O perfil de espectador do brasileiro está, aos poucos, mudando. Dados recentes mostram que, em 2001, a TV por assinatura, por exemplo, sofreu uma queda gigantesca em número de assinantes. Isso se explica por vários motivos, é claro: falta de interesse no conteúdo, preços elevados, vendas casadas e, considerando o cenário atual, toda uma crise econômica e a necessidade de corte de gastos.
A TV por assinatura, porém, tem um ponto fraco que ela mesma está sem alcance para corrigir: a personalização da programação. É nesse nicho que ganhou força o streaming, cujo conceito combina com o espectador moderno: pague pouco e assista quando quiser, se quiser.
Claro que a TV paga oferece, desde sempre, seus famosos PPVs e pacotes à lá carte, mas os preços em geral abusivos sempre fizeram dessas opções artigos de luxo no entretenimento televisivo. O streaming, cujo catálogo rivaliza e às vezes supera com facilidade o das melhores assinaturas de televisão, ganha a batalha com facilidade pelo fator financeiro.
Isso vale para o entretenimento “off”; com os esportes, porém, é fácil perceber que as coisas não são tão simples – afinal, qual o sentido de ver a final da Libertadores “quando eu quiser” se ela só vai passar ao vivo em determinado canal?
É justamente aí, porém, que estão ocorrendo ainda mais mudanças.
Mudanças nos principais protagonistas da televisão
Para dar nome aos bois, a Globo tem sido absoluta em termos de transmissão esportiva há várias décadas. Claro que tivemos casos curiosos de brigas com times, desafios e tropeços, mas a emissora sempre se saiu soberana dos embates. Até agora.
Com o Paulistão entrando na reta final, a emissora verá mais um contrato de transmissão chegando ao fim, e mais um que não é renovado – como já foi com a Libertadores e, em outro esporte, com as corridas de Fórmula 1, que eram quase sinônimo do canal nos domingos de manhã.
Mas o que explica essa lua de mel que parecia interminável estar se tornando divórcio às claras? Novos players certamente entram na equação (o SBT agora transmite a Libertadores e a Band pegou a F1 para si). O fenômeno, porém, não se explica todo aí, já que os canais de TV por assinatura, que já citamos, também se vêm submetidas a mudanças sérias, quedas de braço e uma busca frenética por readaptação.
Novas maneiras de assistir online
Com todas essas mudanças acontecendo em ambas TV aberta e por assinatura, é óbvio que surge no cenário um terceiro protagonista enquanto meio: a internet.
Na verdade, dizer que “surge” seria diminuir a presença de uma potência que mudou as regras do jogo há vários anos já. O que acontece é que, usando o conceito amplo da web, novas ideias ganham força e, mais importante, ganham público entre os apaixonados por esportes, especialmente o futebol.
Uma das novidades mais interessantes, especialmente para quem não tem como investir nas caríssimas TVs por assinatura, mas também não quer se limitar pelas poucas opções da TV aberta, são os streamings online – muitos deles gratuitos (embora sejam a exceção).
O à lá carte renovado
A lição do mundo dos games com o streaming foi aprendida. Menos de uma década depois da aquisição do Twitch pela Amazon, o mercado cresceu de forma exponencial. Seguindo a tendência também de filmes e séries, novas opções voltadas especificamente para o mercado esportivo surgiram nos últimos anos e, mais importante, estão se tornando peças importantes nos tabuleiros de negociação de direitos de transmissão.
O melhor exemplo atualmente é o DAZN, que tem acordos, entre outros, com a Premier League, e sempre transmite alguns dos jogos da rodada regular. O site ainda não tem a força para conseguir a primeira escolha (uma queda de braço com a TV paga, diga-se), mas está crescendo em importância e assinaturas.
Da mesma forma, os próprios clubes investem pesado na possibilidade de transmitirem, eles mesmos, seus jogos. É difícil visualizar isso acontecendo numa Libertadores ou Champions League, mas os estaduais brasileiros, por exemplo, já foram e ainda são excelentes alvos-teste para canais de YouTube dos clubes, transmissões das federações e assim por diante.