Desenvolvido e publicado pela KOEI TECMO, Ninja Gaiden 2 Black é uma remasterização baseada em Ninja Gaiden Sigma 2. O título foi anunciado durante o Xbox Developer Direct 2025 e lançado como shadowdrop, chegando diretamente ao Xbox Game Pass. Aqui, revivemos as aventuras do ninja Ryu Hayabusa com gráficos atualizados pela Unreal Engine 5, mas também enfrentamos alguns probleminhas presentes na versão original.
História esquecível
Ninja Gaiden 2 Black apresenta uma trama relativamente simples. O clã Black Spider Ninja, arquirrival dos Dragon Ninja, busca ressuscitar o Archfiend através de um artefato chamado Demon Statue, roubado do vilarejo Hayabusa durante uma invasão. Enquanto isso, a agente da CIA, Sonia, é raptada ao tentar avisar Ryu Hayabusa sobre os planos do clã rival. O ninja imediatamente parte em seu resgate e, a partir daí, a história se desenrola com combates contra ninjas rivais, demônios e chefões.
No geral, a narrativa é completamente esquecível. A história carece de coerência, e o jogo não se esforça para criar uma conexão entre o jogador e os personagens. Não há qualquer impacto emocional ao eliminar ninjas e demônios – fazemos isso simplesmente porque o jogo pede e porque é divertido. As notas encontradas nos cenários não ajudam, muitas vezes fazendo ainda menos sentido em relação à história. No fim das contas, o único elemento realmente memorável são as belas mulheres que rodeiam Hayabusa.
Vale lembrar que Ninja Gaiden 2 Black não conta com localização em português. Embora tenha recebido novos idiomas em relação à versão Sigma, o Brasil ficou de fora, o que é uma pena, já que a inclusão das legendas ajudaria novos jogadores brasileiros a conhecerem a franquia. Felizmente, Ninja Gaiden 4 já está confirmado com suporte ao nosso idioma.
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Gameplay brutal, mas com um porém
Se você, assim como eu, sente falta de um bom hack and slash e está cansado do mercado saturado de soulslike, seja bem-vindo a Ninja Gaiden. A jogabilidade é direta: andamos, pulamos, bloqueamos ataques e dilaceramos inimigos com golpes fracos e fortes. E quando digo “dilaceramos”, é no sentido literal da palavra! Ryu Hayabusa corta inimigos ao meio com seu vasto arsenal de armas. O gore e o sangue jorrando são características tradicionais da franquia e estão ainda mais intensos nesta remasterização.
O jogo oferece uma grande variedade de armas, incluindo espadas, foices, garras, cajados e tonfas. Algumas se destacam mais do que outras, mas há opções para todos os estilos de jogo. Também podemos usar armas à distância, como arcos, úteis para enfrentar inimigos que atacam de longe. Além disso, Hayabusa conta com o Art of Ninpo, um tipo de poder que ajuda muito no combate e pode ser aprimorado ao longo da campanha através do Murasama Shop.
O combate é altamente adaptável ao estilo do jogador. Você pode, como eu, partir para cima dos inimigos em uma sequência insana de combos, ou adotar uma abordagem mais cautelosa, bloqueando e contra-atacando no momento certo. A variedade de adversários contribui para uma experiência dinâmica, exigindo diferentes estratégias de luta. A quantidade de chefes também impressiona, embora eu os tenha achado relativamente fáceis de derrotar.
No entanto, a diversão do combate é comprometida por um problema clássico da franquia: a câmera. Como a remasterização não alterou elementos fundamentais do jogo, a mecânica continua intacta, e isso inclui a polêmica câmera maluca. Durante as batalhas, é comum vê-la se perder completamente, ocultando inimigos e dificultando a visão do combate. Aumentar a sensibilidade da câmera pode amenizar o problema, mas está longe de ser uma solução definitiva.
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A polêmica Unreal Engine 5
Ninja Gaiden 2 Black se enquadra como uma remasterização e utiliza a Unreal Engine 5, um motor gráfico que tem gerado discussões recentes devido a problemas de otimização. Visualmente, o jogo impressiona – especialmente ao considerarmos que não é um remake. As novas texturas, iluminação aprimorada, vegetação mais detalhada e efeitos visuais renovados elevam a experiência gráfica.
Em termos de desempenho, o jogo roda de forma aceitável, mas poderia ser melhor. Apesar de não apresentar mecânicas complexas além dos gráficos atualizados, a otimização deixa a desejar. Tecnologias como FSR e TSR introduzem um pequeno input lag, que, embora não comprometa a jogabilidade, é perceptível. Em contrapartida, a geração de quadros é desastrosa, causando um atraso nos comandos que prejudica consideravelmente a experiência.
Se os gráficos receberam atenção, o mesmo não pode ser dito do áudio. A parte sonora do jogo permanece inalterada, e em diversos momentos encontramos efeitos sonoros de baixa qualidade, extraídos diretamente do título original. Embora remasterizar áudio seja uma tarefa mais complexa, um cuidado maior nesse aspecto teria sido bem-vindo. A trilha sonora também não se destaca, com músicas pouco memoráveis que apenas cumprem tabela durante os momentos de ação.
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Divertido, mas com margem para melhorias
Ninja Gaiden 2 Black é uma faca de dois gumes. As melhorias gráficas são bem-vindas, e a jogabilidade continua extremamente divertida, mesmo com algumas limitações naturais de um jogo lançado há quase 17 anos. No entanto, mais uma vez, Ninja Gaiden 2 falha em ter uma versão definitiva. Esta remasterização não corrige os problemas do jogo original e ainda remove alguns conteúdos. Ainda assim, Ninja Gaiden 2 Black proporciona uma experiência envolvente e continua sendo uma ótima porta de entrada para a franquia – assim como foi para mim durante minha jogatina.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela KOEI TECMO.