Legacy of Kain: Soul Reaver 1 & 2 Remastered, como o próprio nome indica, é uma coletânea remasterizada de dois clássicos do final dos anos 90 e início dos anos 2000, momento em que a moda edgy, dark e gótica teve o seu auge.
Nesta coletânea, vemos não o início ou o fim da jornada de Kain e Raziel, mas apenas um de seus muitos capítulos que se estendem por diversos títulos anteriores e posteriores a estes. Soul Reaver 1 & 2 conta com uma história longa e profunda, recheada de reviravoltas, traições e vinganças. Embarque nessa jornada comigo pelo vasto mundo de Nosgoth!
Não é God of War
Quero dedicar este parágrafo da review para apontar algo que deve enganar muitas pessoas quando veem os jogos da série Legacy of Kain: não, os títulos Soul Reaver 1 & 2 não são jogos de ação! Bizarro né, mas sim, o foco aqui é na narrativa. A sua gameplay embarca entre seções de puzzles e plataformas com algumas lutas pontuais, mas nada de ação desenfreada matando diversos inimigos sem parar como você deve estar pensando. Agora que tiramos esse elefante da sala, vamos prosseguir.
Revival merecido
Desenvolvido originalmente pelos estúdios Crystal Dynamics, ambos os títulos tiveram boas vendas e notas em sua época. Porém, o fator tempo foi cruel com diversos jogos desta era, e Soul Reaver 1 & 2 não são exceções, já que ambos estavam abandonados pela então detentora de seus direitos Square Enix. Entretanto, após a venda dos direitos de diversos títulos da Crystal Dynamics para a Embracer Group, finalmente esses jogos podem ver a luz do dia novamente. Este remaster foi desenvolvido e publicado pelo estúdio Aspyr Media, mas será que o trabalho foi bem feito? É o que veremos a seguir!
Começando pelos elogios: ambos os jogos originalmente rodavam em resoluções baixíssimas e em aspecto 4:3, já que era assim que os consoles e PCs da época executavam os games. No Remaster, ambos os títulos rodam em Full HD ou até superior dependendo da sua configuração. Além disso, as texturas foram rearranjadas para rodar em 16:9, ou seja, o padrão atual das TVs. Algumas texturas foram refeitas e outras tiveram um tratamento de alta resolução. Os modelos 3Ds principais, como o do jogador e de inimigos, foram totalmente remodelados. Para minha agradável surpresa, as cutscenes também foram refeitas, e agora é possível ver claramente todos os detalhes da trama de Raziel enquanto exploramos o mundo.
Como extra desta coletânea, podemos acessar um menu de galeria com artes conceituais, trilha sonora, vídeos de desenvolvimento de ambos os jogos e acessar níveis que foram descartados por falta de tempo ou dinheiro. Inclusive, uma curiosidade que os jogos carregam é que originalmente os dois títulos eram pra ser somente um, mas o escopo aumentou de tal forma que os desenvolvedores foram obrigados a dividir a trama em duas partes, dando mais sentido à coletânea com os dois jogos.
Agora, vamos às críticas: Soul Reaver 1 & 2 Remastered infelizmente possui os mesmos erros que os seus jogos originais, como glitches, bugs e crashes. Pelo visto, a Aspyr Media não teve tempo ou disposição de consertar esses erros que já existiam nas experiências originais. Ao decorrer de minha jogatina, o jogo travou algumas vezes, e tive um crash que fechou o jogo e que me fez perder todo o meu progresso de início. Outro erro recorrente foram texturas desaparecendo e alguns PNGs com fundo preto causado por glitches. Outra situação que me causou incômodo foram algumas texturas que não sofreram alterações, sendo simplesmente imagens intactas em baixa resolução, o que fica bem feio de se ver, afinal, destoa totalmente do restante do jogo.
Outra crítica, dessa vez exclusiva de nossas terras tupiniquins, foi a ausência de localização. O jogo possui 8 idiomas, incluindo o chinês, mas nada da língua portuguesa. Até mesmo a dublagem icônica que recebemos na versão de PC do jogo não foi incluída nesse remaster. Sabendo disso, alguns fãs chegaram a fazer uma campanha para que o título fosse lançado com a devida localização, mas infelizmente foram totalmente ignorados, o que é uma pena, mas nada que os modders não consertem. Ainda assim, é triste ver que oficialmente não existe localização alguma para nós brasileiros.
