio ultravioleta, o jogo oferece escolhas para que os jogadores progridam durante a campanha de acordo com suas preferências.

Além disso, temos as habilidades, que, apesar de pouco utilizadas durante minha jornada, são interessantes. Optei pela personagem Layla, que possui um guarda-chuva capaz de absorver e repelir danos, um elevador e sua ultimate: o ex-namorado transformado em vampiro. Embora prefira armas às habilidades, devo dizer que o guarda-chuva e o ex-namorado foram extremamente úteis em momentos críticos.

Entretanto, a diversão proporcionada pelo gunplay é ofuscada pelos problemas bizarros causados pela inteligência artificial. Durante a jornada, me deparei várias vezes com vampiros ou cultistas que simplesmente me ignoravam ou atiravam aleatoriamente. O aspecto furtivo do jogo também deixa a desejar, já que, mesmo sendo detectado, os inimigos nunca procuram o jogador nos locais corretos, indo para áreas aleatórias. Isso me fez questionar se a IA não foi totalmente desenvolvida com foco no modo cooperativo.

Desde o início de sua divulgação, Redfall sempre foi apresentado como um jogo cooperativo para até quatro jogadores. Embora a Arkane tenha insistido que seria possível desfrutar do jogo solo, é evidente que ele não foi projetado com essa finalidade. Em diversos momentos, os NPCs interagem com o protagonista dando a entender que há mais pessoas presentes, como se houvesse um grupo no local, quando na verdade não há. Além disso, muitas das habilidades estão relacionadas ao grupo como um todo, em vez de serem focadas individualmente nos personagens. Fica a impressão de que o modo solo do jogo foi adicionado de última hora.

Gunplay é divertida, mas não consegue carregar o jogo nas costas / Reprodução: Steam

Tenha fé, porque até no lixão nasce flor

Embora apresente dois mapas não muito expansivos e carentes de personalidade, há ocasiões em que o jogo mergulha em universos completamente distorcidos, revelando a brilhante direção de arte da Arkane. Em tais momentos, construções e vegetação se entrelaçam de forma surreal, criando ambientes visualmente deslumbrantes, em contraste com a Redfall genérica e desprovida de vida que ocupa boa parte da experiência.

A parte sonora de Redfall também se salva. Contando com bons efeitos sonoros e uma interessante trilha sonora “assustadora” composta por Jongnic Bontemps, certamente vai agradar os fãs de hip-hop e trap. Quanto à dublagem em português, não há nada do que reclamar; as vozes se encaixam bem nos respectivos personagens, embora tenha poucos momentos de interação para ouvir, situação essa que deve ser melhor no modo co-op, devido a constante troca de conversas entre os quatro protagonistas disponíveis.

O fator Arkane existe, mas em poucos momentos / Reprodução: Steam

A maior decepção da Arkane

Conhecendo as franquias Dishonored e Prey, minhas expectativas em relação a Redfall eram altas, mas infelizmente não foram correspondidas. A história vazia, os problemas gráficos, a inteligência artificial completamente disfuncional, os bugs e a falta de otimização minaram minha confiança na Arkane, um estúdio no qual sempre confiei plenamente. Mesmo que correções sejam implementadas ao longo da vida útil de Redfall, os problemas fundamentais do jogo permanecerão. Além disso, é importante ressaltar que, apesar de estar disponível no Game Pass, o preço de 350 reais para adquirir o jogo é significativo. Esta é a primeira vez em sua história que a Arkane falhou de forma tão colossal. Nota final: 3.0/10.

Prós:

  • Gunplay
  • Ambientação das áreas distorcidas
  • Audio design

Contras:

  • História pouco envolvente
  • Inteligência artificial nada inteligente
  • Péssimo desempenho e otimização
  • Gameplay sem profundidade
  • Gráficos ultrapassados

Redfall: Facilmente a maior decepção vinda da Arkane. Uma pena. É um jogo que teria um potencial muito maior se tivesse ficado (muito) mais tempo no forno. budabyte

3
von 10
2023-05-04T12:28:22-0300
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