O Escudeiro Valente (The Plucky Squire) – Análise

Alan (@Alanzice)
9 min de Leitura

O Escudeiro Valente (The Plucky Squire, como é conhecido fora do Brasil) é um jogo de ação e aventura com uma proposta visual única, que mescla elementos 2D e 3D de maneira criativa e fluida. Desenvolvido pela All Possible Futures e publicado pela aclamada e queridinha de todos Devolver Digital, o título é um dos lançamentos indies mais aguardados de 2024. Ah, e tem a parte mais importante e chamativa, na minha opinião: o jogo está totalmente localizado em português brasileiro! Sim, o game não só está traduzido para o PT-BR, como também está totalmente dublado (e a dublagem é boa, hein?).

A proposta principal do jogo gira em torno do protagonista Pontinho (conhecido como Jot no original), um corajoso escudeiro que vive dentro de um livro de histórias infantis. Inicialmente, o jogador controla Pontinho em um mundo bidimensional, navegando pelas páginas do livro e interagindo com seus personagens e ambientes. Porém, ao longo da narrativa, o jogo revela uma mecânica inovadora: a habilidade dele de “saltar” para fora do livro, agora sendo capaz de explorar o mundo tridimensional ao redor. Essa transição não apenas introduz uma nova perspectiva, mas também altera radicalmente a jogabilidade, levando o jogador a uma aventura que constantemente desafia a percepção de espaço e narrativa.

Um deleite visual

Os gráficos de O Escudeiro Valente é um de seus pontos fortes,  principalmente por conta da dualidade entre os mundos 2D e 3D. No mundo bidimensional, o jogador navega por cenários que parecem saídos diretamente de um livro de contos infantis. As ilustrações são super fofas e muito lindas, com traços grossos, cores vibrantes e cheio de personalidade. Minimalismo é a chave e realmente parece um livro infantil moderno que ganhou vida.

As vezes é difícil de acreditar que se trata de um jogo e não uma animação.

Uma vez que Pontinho atravessa para o mundo tridimensional, o contraste visual é gritante. O mundo fora das páginas é mais realista, com cores um pouco mais mortas, se assemelhando ao nosso mundo real. Aqueles que jogaram o remake de Link’s Awakening vão se sentir bem familiares com o visual 3D. Os personagens agora parecem pequenos brinquedos espalhados pela mesa, ainda mantendo toda a fofura e charme.

Fofo é pouco. No mundo 3D tudo parece um brinquedo de verdade.

E é com essa combinação de dois estilos gráficos distintos que o jogo trabalha. Uma das características mais do jogo é a fluidez com que ele transita entre o 2D e o 3D. Ela acontece de forma orgânica, sem interrupções abruptas, o que ajuda a manter a imersão na experiência. Quando Pontinho sai do livro e entra no mundo tridimensional, não é só a perspectiva que muda, mas o gameplay também. E no final das contas, essa transição casa um dos temas centrais do jogo: a capacidade de Pontinho de transcender limites e explorar novas realidades.

Jogatina simples mas divertida

Eu diria que as inspirações de Zelda em O Escudeiro Valente são bem óbvias. No mundo 2D, o jogo se comporta de forma semelhante as versões clássicas do jogo da Nintendo. Uma visão top-down onde o jogador atravessa as páginas do livro, enfrentando inimigos, coletando itens e resolvendo quebra-cabeças simples. Porém não pense que para por aí, o jogo também gosta de sacudir as coisas constantemente, com diversos mini-games e mudanças de jogatina. Por exemplo, em um momento o jogo vira um verdadeiro Punch-Out, onde você tem que socar os inimigos, em outro, uma batalha rítmica. Até mesmo tem seções de Shoot ‘em up que lembram Cuphead por conta dos gráficos desenhados.

Ao sair das páginas e entrar no mundo tridimensional, o jogador experimenta uma mudança completa na dinâmica de jogo. No ambiente 3D, Pontinho pode explorar cenários mais amplos, interagir com objetos físicos e utilizar novas mecânicas de plataforma. A perspectiva em terceira pessoa permite uma liberdade de movimento muito maior, oferecendo uma sensação de descoberta e exploração. Uma parte que achei super interessante é o constante uso de mecânicas 2D nas partes 3D. Novamente falando de Zelda, quem jogo A Link Between Worlds vai se sentir em casa com as mecânicas em que você entra nas partes para resolver quebra-cabeças e vencer desafios, análoga a mecânica em que Link vira uma pintura na parede do jogo de Nintendo 3DS. E não só isso como o combate tridimensional também lembra a clássica franquia da Nintendo.

E é assim que o jogo funciona. Constantemente você está trocando entre o mundo 2D e 3D e é isso que torna a aventura tão única e memorável.

História e personagens fofos

A história de O Escudeiro Valente é bem simples, mas ainda assim charmosa. Pontinho é um escudeiro valente (quem diria) que vive em um conto de fadas, encarregado de proteger seu reino e derrotar as forças do mal. A narrativa segue a boa e velha jornada do herói mas a graça mesmo está na forma em que ela se desenrola por conta da mecânica de “saltar” entre os mundos

E como falei anteriormente, graças a localização e dublagem em português, a história se destaca ainda mais. Existem diversos momentos em que o jogo é narrado com uma dublagem de excelente qualidade. E não só isso. Eu sempre gosto de usar o termo localização porque não é apenas uma tradução e sim uma adaptação do conteúdo para nosso idioma. Não só o nome do jogo foi traduzido (acredito que muitos nunca nem tenham ouvido falar em um “Plucky Squire”) como até mesmo o nome do protagonista, que passou de Jot para Pontinho, o que não é uma tradução direta mas eu diria uma bem adequada. E ao longo do jogo você vê várias piadinhas e sacadas geniais em termos de adaptação.

Em resumo, mais uma vez a Devolver Digital mandou bem demais valorizando nosso mercado e isso sempre merece ser enaltecido. E voltando a falar do jogo, sem spoilar muito, você irá topar com muitos personagens fofinhos que certamente vão ficar contigo bem depois de terminar o jogo.

Preciso falar alguma coisa? Localização impecável!

Quando ao som, a mudança de dimensões se reflete na música e efeitos efeitos sonoros também. As músicas são típicas de um jogo de aventura e fantasia. Ela é boa e funciona bem, mas eu diria que não tem nada super revolucionário aqui. Os sons são satisfatórios e existe uma mudança ao sair das páginas do livro. Tudo fica um pouco mais “espaçoso” justamente para transmitir a mudança de dimensão e escala. O destaque realmente fica para a narração, que é muito boa.

Concluindo

O Escudeiro Valente é um jogo mais que fofo e recomendável para todas as idades. Ele está saindo para todas as plataformas atuais (incluindo o Switch) e é um game que transborda carisma e charme. Com uma duração de cerca de 8 horas, dá para tirar um bom caldo da experiência e vai ser difícil não ficar com um sorriso no rosto enquanto joga. É muito bom vermos jogos sendo jogos de novo e com ênfase na experiência e diversão. Mais uma vez são os indies salvando o dia.

Ficou interessado? Você pode obter a versão de PC do jogo diretamente na Nuuvem clicando aqui.

(Para aqueles que tiverem curiosidade sobre a dublagem – nesse trailer foi demonstrado o de vários países):

O Escudeiro Valente (The Plucky Squire)
8.5
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