Desenvolvido pela estreante chinesa Sense Games e publicado pela CE-Asia, AI Limit é um soulslike com ambientação sci-fi pós-apocalíptica, onde os humanos deixaram de ser a raça superior. Acompanhe-nos nesta análise para descobrir o que assola este mundo e, juntos, buscaremos respostas para o nosso propósito como uma Blader.
Enquanto a ciência perdurar, a humanidade sobreviverá
Iniciamos o jogo no papel de Arrisa, uma Blader cuja missão inicial é buscar os Ramos, na esperança de restaurar as memórias que perdeu. Após o acúmulo de uma lama tóxica que contaminou todo o solo do planeta, Haynesville tornou-se a última cidade humana ainda de pé.
Diante desse cenário, a humanidade sobrevive de forma precária, agarrando-se à Fé em Elysium – o céu prometido deste mundo – e às invenções tecnológicas desenvolvidas por cientistas. Entre a contaminação provocada pela lama e as ameaças constantes de guerreiros corrompidos que se tornaram feras insanas, criaturas cobertas por lâminas mortais e monstros colossais que arrasam cidades, restam apenas a esperança e a engenhosidade como formas de resistência aos perigos.

Uma Blader em busca de respostas
Fica evidente que boa parte do orçamento de AI Limit foi direcionada ao combate e à jogabilidade – o verdadeiro coração de qualquer bom soulslike. O jogo segue o padrão tradicional do gênero: ativamos checkpoints por meio dos Ramos e recuperamos parte do HP com os Orvalhos da Vida.
Entretanto, dois elementos se destacam como diferenciais no sistema de combate: o braço mutante de Arrisa e a Taxa de Sincronização. Neste sistema, a clássica barra de estamina é substituída por essa taxa, que determina o ritmo e a intensidade das ações em batalha. O braço mutante funciona como uma versão mais simplificada e elegante do braço protético de Sekiro: Shadows Die Twice, oferecendo quatro habilidades que tornam o combate muito mais dinâmico, ampliando a adaptabilidade nas lutas contra inimigos comuns e chefes.
- Campo de contra-ataque – Conhecida como Parry, a habilidade permite à personagem gerar uma onda de energia capaz de, quando usada no instante certo antes de ser atingida, anular o golpe do inimigo e contra-atacar com um dano devastador – habilidade essa que é a mais eficaz do título, se tornando crucial em muitas lutas.
- Escudo de energia – Um escudo que retém energia quando golpeado por várias vezes, e onde é capaz de gerar uma onda de sobrecarga com um bom dano.
- Garra perfurante – Uma mutação que aprimora seus ataques e movimentos, concedendo dano perfurante adicional em troca de parte do seu HP.
- Passo do Trovão – Um dash que, quando utilizado no exato momento em que for atingido, desvia do golpe e invoca uma sombra de energia espelhada do personagem no local.
A Taxa de Sincronização, por sua vez, é a mecânica central do combate. Representada por uma barra que vai de 0% a 100%, ela indica a quantidade de energia Mud disponível para o personagem. Essa taxa aumenta a cada golpe bem-sucedido nos inimigos e é consumida ao usar as habilidades do braço mutante e as Weapon Arts das espadas. Quanto maior a taxa de sincronização, maior o bônus de dano causado aos inimigos. Ela também permite a utilização de feitiços, que drenam a energia Mud de forma significativa.
AI Limit possui um combate fluido e desafiador, com alguns chefes iniciais que te fazem perder a cabeça com poucos minutos de jogo. O game possuí um amplo arsenal de espadas, feitiços e conjuntos de armaduras, que elevam o fator replay e incentivam a exploração.
Quando o assunto é exploração, AI Limit apresenta uma experiência apenas “ok”. No entanto, esse aspecto é compensado por um excelente level design, que guia o jogador de forma inteligente pelos cenários, e por ambientações grandiosas, que impressionam tanto pela escala quanto pela direção artística, criando um mundo visualmente cativante e imersivo.

Cel shading é vida!
AI Limit adota um estilo gráfico em cel shading que é visualmente encantador, com uma paleta de cores aplicada de forma primorosa em certos cenários – como Elysium, que se destaca pela sua grandiosidade e impressionante qualidade visual. No entanto, esse brilho estético não se mantém constante ao longo da jornada. Grande parte da aventura se passa em ambientes fechados, como usinas e esgotos, com tons acinzentados que tornam o visual repetitivo e pouco inspirador.
Como já mencionado anteriormente, vale destacar o seu level design, que arranca sorrisos com os diversos atalhos que conseguimos obter com uma boa exploração, anexando áreas e tornando o caminho mais fluido e satisfatório. O game possui um mapa muito bem feito, revelando os detalhes por meio de ilustrações de monumentos chamativos e adereços específicos, sendo extremamente intuitivo.
As batalhas contra chefes se destacam principalmente nos confrontos contra inimigos humanoides, que oferecem uma constante sensação de perigo graças à sua agilidade e aos ataques imprevisíveis. Em contrapartida, os embates contra criaturas colossais e entidades angelicais do Elysium carecem de intensidade – com movimentos excessivamente telegrafados, essas lutas acabam se tornando previsíveis, pouco desafiadoras e, em muitos momentos, sem sal.
Mas, infelizmente, nem tudo são flores. A trilha sonora de AI Limit é inexistente, principalmente nas batalhas contra chefes. O jogo não consegue passar aquele ar de grandiosidade ou até mesmo de perigo por meio de suas trilhas – como ocorre em outros jogos do gênero Souls. Algumas batalhas contra chefes seriam muito mais impactantes caso o estúdio tivesse se preocupado com este quesito importantíssimo para o gênero.

Muito além de uma simples cópia de CODE VEIN
Em uma indústria cada vez mais voltada para nichos específicos, AI Limit se destaca dentro do gênero Soulslike não por inovar, mas por fazer o básico com excelência. O título entrega uma experiência refinada e envolvente, mesclando de forma eficaz elementos como religião, tecnologia e sobrevivência em sua narrativa. Diferente de muitos jogos do gênero, sua história é mais direta e acessível, sem abrir mão da profundidade temática. Além disso, o combate é um dos grandes atrativos, sendo muito viciante, polido e extremamente satisfatório.
AI Limit pode até parecer mais do mesmo à primeira vista, mas prova seu valor ao executar com competência o tradicional arroz com feijão. Com mecânicas sólidas, bom ritmo e ambientações marcantes, é uma escolha certeira para quem busca uma experiência segura e bem feita dentro do estilo Soulslike.