Gótico até dizer chega!
Como já mencionado anteriormente, a história de Legacy of Kain: Soul Reaver 1 & 2 Remastered começa antes dos dois jogos, com títulos anteriores como Blood Omen 1 e 2. Porém, não é preciso jogá-los para compreender a história, a não ser que você seja muito curioso e deseje desbravar toda a série Legacy of Kain. A história se inicia logo após os eventos de Blood Omen, onde o temido vampiro Kain consegue o seu tão sonhado domínio sobre as terras de Nosgoth, após eliminar todos os guardiões dos pilares do reino e formar um exército de vampiros mutantes.
O jogo inicia com Kain reunindo os seus generais em volta dos pilares de Nosgoth. Com a chegada de Raziel, ele subitamente sofre uma evolução, assim ganhando asas. Kain observa isso com inveja e arranca as asas de Raziel, o jogando dentro de um poço sem fundo para sua morte, mas o destino de Raziel muda subitamente da mesma forma que a sua evolução, e ao invés de sofrer uma morte terrível, ele ressurge diante de uma divindade chamada Elder God, uma criatura que se auto intitula de ‘‘deus da Morte’’. A entidade convence Raziel de que deve ir atrás de Kain e de seus lacaios para vingar a sua morte. Assim, Raziel fica conhecido com ‘‘Soul Reaver’’. Nosso protagonista, agora morto-vivo, tem o dever de explorar todos os reinos dos vivos e dos espíritos em busca de respostas e vingança.
No primeiro jogo vamos enfrentar 4 generais de Kain, são eles: Melchia, Zephon, Rahab e Dumah. A cada vitória coletamos um novo poder para evoluir Raziel e chegar mais forte ao fim da primeira jornada.
Soul Reaver 2 começa exatamente de onde o primeiro termina, lembrando até outros títulos posteriores como God of War 2 e 3. Depois de conversarmos com Moebius um oráculo de Nosgoth, somos apresentados a um novo mundo, agora bem mais claro e vívido, o completo oposto do primeiro onde todos os mapas eram escuros e sombrios. Mas não se acostume, pois logo tudo irá mudar! Voltando a história, Raziel continua com boa parte de seus poderes do jogo anterior, incluindo a sua icônica espada, a ‘‘Soul Reaver’’ (sim o mesmo nome que foi lhe dado). Aqui, Raziel cansa do joguinho de gato e rato com Kain e vai atrás de respostas sobre a sua vida passada e futura. A máquina do tempo é usada como nunca, e ficamos indo e voltando para o passado e futuro para desvendar a nossa verdadeira história.
No segundo capítulo, o jogo dispensa o uso de fases e chefes comumente visto em qualquer outro jogo de ação e foca na sua narrativa. Até iremos explorar um ou outro local, mas apenas para completar puzzles e conseguir novos poderes para a nossa lâmina. Falando nela, a Soul Reaver aqui possui 4 poderes elementais para serem coletados, são eles: o poder da Luz, o poder das Trevas, o poder dos Ventos e o poder do Fogo.
Ao decorrer do jogo vamos conhecer figuras como o Vorador e Janos Audron, ambos vampiros que ajudam Raziel em sua busca por respostas. Não quero estragar todas as surpresas que o jogo reserva, já que mesmo sendo um título de 2001, ele ainda possui muita história para ser descoberta, então vá em frente e veja por si só o que tanto Raziel deseja descobrir e porquê a série Legacy of Kain possui tantos fãs ainda hoje!
Conclusão
Legacy of Kain: Soul Reaver 1 & 2 Remastered possui muitos erros, mas os acertos sobrepõem os pontos negativos. Para os que buscavam desfrutar de um bom jogo de puzzle e plataforma, os títulos originais já eram bem atrativos, e agora, com essa remasterização, são mais do que bem vindos para atrair um novo público e quem sabe chamar a atenção para um novo título, já que a saga Legacy of Kain continua com o seu final em aberto.
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