Indiana Jones e o Grande Círculo é o mais recente título protagonizado pelo icônico explorador Henry Jones, desenvolvido pela MachineGames, responsável pelos jogos modernos de Wolfenstein, e publicado pela Bethesda. Confesso que o jogo não estava no meu radar, afinal, achava que a franquia Indiana Jones já havia perdido sua relevância. Porém, tive uma grata surpresa. Se os últimos filmes do personagem te decepcionaram, o jogo consegue resgatar a essência da série e oferecer uma experiência fresquinha. Vem comigo nessa análise para entender tudo sobre o game!
História cativante
A trama começa com um roubo misterioso no Marshall College. Locus, um homem enigmático e aparentemente ligado a uma seita, invade o local para roubar um artefato. Indiana tenta impedir o roubo, mas acaba sendo nocauteado, permitindo a fuga do ladrão. A investigação de Indy o leva ao Vaticano, ocupado por fascistas em 1937, onde ele busca respostas sobre Locus e os segredos envolvendo a Cidade Santa e o enigmático Grande Círculo.
A narrativa é envolvente e captura o carisma de Indiana Jones em cada diálogo e interação. Desvendar mistérios e conspirações envolvendo nazistas e fascistas é altamente satisfatório, até porque a aventura conta com um vilão extremamente detestável. A introdução da jornalista Gina Lombardi como parceira de Indy adiciona uma dinâmica interessante, enriquecendo a experiência com diálogos e situações que lembram grandes momentos do cinema. É uma história digna das telonas, que certamente vai prender sua atenção.
Por fim, não posso deixar de elogiar algumas incríveis cenas de ação que Indiana Jones e o Grande Círculo possuem. A fuga de Xangai, cidade que exploramos por um curto período no game, é um dos momentos mais incríveis que já presenciei num jogo de ação e aventura nos últimos anos, sendo de tirar o fôlego. As cenas finais de nossa aventura também são marcantes e merecem um grande destaque.
Estrutura do jogo
Indiana Jones e o Grande Círculo apresenta uma estrutura um pouco diferente do padrão. Em alguns momentos, estaremos em sessões lineares, já em outros experienciamos um mundinho aberto para explorar, como é o caso do Vaticano ou de Gizé. Essa alternância cria uma dinâmica que agrada tanto quem gosta de experiências guiadas quanto aqueles que preferem explorar cada canto do mapa.
As missões são divididas em três tipos: “Aventura”, “Mistérios” e “Trabalhos de Campo”. As missões de aventura compõem a campanha principal, enquanto os mistérios e trabalhos de campo são atividades secundárias que incentivam o jogador a buscar segredos espalhados pelos cenários. Concluir as missões secundárias concede Pontos de Aventura, usados para desbloquear habilidades de Indy, associadas a livros encontrados ao longo da jornada.
Embora os mistérios tragam uma proposta interessante, sua execução é decepcionante. Eles são fáceis e pouco impactam na história, servindo mais como uma opção para quem busca desbloquear todas as habilidades ou completar o jogo em 100%. Já os trabalhos de campo são as verdadeiras side quests do jogo, e recomendo fazê-las. Os personagens que conhecemos costumam ser divertidos, as missões são bem executadas, e as histórias costumam agregar à campanha principal, deixando o jogador ainda mais instigado para resolver o mistério do Grande Círculo.
Porradaria franca
Se você esperava que este jogo tivesse combates intensos no estilo de Wolfenstein, pode esquecer. Aqui, o foco está no corpo a corpo e stealth.
O combate é bem construído, exigindo estratégia ao observar os movimentos dos inimigos, defender-se e contra-atacar no momento certo, tudo enquanto gerencia sua barra de stamina. O ambiente também é interativo, permitindo usar objetos como armas improvisadas, o que adiciona variedade ao gameplay.
Ao derrubarmos um oponente, seu corpo fica ao chão para escondermos, já que estamos falando de um jogo que tem como foco as mecânicas de stealth. Você vai se encontrar boa parte da experiência jogando agachado, procurando por locais peculiares para se esconder, bem como usar itens que sirvam de distração para os inimigos, como garrafas arremessáveis. A mecânica de stealth não é nenhum primor técnico, e assim como diversos outros jogos do gênero, apresenta problemas básicos de inteligência artificial sendo pouco inteligente. É possível passar batido por uma gama de inimigos sem maiores problemas, e isso atrapalha na imersão da experiência.
O chicote, símbolo do personagem, é usado em várias situações, como escalar paredes, pular vãos, desarmar inimigos e resolver puzzles. Um destaque especial vai para a sonoplastia do chicote, que é incrivelmente satisfatória. A MachineGames contratou especialistas para capturar os sons com perfeição, e o resultado é notável.
Por último, mas não menos importante, são os puzzles, afinal, o que seria de Indiana Jones sem quebra-cabeças para resolver? E bem, se você é um fã de desvendar soluções, saiba que terá desafios aqui. Apesar de parecerem simples no início, muitos puzzles evoluem para algo complexo, e que podem realmente te deixar quebrando a cabeça por minutos para conseguir uma resolução. Vale lembrar que é possível diminuir a dificuldade dos puzzles caso deseje, mas a favor da imersão, recomendo manter no padrão.
Algo que vale mencionar aqui, para deixar todos bem avisados: Indiana Jones não é um Uncharted ou Tomb Raider em primeira pessoa. Este jogo lembra muito títulos como Dishonored e Thief, principalmente pela pegada immersive sim e stealth que esses jogos proporcionam. Portanto, não crie falsas expectativas, pois provavelmente vai se decepcionar. Se você, assim como eu, não entendia o motivo de Indiana Jones e o Grande Círculo ser em primeira pessoa, agora está bem claro, e posso dizer que funcionou com maestria, sendo um dos grandes destaques do título!
Jogo bonito e formoso
Indiana Jones e o Grande Círculo é um raro caso em que o produto final apresenta um resultado melhor que o trailer. Digo isso pois até poder jogar o título com minhas próprias mãos, havia achado tudo apresentado bem comum para a atual geração, mas me surpreendi. O jogo é um espetáculo visual, contando com gráficos de ponta e um ótimo uso da iluminação, até porque o ray tracing está ativado 100% do tempo, sendo um dos poucos jogos lançados que forçam o uso da tecnologia. Seja explorando o renascentismo do Vaticano, as pirâmides do Egito ou as florestas de Sukhothai, você vai se impressionar a todo instante, não só pelo gráfico, mas também pela imersão que o jogo oferece por ser em primeira pessoa.
Todavia, nem tudo é perfeito. Existem alguns pequenos glitches gráficos presentes na experiência, principalmente no que tange a passagem da luz por objetos mais complexos, como folhagens e rachaduras. Outra questão que acontece em algumas situações são personagens mudando de pose de forma brusca, sem qualquer animação de transição, o que torna alguns momentos bem crus. No geral, são probleminhas que dá pra deixar passar e podem ser corrigidas com patches, mas poderiam ser evitadas com um pouco mais de polimento.
Absolute cinema
Indiana Jones e o Grande Círculo me surpreendeu positivamente. A escolha pela câmera em primeira pessoa, que inicialmente me deixou cético, mostrou-se um grande acerto, trazendo uma experiência única e marcante. A história é cativante, os gráficos são deslumbrantes e a gameplay é divertida. Apesar de alguns problemas técnicos e da simplicidade do stealth, a experiência é sólida que merece ser jogada. Um jogo digno das telonas, sendo um dos destaques de 2024, e que veio para botar o Xbox no caminho certo.
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