Desenvolvido pela Tribute Games e distribuído pela Dotemu, MARVEL Cosmic Invasion é um beat ‘em up 2D frenético, recheado de elementos nostálgicos dos clássicos noventistas do gênero. Ao falarmos em beat ‘em ups clássicos, é impossível não lembrar dos icônicos heróis da Marvel, e em Cosmic Invasion, reuniram um esquadrão de peso para descer a porrada com estilo. Prepare-se para salvar o universo do terrível Aniquilador!
Onda de Aniquilação
A história do jogo é baseada em um arco da Marvel de 2006, mas adaptada aos moldes dos beat em’ ups noventistas. O temível Aniquilador lança uma onda de parasitas que atravessam a galáxia em busca de novos hospedeiros e acabam dominando alguns de nossos heróis. É nessa premissa que nossos super-heróis se unem para enfrentar a ameaça.
O roteiro de MARVEL Cosmic Invasion é bem direto ao ponto e pouco memorável, mas cumpre bem seu propósito. Acredito que ninguém espera uma narrativa profunda e coesa em um beat ‘em up, já que todos queremos descer a porrada e combar o máximo possível em cima dos inimigos; portanto, a história acaba tornando-se um pano de fundo para a diversão.

Porradaria simples e franca
MARVEL Cosmic Invasion moderniza apenas o necessário de seu combate, muito para manter as raízes do gênero, buscando replicar a formula clássica dos beat ‘em ups. O título possuí um combate simplório, mas bem acessível para iniciantes no gênero, onde podemos montar uma equipe de até quatro jogadores online ou offline.
O elenco de MARVEL Cosmic Invasion reúne 15 personagens jogáveis, combinando rostos clássicos do universo Marvel com figuras menos conhecidas, sobretudo entre os vilões. Cada personagem conta com um conjunto de golpes simples, porém bem definidos, pensados para aproveitar ao máximo a principal mecânica do jogo: o sistema de troca de personagens.
Antes de iniciar cada fase, o jogador escolhe dois heróis e, durante a ação, pode alternar entre eles a qualquer momento, criando um repertório amplo de movimentos e combos. Cada herói também possui uma habilidade passiva exclusiva, embora algumas ofereçam benefícios claros para a equipe enquanto outras tenham impacto limitado.
Os personagens se dividem em três categorias: voadores, porradeiros e especialistas em ataques à distância. Essa estrutura permite montar duplas equilibradas, combinando, por exemplo, um porradeiro com um personagem aéreo, ou um combatente de longo alcance com um voador, ajustando o estilo de jogo conforme a preferência do jogador.
Apesar dessa variedade, o gameplay tende a ser mais simples do que aparenta. Em muitas situações, avançar apertando botões sem muita estratégia funciona bem, já que o jogo apresenta um nível de dificuldade baixíssimo. Tanto inimigos comuns quanto chefes raramente oferecem resistência significativa – chefes estes, por sinal, que acabam sendo um dos pontos mais fracos do jogo, pois carecem de desafio e não entregam confrontos realmente marcantes, além de empregarem uma hit box problemática, que acaba tornando a luta frustrante.

Estética noventista
Além do modo campanha, MARVEL Cosmic Invasion possuí um modo Arcade que, à primeira vista, parece bastante promissor. No entanto, ele acaba sendo apenas um repeteco da campanha principal, permitindo apenas habilitar modificadores para a gameplay que podem facilitar – ou dificultar – o progresso. Confesso que esperava algo realmente novo e diferente da experiência oferecida no modo campanha.
Assim como ocorre nos principais beat ‘em ups, MARVEL Cosmic Invasion também oferece uma gama de colecionáveis. Ao cumprir determinados objetivos das missões, o jogador recebe cubos cósmicos, que podem ser usados para liberar diversas recompensas, incluindo modificadores para o modo Arcade, novas faixas musicais, paletas de cores (skins) e arquivos da Tropa Nova com descrições de heróis, vilões e cenários. É um conteúdo complementar que agrega valor ao jogo e incentiva quem gosta de completar tudo a revisitar as fases em busca desses desafios extras.
O visual de MARVEL Cosmic Invasion dispensa comentários, entregando uma pixel art muito bem feita e que impressiona em certos momentos da campanha – principalmente nos backgrounds dos cenários. A trilha sonora, embora não seja ruim, é esquecível, ficando bem abaixo de outros jogos do gênero que entregam músicas marcantes.
MARVEL Cosmic Invasion conta com uma dublagem de excelente qualidade e uma localização em PT-BR muito bem executada. Algumas vozes são imediatamente reconhecíveis pela comunidade gamer. Steve Blum, por exemplo – conhecido por interpretar o Venom em Marvel Rivals – retorna aqui dublando tanto Bill Raio Beta quanto o próprio Venom. Já Josh Keaton empresta sua voz ao Homem-Aranha, repetindo o papel que também desempenha em Marvel Rivals. O resultado é um trabalho de voz consistente, que reforça a identidade dos personagens e adiciona personalidade ao jogo.

Conclusão
MARVEL Cosmic Invasion honra suas raízes noventistas ao entregar um beat ‘em up direto, acessível e visualmente caprichado, sem abrir mão de modernizações pontuais que tornam a experiência mais fluida. No entanto, embora o combate seja divertido e o elenco de heróis ofereça variedade o suficiente para manter o ritmo, a baixa dificuldade, os chefes pouco inspirados e a repetição do modo Arcade limitam o alcance do jogo. Ainda assim, o sistema de troca de personagens e a excelente dublagem garantem momentos sólidos para quem aprecia o gênero.
No fim, trata-se de um título competente que sabe exatamente o que pretende ser: uma celebração dos clássicos beat ‘em ups da Marvel, guiada por ação constante, carisma dos personagens e uma estética retrô muito bem executada. Não revoluciona o gênero, mas entrega diversão descomplicada para fãs de pancadaria old school e para quem quer revisitar, com estilo, o espírito dos arcades.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Masamune e Dotemu.



