Após um hiato de 11 anos, a série Ninja Gaiden está de volta! A clássica franquia retorna às suas origens com NINJA GAIDEN: Ragebound, um side scroller 2D desenvolvido pela The Game Kitchen (de Blasphemous) e publicado pela Dotemu. Nesta análise, vamos descobrir por que este belíssimo e saboroso título é um prato cheio para os saudosistas, sendo o puro suco dos anos 90.
De volta às origens
Em NINJA GAIDEN: Ragebound, conhecemos Kenji Mozu, um jovem e promissor shinobi da vila Hayabusa, aprendiz do lendário Ryu Hayabusa. A tranquilidade do vilarejo é interrompida quando hordas de demônios começam a invadir o mundo dos humanos, trazendo caos e destruição. Em meio ao ataque, Ryu recebe uma mensagem póstuma de seu pai, revelando sua morte e confiando ao filho uma missão vital: viajar até os Estados Unidos em busca da lendária Espada do Dragão. A partir daqui, fica nítido que Ragebound se trata de um evento canônico na série Ninja Gaiden.
Dessa forma, Kenji assume a responsabilidade de enfrentar a misteriosa invasão demoníaca. Porém, em meio à sua jornada, ele acaba recebendo ajuda de uma aliada inesperada: Kumori, uma habilidosa guerreira pertencente ao Clã da Aranha Negra – um grupo inimigo de longa data da franquia. Apesar de suas diferenças e da desconfiança inicial, a parceria entre os dois se revela essencial para avançar e enfrentar os perigos que surgem na jornada.

Um shinobi nunca deve abaixar sua guarda
NINJA GAIDEN: Ragebound oferece um combate frenético, rápido, intenso e cheio de estilo. Armado com sua katana, o jogador pode realizar cortes para eliminar inimigos e aparar projéteis com precisão. Os personagens são ágeis, com esquivas e dashs responsivos e com o “Impulso Guilhotina” – um golpe aéreo que não apenas causa dano, mas também projeta o personagem para cima, permitindo o acesso a áreas alta e inacessíveis.
Uma das mecânicas mais marcantes do título é a “Hipercarga”, um ataque especial capaz de aniquilar qualquer inimigo pelo caminho. Essa habilidade pode ser ativada de duas formas: ao derrotar inimigos com aura ou ao sacrificar parte da própria vitalidade, oferecendo ao jogador uma escolha estratégica entre risco e poder.
Conforme avançamos na campanha, fica claro que o ritmo do jogo valoriza a velocidade e a precisão. A maioria dos inimigos podem ser eliminados com um único golpe – mas isso está longe de tornar o desafio trivial. Muitos combates colocam o jogador em situações de cerco, com inimigos surgindo de todos os lados e posicionados de forma à forçar constante adaptação. O resultado é um sistema de combate fluido e extremamente satisfatório.
Mas NINJA GAIDEN: Ragebound vai além do combate, oferecendo diversas seções de plataforma bem construídas, que equilibram desafio e diversão. Muitas dessas áreas servem como caminhos alternativos para acessar locais secretos ou encontrar os escaravelhos dourados – itens colecionáveis que funcionam como moeda de troca para desbloquear novas habilidades para os personagens.
A jogabilidade também se expande com a introdução de Kumori, a segunda personagem jogável. Quando os protagonistas se unem, Kumori acrescenta variedade com seus ataques de kunai à distância, ampliando o leque de possibilidades tanto no combate quanto na exploração.
Em momentos pontuais, o jogador precisa atravessar plataformas dentro de um limite de tempo, seja para avançar com Kenji ou descobrir colecionáveis bem escondidos. As sequências envolvendo a Kumori tem um tom mais voltado para quebra-cabeças e desafios cronometrados, mas aparecem com pouca frequência.

Encontre sua paz interior
NINJA GAIDEN: Ragebound mergulha o jogador em uma variedade de cenários que transbordam referências aos clássicos dos anos 90. De templos ninjas a bases militares, o jogo não larga a mão da ação, onde há confrontos contra porta-aviões gigantes, perseguições de jet ski e sequências insanas de motocicleta – elementos que remetem diretamente ao auge do cinema e dos games de ação daquela década.
Quando foi revelado que a The Game Kitchen estava por trás do desenvolvimento do título, a minha expectativa por uma pixel art de alto nível já era natural – e o estúdio não decepcionou. Conhecida pela franquia Blasphemous, a desenvolvedora manteve seu padrão de excelência visual, entregando cenários e personagens com uma pixel art detalhada, expressiva e carregada de identidade. É aquela pixel art crocante que já virou marca registrada da equipe.
A trilha sonora, embalada por riffs intensos de guitarra, acompanha perfeitamente o ritmo frenético das fases. A musicalidade resgata a alma dos jogos da era 8-bits, trazendo uma sensação nostálgica especialmente nas batalhas contra chefes e momentos mais intensos da jornada.
E por falar em chefes, é nesse ponto que Ragebound brilha de verdade. Cada confronto é carregado de adrenalina, com inimigos que variam seus padrões de ataque e evoluem durante a luta. As batalhas são dinâmicas, desafiadoras e visualmente impactantes. Apesar do histórico da desenvolvedora com jogos exigentes, aqui o equilíbrio surpreende: os protagonistas contam com um arsenal diversificado de movimentos e habilidades, tornando as lutas difíceis, mas sempre justas e, acima de tudo, divertidas.
Para aqueles que buscam mais estímulos, o título oferece um robusto sistema de desafios. Após a campanha ser finalizada, o modo difícil é liberado, além de fases secretas recheadas de inimigos e obstáculos complexos de plataforma. Ragebound também conta com um sistema de ranqueamento por performance, com notas que vão de “D” a “S” ao final de cada fase. Esses rankings são baseados em critérios como tempo de conclusão, dano recebido, combos realizados, itens coletados e até desafios específicos, como derrotar um chefe em menos de um minuto. Com esse foco em precisão e eficiência, o jogo tem tudo para se destacar no cenário de speedruns.

Uma aula de como reviver um clássico com qualidade e estilo
NINJA GAIDEN: Ragebound abraça sua essência e nos entrega uma experiência de qualidade acima do esperado, com pixel art extremamente bem feita e trilha sonora pesada e nostálgica. Ojogo resgata toda a essência da série NINJA GAIDEN para uma nova geração.
Toda a dinâmica entre os dois personagens principais, aliada à sinergia de suas habilidades, torna o combate fluido e preciso, além de suas movimentações bem aplicadas elevarem a gameplay a um verdadeiro suprassumo. Apesar disso, os inimigos podem se repetir com uma certa frequência, além de sua narrativa ser bem feijão com arroz – embora nada disso atrapalhe a qualidade do jogo, afinal, estamos aqui para cortar demônios com velocidade e estilo. NINJA GAIDEN: Ragebound é simples em sua proposta e veio para nos lembrar que, no fim das contas, videogame é diversão.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Dotemu.