LEGO Horizon Adventures – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
12 min de Leitura

Quando LEGO Horizon Adventures foi anunciado, confesso que minha reação inicial foi de “Quem pediu por esse jogo?”. Mas, ao mesmo tempo, fiquei animado com a ideia. Minha experiência com a franquia Horizon não foi das melhores – comecei Horizon: Zero Dawn e desisti poucos dias depois, já que nada conseguiu me prender. Com a chegada de uma versão LEGO, surgiu a curiosidade: e se Horizon fosse galhofa? E se todos aqueles personagens sérios fossem desconstruídos e transformados em algo divertido? É exatamente essa a proposta de LEGO Horizon Adventures: ser leve, engraçado e acessível para todos os públicos. Mas será que ele entrega tudo isso? Confira nesta análise!

Adaptação divertida

A história de LEGO Horizon Adventures segue a base de Horizon: Zero Dawn. Aloy é encontrada por Teersa, que a deixa sob os cuidados de Rost. À medida que cresce, perguntas invadem a mente da jovem: de onde ela veio? Quem é sua mãe? O que aconteceu com a humanidade? Essas questões a levam buscar respostas ao completar 18 anos. Chegando no Coração da Mãe, ela encontra o local sob ataque, e assim descobre que um culto pode novamente destruir o planeta. Assim, Aloy começa sua jornada, buscando respostas para suas perguntas, bem como salvar o mundo de um perigo iminente.

Embora não tenha terminado o jogo original, tenho conhecimento o suficiente para realizar comparações. Claro, há mudanças no roteiro, já que estamos falando de um jogo que originalmente leva mais de 30 horas para finalizar, contra um título LEGO de cerca de 8 horas. Ainda assim, a adaptação cumpre bem seu papel, sendo descontraída e cheia de humor – uma marca registrada dos jogos LEGO.

Enquanto no título original a Aloy era uma personagem mais séria – afinal, o dever de salvar o mundo estava em suas mãos –, aqui ela é bem mais divertida, e constantemente faz piadinhas, que diga-se de passagem, foram muito bem adaptadas para o nosso português. O mesmo vale para todos os outros personagens da trama, como Rost, e nossos companheiros Varl, Teersa e Erend.

Talvez, para os fãs mais hardcore da franquia, a abordagem de LEGO Horizon Adventures possa não oferecer nada de inovador. Mas quando lembramos que o público deste título são novos jogadores e crianças, é totalmente compreensível o tom humorístico que a história toma. Não posso negar que sorri por diversos momentos durante a minha gameplay, e, no final, é isso que me importa num título LEGO: diversão.

Aloy e Varl / Reprodução: Divulgação

Coração da Mãe

Logo após o prólogo, somos apresentados ao Coração da Mãe, local onde vive Teersa e sua tribo, e que vai funcionar como um hub daqui pra frente. Este espaço permite construir e customizar diversas estruturas, utilizando blocos de ouro obtidos nas missões ou realizando tarefas para os NPCs.

As construções do nosso hub resultam em algumas opções. No alfaiate, por exemplo, podemos customizar Aloy com diversas roupinhas diferentes, incluindo até mesmo alternativas de outras franquias, como LEGO City e LEGO Ninjago. Outra construção importante é a Árvore Mãe-de-Todos, onde realizamos melhorias que são aplicadas a todos os personagens, como ganhar mais XP, causar mais dano, melhorar a interação com elementos, entre outros upgrades.

Ao meu ver, a existência do Coração da Mãe é bem desnecessária. Ele poderia sim aparecer no decorrer da história, mas no final, não passa de um local bem entediante e redundante. Tudo o que é feito através do espaço, poderia muito bem ser realizado no próprio menu do game, durante a gameplay. A impressão é que ele foi criado apenas para prolongar o tempo necessário para platinar o jogo e buscar o 100%, não adicionando nada de relevante à experiência.

O jogo é dividido em quatro capítulos, cada um com múltiplas fases. Cada capítulo se passa num cenário em específico, que vai tendo seu layout alterado no decorrer de cada fase, apresentando regiões como o comum mundo pós-apocalíptico de Horizon, áreas com neve, selva e também desertos. O objetivo principal é sempre coletar um bloco dourado no final de cada fase, usado para customizar o Coração da Mãe.

Coração da Mãe é um hub desinteressante / Reprodução: Divulgação

O combate

Assim como em outros jogos LEGO, a gameplay envolve derrotar inimigos e destruir o cenário para coletar pinos. O combate é focado em longa distância, com Aloy usando seu arco para enfrentar máquinas e cultistas. O Foco, mecânica que destaca pontos fracos dos inimigos, também está presente e é usado com frequência pelo jogador.

