Após 6 meses do seu lançamento, Assassin’s Creed IV: Black Flag conquistou a crítica e o público, mas ainda sofre dos mesmos problemas de sempre, que impedem a série de ser uma verdadeira obra-prima no seu tempo. Quer saber quais são? Confira nosso review!
A sétima geração de videogames consolidou uma tendencia um tanto quanto desgradável, pelo menos para os jogadores. Com os AAA ficando cada vez mais caros, cabe as desenvolvedoras fazer apostas mais seguras, investindo cada vez mais em franquias que já são bem sucedidas, o que nos leva a grande reciclagem de jogos, e uma das suas maiores vitimas: Assassin’s Creed.
Quando Patrice Désilets desenvolveu a trama, ele nunca iria imaginar que o confronto entre assassinos e templários fosse tão bem recebido pelo público, e tão explorado pela Ubisoft. Agora, com Assassin’s Creed IV: Black Flag, seu sexto jogo para consoles de mesa (e vem mais por aí), a franquia mostra cada vez mais sinais de cansaço, e que precisa de alguns anos de férias. O que resta saber é se mesmo apos tantos anos da mesma coisa, Assassin’s Creed ainda vale a pena.
Em Assassin’s Creed IV: Black Flag (ou Assassin’s Creed 2013, porque se vai lançar um por ano, melhor nomear corretamente, que nem Just Dance), você vê que a Ubisoft se esforçou para proporcionar algo diferente do que estamos acostumados, tanto que alguns elementos, antes essenciais para o cenário de AC, foram logo descartados. Desmond foi completamente esquecido, você agora é um funcionário sem nome da Abstergo, que precisa acessar o Animus para obter referências para um jogo ambientado na era dos piratas. Exercício interessante de metalinguagem, mas não é só isso.
O protagonista que tem as suas memorias acessadas, Edward Kenway, não é nada parecido com seus antecessores. Ele não é o celebrado Altair, nem o charmoso Ezio, muito menos o lutador da liberdade Connor, Edward é um pirata, um marginal, um pobretão do reino unido que vira bandido dos sete mares para conseguir riquezas e satisfazer suas necessidades.
No meio das suas andanças pelo mar, Edward esbarra com um do clã dos assassinos, e ao assumir seu lugar, acaba se envolvendo na luta Templários vs. Assassinos, na busca de um artefato que trara grande poder para quem o possuir. Apesar da grandiosidade do plot, comparado com todas as sidequests, ela não é nem de perto, o que diverte mais. Digamos que o grande atrativo do jogo é justamente a parte Black Flag, e muitas vezes até esqueci que estava jogando Assassin’s Creed…
As missões da história principal, em boa parte, se resumem ao que muita gente já está acostumada: enfrentar vários inimigos no mesmo sistema de batalha baseado em contra-ataques, se infiltrar em vários lugares com um sistema de stealth relativamente duvidoso, ou seguir/correr atrás de um NPC definido, e ouvir o que ele está dizendo. Está tudo lá, se você já jogou algum dos jogos anteriores. Volta e meia, claro, você se vê navegando pelas águas cristalinas do Caribe, administrando sua frota, e é aí que a coisa muda de figura, e o jogo se torna bem mais interessante.
Não é de se surpreender que Assassin’s Creed IV: Black Flag foi baseado em uma das coisas mais divertidas de ACIII, as batalhas navais, e realmente é muito legal atacar navios mercantes, abordá-los com a sua tripulação, derrotar a todos e saquear os baús, e se o jogo fosse só isso, estaria tão interessante quanto. Você não vai querer correr atrás dos NPCs para descobrir o mistério por trás dos planos dos templários, você quer é viajar pelas Águas do Atlântico na Gralha (o navio de Edward), com a sua tripulação a tiracolo cantando músicas do mar, buscando tesouros escondidos e derrubando fragatas muito maiores que você.
Futuramente você pode ter outros navios na sua frota, que podem ser mandados em missões de busca para melhorar seus fundos, e melhorar a sua banheira do mar para que ela se torne um bom navio de combate, o que é quase fundamental.
O cenário é bem mais colorido e aberto que as florestas de Assassin’s Creed III, e os ambientes são muito bem detalhados e bonitos, tanto as grandes cidades, como Havana, quanto as pequenas ilhas com tesouros e animais. A caça, falando nos animais, tem um tanto mais de propósito do que no jogo anterior, e parece menos maçante também.
A jogabilidade é muito semelhante aos jogos anteriores, assim como os controles, e como o personagem reage a eles. Na versão de Wii U, você pode configurar quanto do HUD você quer colocar na tela, e por mais que seja interessante deixar o HUD vazio, e tudo no Gamepad, já perdi muitas coisas importantes na tela da TV, como as notas musicais flutuantes (WTF), que você tem de coletar ao longo do jogo, porque estava olhando para o mapa no Wii U Gamepad.
A localização tem seus pontos positivos e negativos. Por um lado, as traduções e legendas estão bem feitas, inclusive utilizando a linguagem da época de ouro da pirataria. A dublagem, por outro lado, deixa muitíssimo a desejar, com vozes mal escolhidas, nomes e termos falados de forma diferente por personagens diferentes, entre outras atrocidades. Se você não se importar com dublagem ruim, pode colocar em português, se não, melhor apostar no som original com legendas.
O maior dos pecados de Assassin’s Creed IV é justamente ser mais do mesmo. A história teve esmero na sua produção (apesar de dar uma caída perto do final), os cenários e modelos são bem-feitos, navegar nunca foi tão divertido (e olha que eu nunca gostei muito de navegar em games, por isso nunca consegui zerar Wind Waker), e ser pirata, melhor ainda. Assassin’s Creed precisa com urgência de uma remodelagem, ou alguns anos sem jogos, para reacender a chama da novidade como aconteceu com Assassin’s Creed II. Antes que seja tarde. Nota 7.5/10.
Assassin's Creed IV: Black Flag: O maior dos pecados de Assassin's Creed IV é justamente ser mais do mesmo. A história teve esmero na sua produção (apesar de dar uma caída perto do final), os cenários e modelos são bem-feitos, navegar nunca foi tão divertido (e olha que eu nunca gostei muito de navegar em games, por isso nunca consegui zerar Wind Waker), e ser pirata, melhor ainda. Assassin's Creed precisa com urgência de uma remodelagem, ou alguns anos sem jogos, para reacender a chama da novidade como aconteceu com Assassin's Creed II. Antes que seja tarde. – Zuel