Opinião: PS5 Pro é um console inútil, assim como toda essa geração vem sendo

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
7 min de Leitura

O anúncio do PlayStation 5 Pro pegou todos de surpresa, mas pelos motivos errados. Era fato que o console seria anunciado em algum momento, e todos já haviam aceitado isso, mas não estavam preparados para seu preço. Revelado com o valor de 699 dólares e 799 euros (R$ 3.965,08 na conversão direta), o dispositivo se posiciona como um dos mais caros já lançados pela empresa. No entanto, o preço elevado não é o único problema – o pacote inicial do PS5 Pro não inclui o leitor de discos, vendido separadamente por 79 dólares, e nem mesmo o suporte vertical, que atualmente custa 30 dólares para a versão base do PS5. Com isso, a Sony despertou questionamentos sobre o real valor agregado do PS5 Pro em uma geração que, até agora, não demonstrou uma demanda concreta por mais gráficos.

Desde o lançamento do PS5 em 2020, poucos títulos realmente se destacaram como exemplos da necessidade do poder total do hardware. Jogos como Alan Wake 2, e talvez Baldur’s Gate 3 (principalmente por questões técnicas, e não gráficas), são algumas das poucas exceções que jamais rodariam num console da antiga geração, e utilizam plenamente o desempenho oferecido pelos atuais consoles. A maioria dos títulos lançados até o momento poderiam facilmente rodar em hardware da geração anterior – vide o lindo Horizon: Forbidden West sendo executado no PS4.

O ponto que queremos chegar aqui é: o investimento é válido para tão pouca melhoria? Ok, o poder bruto pode realmente ter aumentado, mas e nos jogos? Vendo a apresentação realizada pela Sony, comparando os jogos entre o console base e sua versão Pro, tive que caçar os detalhes, pois pouco notei diferenças. Quando mostraram a cena do Ratchet & Clank tendo mais definição em locais distantes, dei risada. São 700 dólares para isso? Ter mais definição em cenas que você só consegue enxergar dando zoom, e muito provavelmente vai passar batido durante a gameplay?

Outra questão que deve ser comentada, é: as pessoas não estão procurando todo esse gráfico. Como dito por Mark Cerny durante a apresentação, três quartos dos jogadores escolhem o modo desempenho em relação ao modo qualidade, e até hoje não vi ninguém preocupado por perder um pouco de definição. O que nos foi apresentado é basicamente um PS5 que roda os jogos no modo qualidade, mas agora a 60fps (ou mais). A questão é que isso nunca se fez necessário.

Se olharmos para as tendências do mercado, é difícil justificar o PS5 Pro como um investimento relevante. A Sony parece estar seguindo um caminho semelhante ao que ela mesma tomou com o PS4 Pro na geração passada: oferecer um console mais poderoso, mas que, na prática, não muda significativamente a experiência de jogo para a maioria dos consumidores. O salto de desempenho oferecido pelo PS5 Pro pode impressionar em benchmarks e comparações técnicas, mas não é isso que define uma boa experiência de jogo.

Além disso, o alto custo inicial do PS5 Pro também desestimula novos consumidores a entrarem na atual geração. Muitos jogadores ainda não conseguiram adquirir um PS5 devido à escassez de estoque e preços inflacionados, especialmente em mercados emergentes. A introdução de uma versão ainda mais cara só aumenta a sensação de que a Sony está fora de sintonia com seu público, especialmente em um momento em que a acessibilidade deveria ser uma prioridade.

Quando falamos de Brasil, a situação é ainda mais complicada. O valor convertido se aproxima dos 4 mil reais, mas vamos lembrar que o valor não é definido dessa forma, e muito provavelmente o PS5 Pro deve chegar custando entre 6 a 7 mil reais. E aí entramos numa outra discussão: o PC. O PS5 Pro muito provavelmente terá um desempenho equivalente a placa de vídeo RX 7700 XT da AMD, que oscila entre 3200 a 3700 reais por aqui. Se você já tem um PC minimamente bom, por metade do preço de um PS5 Pro é possível realizar um upgrade e obter o mesmo desempenho. PCs prontos com essa placa de vídeo e processador de ponta podem ser encontrados na faixa dos 7 mil reais, valor que provavelmente o PS5 Pro deve custar, mas com um porém: no PC você não está limitado a jogar, além de ter uma biblioteca infinita de jogos, tanto do PS5 (com atraso, é claro), quanto do Xbox.

O PlayStation 5 Pro chega ao mercado como um produto que parece desnecessário para a maioria dos jogadores. Com poucos títulos exigindo o máximo desempenho do PS5 original, o salto de desempenho do PS5 Pro pouco se justifica, e o preço elevado só amplia essa sensação de inutilidade. Em uma geração que ainda luta para encontrar seu propósito e mostrar ao consumidor médio que vale a pena investir em novo hardware, o PS5 Pro surge como um luxo supérfluo e fora de alcance para muitos.

Enquanto a Sony aposta em um nicho restrito de entusiastas, muitos jogadores continuarão a aproveitar suas experiências no PS5 base ou até mesmo em consoles da geração anterior, sem sentir que estão perdendo algo essencial. O verdadeiro valor de um console está na diversão e acessibilidade que ele oferece, e, nesse sentido, o PS5 Pro parece falhar em ambos os aspectos.

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