Desbloqueamos novos heróis ao longo da jornada, como Varl, Teersa e Erend, cada um com habilidades únicas. No entanto, na prática, a jogabilidade pouco muda, já que o combate continua focado em ataques de longa distância. Erend é o único dos personagens que possui um ataque poderoso e realmente a curta distância, mas acaba sendo prejudicado pelo seu pesado martelo, que torna suas ações lentas e dá margem para o inimigo te atacar. Faltou se desprender um pouco mais desse foco na longa distância e dar mais atenção a curta distância e corpo a corpo.

Apesar do combate ser simples no geral, há algumas variações interessantes que ocorrem nas batalhas. Quando enfrentamos máquinas, por exemplo, presenciamos uma luta mais metódica e estratégica, focando nos pontos fracos e em desviar de seus ataques, exigindo mais precisão. Já nas lutas contra os cultistas, a situação muda, afinal eles atacam em bando e costumam ser muito rápidos, fazendo o jogador adotar uma estratégia de maior velocidade e tiros curtos. Quando juntamos ambas as situações, as batalhas se tornam desafiadoras, apesar de não serem muito complexas.

E falando em complexo, LEGO Horizon Adventures também tem seus momentos de “o filho chora e a mãe não vê”, que são as boss battles. As lutas são caóticas e dignas de um Souls-like (mas sem a parte da esquiva), e exigem muita agilidade e precisão do jogador para não ser atingido pelos cultistas, robôs e pelo próprio boss. É nesse momento que o caldo engrossa e você vai morrer muitas vezes, tornando aquela experiência amigável num completo inferno em questão de segundos. Apesar de destoar um pouco do jogo como um todo, gostei dessa mudança de ritmo, e tenho pena das crianças que terão essa experiência.

Uma das boss battles do game / Reprodução: Divulgação

A quase inexistente exploração

Quem já jogou outras adaptações de LEGO sabe que os jogos não são uma linha reta. Sempre há aquele caminho extra que podemos tomar para encontrar algum segredo, e puzzles para resolver que são um pouco mais complexos, muitas vezes dependendo até mesmo de alternar para outro personagem. Infelizmente, nada disso está presente em LEGO Horizon Adventures

A variedade de exploração e puzzles é bem precária. Basicamente, os baús e construções que encontramos estão bem na nossa cara, e dificilmente vamos perdê-los de vista. Os caminhos são simples, e costumam ser uma parede escondendo algo, um local mais isolado ou uma área para escalar, locais que você chega em poucos segundos, coleta o que há e parte pra próxima. Isso torna o game muito simples, fazendo com que a experiência, no final, seja nada mais que um grande corredor.T

Vale lembrar que diferente de outros LEGOs, produzidos pela lendária TT Games, este foi feito pelo Studio Gobo, que sempre atuou como suporte em outras produções. LEGO Horizon Adventures foi seu título de estreia, e essa inexperiência no desenvolvimento de um jogo principal pode ser o motivo da exploração do game ser tão limitada. Faltou se inspirar um pouco mais nos títulos produzidos pela TT Games, que sempre foram aclamados pelos jogadores. Apesar disso, o Studio Gobo deixou sua marca, e tem potencial para desenvolver mais projetos semelhantes no futuro.

Fases de LEGO Horizon Adventures costumam ser uma linha reta / Reprodução: Divulgação

Mundo muito bonito

Já não é nenhuma novidade que as adaptações de LEGO estão muito bonitas. Os que acompanharam LEGO Star Wars: The Skywalker Saga sabem do patamar que a franquia atingiu, e com LEGO Horizon Adventures não é diferente. O jogo é inteiramente feito com pecinhas de LEGO. Chãos, montanhas, cachoeiras, pontes, árvores, absolutamente tudo são belos bloquinhos de montar, o que causa uma imersão incrível. Tudo isso se junta com um gráfico muito belo, contando com um ótimo uso de luz e sombra atrelado às belas paisagens que o mundo de Horizon tem a oferecer.

Outro destaque muito positivo neste título é a localização para o português do Brasil. Os dubladores do jogo original estão de volta, mas é claro, contando mais piadinhas do que nunca. Frases como “você sabe como é difícil contar sem dedos”, “fogo na traseira” e “a gente vai atrás e maceta ele” me fizeram esboçar um sorriso, e fico feliz de ver uma dublagem tão boa, mesmo num jogo que, na teoria, não recebeu tanto investimento.

Gráfico impressionante / Reprodução: Divulgação

Saldo positivo

LEGO Horizon Adventures é uma experiência divertida que, embora não reinvente a roda, mantém o charme característico dos jogos LEGO. Apesar de algumas limitações, como a linearidade excessiva e a falta de diversidade no combate, o jogo cumpre seu papel de entreter. Seja você um fã da franquia Horizon, um jogador casual ou uma criança, o título tem algo a oferecer. Infelizmente, o preço está bem salgado para um jogo desse calibre, portanto, não tenha medo de esperar uma promoção para ter essa experiência, afinal, o jogo não vai sair correndo!

LEGO Horizon Adventures
7.5
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