Nobody Nowhere é um jogo side-scrolling na pegada de visual novel desenvolvido no RPG Maker por um único desenvolvedor chinês, conhecido como Tag:hadal, e publicado pela novata Gamker Studio. Ambientado em um futuro não tão distante, onde seres replicantes já são uma realidade no campo científico, o título carrega um forte peso emocional em sua curta trama, sendo uma grande surpresa considerando seu investimento. Curioso para saber mais sobre essa jornada repleta de dramas? Então vem comigo para mais uma análise!
O que é a vida?
Logo ao iniciar um novo jogo, me deparei com uma pequena cena inicial em estilo anime, com cerca de um minuto de duração. Desde o primeiro instante, fica claro que a jornada será repleta de dramas e mistérios, com simbologias sendo exibidas de imediato, como pombos voando para longe de uma gaiola. Considerando o baixo orçamento do projeto, fiquei surpreso com esse começo, que foi bem construído para prender a atenção do jogador.
A história se passa em Wave City, no ano de 2077, one conhecemos o Instituo HSRC – Human Science Research Corp. Uma leva de replicantes é liberada da chamada Sala de Destruição, mas a maioria não sobrevive. No entanto, um sujeito de codinome C-601 – posteriormente nomeado de Julian Francis – se destaca, sendo um raro caso de replicante que desenvolveu autoconsciência e se manteve vivo.
Dois anos depois, a CALEB Series, uma linha de replicantes que ultrapassam os limites da tecnologia, tem seu lançamento anunciado, sendo capaz de executar a consciência humana e, teoricamente, dar continuidade a uma vida. Com isso, a trama se intensifica: Julian está prestes a ser apagado por um cirurgião de histórico duvidoso chamado Gaia Bryan, enquanto algumas pessoas tentam salvá-lo. Qual o histórico deste médico? Quais motivos o levam a falhar nas cirurgias? É assim que começam os dilemas do game.

Como mencionei anteriormente, Nobody Nowhere carrega um forte peso emocional. A vida de um replicante não é fácil, e os personagens trazem backgrounds profundos e emotivos. O jogo aborda temas filosóficos como a liberdade dos replicantes em relação aos humanos, o valor da vida, a autoconsciência e até a escolha entre viver ou se sacrificar por um bem maior. Tudo isso é muito bem explorado durante suas três horas de campanha.
No entanto, o curto tempo de jogo faz com que alguns personagens sejam subdesenvolvidos. Quando eu menos esperava, os créditos começaram a subir na tela. Embora o final seja coerente e bem amarrado, senti que faltou um pouco mais de tempo para explorar certos aspectos.

Ande e interaja
Embora Nobody Nowhere seja classificado como um side-scrolling, sua essência é a de uma visual novel. O jogador pode caminhar por ambientes lineares, interagir com objetos e conversar com personagens para absorver informações. Quando não estamos no controle, estamos lendo muitos textos que desenvolvem a trama. Existem pouquíssimas oportunidades de sair do script e tomar decisões diferentes – quando acontecem, geralmente rendem achievements.
Mas não pense que o jogo se resume a andar e conversar. Em alguns momentos, há minigames que exigem um pouco mais de habilidade, quebrando as sequências de diálogo. Um dos principais é um labirinto, onde devemos alcançar pontos específicos sem esbarrar nos vírus ou em paredes que causam dano. Também há momentos de bullet hell, que representam o maior desafio do jogo – embora sejam absurdamente fáceis.
A inclusão desses minigames faz sentido dentro do contexto da trama, mas, na prática, senti que eles atrapalham o ritmo da narrativa. O conceito não é ruim, mas talvez fosse mais interessante inserir puzzles dentro das seções de side-scrolling, como procurar itens, empurrar objetos ou decifrar senhas. Isso manteria a jogabilidade dentro de um mesmo padrão do início ao fim, sem comprometer o tom de visual novel que o jogo adota tão bem.

Arte lindinha
Não sou um grande conhecedor de jogos feitos no RPG Maker, mas acredito que Nobody Nowhere seja um dos mais bonitos já produzidos na engine. Diferente de outros títulos semelhantes, ele não utiliza personagens com sprites pequenos, optando por um design mais humanizado. Os cenários também são belíssimos, com ótima construção e uso de cores, além de uma iluminação que torna cada cena especial.
A trilha sonora – disponível separadamente na Steam – também se destaca. Com 24 faixas, ela se encaixa muito bem nos momentos do jogo. Preciso destacar duas faixas em especial: “To nothing” (tema de abertura) e “Judgement in night” (tema dos créditos). Ambas potencializaram o impacto emocional da história e podem até emocionar os jogadores mais sensíveis.

Uma experiência surpreendente
Nobody Nowhere entrega uma trama envolvente, repleta de dilemas filosóficos que instigam o jogador a refletir. Gostaria que houvesse pelo menos mais uma horinha de jogo para desenvolver melhor alguns personagens, mas, ao mesmo tempo, é refrescante jogar uma visual novel impactante e que não leva dezenas de horas para ser concluída. Definitivamente, Nobody Nowhere é uma joia escondida do início de 2025.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Gamker Studio.