Patapon 1+2 Replay – Análise

Alan Motta Cardoso (@Alanzice)
Alan Motta Cardoso (@Alanzice)

Pata Pata Pata Pon! Se você leu isso e ouviu na sua cabeça, então confira a nossa análise de Patapon 1+2 Replay. Um dos jogos mais fofos e carismáticos dos portáteis está de volta em grande estilo! O jogo está sendo lançado para PC, PS5 e Switch.

Um clássico do PSP está de volta

Antes de mais nada, Patapon é um absoluto clássico e ter finalmente uma forma moderna de jogar os dois primeiros jogos da série é extremamente bem vindo. O jogo originalmente foi lançado para o PlayStation Portable (PSP) em 2007 e logo entrou no seleto grupo de “jogos únicos”. O seu criador, Hiroyuki Kotani, cunhou o termo “Command Carnival” para descrever este gênero inovador, que combina elementos de ritmo e estratégia (viu, não é só o Kojima que cria gêneros).

Patapon 1+2 Replay é uma compilação moderna dos dois primeiros títulos, originalmente lançados em 2007 e 2008 no PSP, o pequeno notável da Sony. Facilmente é a melhor forma de jogar Patapon 1 e 2 atualmente (e legitimamente). Os gráficos continuam os mesmos e tem o mesmo charme, mas agora estão ainda mais nítidos. Apesar de originalmente ser um jogo feito para um portátil, ele fica lindo e vibrante numa TV grande.

É impossível resistir ao charme dos Patapon

Como é o jogo?

Os jogadores assumem o papel de “O Todo-Poderoso Patapon”, uma divindade invisível que guia uma tribo das adoráveis criaturas com forma de olho, os Patapon (que vale lembrar, não tem plural, assim como Pokémon), na sua épica jornada para alcançar “Earthend” e contemplar o enigmático objeto conhecido apenas como “IT”.  O que o jogo peca em uma história profunda ele transborda em carisma.

Toda a jogabilidade de Patapon se baseia num sistema de tambores que utiliza os quatro botões do controle – Pata, Pon, Chaka e Don – cada um mapeado para um botão específico (por exemplo, Y/Pata, A/Pon, X/Chaka, B/Don no original de PSP e Nintendo Switch respectivamente). Os jogadores inserem sequências específicas destas batidas para emitir comandos ao seu exército Patapon, como “Pata, Pata, Pata, Pon” para avançar ou “Pon, Pon, Pata, Pon” para um ataque total. A precisão rítmica é fundamental.

Manter com sucesso este ritmo vai gerando um combo que é crucial para ativar o “Fever Mode”. O Fever Mode proporciona um aumento temporário significativo a todos os atributos das unidades Patapon, melhorando o seu ataque e defesa. Este estado poderoso pode ser alcançado mantendo um combo de 10 batidas ou sincronizando perfeitamente um combo mais curto de 3 batidas (e chegar nele é super satisfatório). Falhar uma batida ou inserir comandos fora do ritmo quebra o combo e resulta na perda do Fever, deixando os Patapon vulneráveis. Patapon 1 exige um pouco mais de precisão mas a coletânea felizmente tem opções de dificuldade caso o a experiência esteja desafiadora demais.

Atacaaaar!

Patapon 1, o título que deu início a tudo, introduziu essa fórmula viciante e divertida. Desde o primeiro momento, é impossível não se render ao carisma dos Patapon e os sons fofos que eles fazem. A jornada dos Patapon é linear, mas repleta de desafios, com inimigos variados e chefes imponentes que exigem diferentes abordagens estratégicas. A cada vitória, novos equipamentos e tipos de Patapon são desbloqueados, permitindo uma customização contínua do exército e a variedade incentiva a experimentação.

A progressão do jogo é gratificante, e o ciclo de aprendizado e aprimoramento constante prende o jogador, impulsionado pela curiosidade de desvendar os segredos de Earthend e pela satisfação de ver sua tribo crescer e se fortalecer. Apesar de parecer um jogo bem simples, ele tem uma profundidade razoável até. Juntando tudo o que falei com a jogatina de ritmo, onde você é recompensado por um timing perfeito, a experiência de Patapon 1 é super divertida e agradável.

Quando Patapon 2 entra em cena, o jogo eleva a experiência a um novo patamar, mantendo a essência do original enquanto introduz uma série de inovações significativas. A história se aprofunda, revelando mais sobre o universo dos Patapon, introduzindo novos personagens e facções (vulgo deep lore). A principal adição é a classe dos Heróis, um Patapon singular com habilidades especiais que pode ser customizado e que muda a dinâmica do combate. O Herói serve como um modificador de jogo, oferecendo uma camada extra de estratégia. Suas habilidades especiais, ativadas ao atingir um “Fever Mode” contínuo, podem virar o jogo em momentos cruciais (e em alguns casos são essenciais).

Patapon leva a frase “unidos venceremos” ao pé da letra.

A continuação também expande o sistema de classes de Patapon, oferecendo mais opções de unidades e permitindo composições de exército ainda mais diversificadas. As missões se tornam mais complexas, com objetivos variados que vão além de simplesmente marchar e atacar. Há missões de caça, de escolta, de defesa e até mesmo desafios que exigem uma precisão rítmica ainda maior. A árvore de habilidades para cada tipo de Patapon e a introdução de máscaras para o Herói adicionam uma profundidade de personalização que convida os jogadores a gastar horas experimentando diferentes combinações para otimizar seu exército. Em resumo, ela faz tudo o que uma continuação deve fazer que é polir e expandir a experiência original.

Uma boa coleção e por um bom preço

Tecnicamente falando, Patapon 1 e 2 Replay cumprem o que prometem.  O trabalho de remasterização é bem sólido e respeitoso, mantendo a integridade visual dos jogos originais e realçando seus pontos fortes sem descaracterizá-los. A trilha sonora, um dos pilares da experiência Patapon, também se beneficia da clareza aprimorada, permitindo que cada batida e cada canto dos Patapon ressoem com mais nitidez, apesar que quem jogou no PSP sabe que o portátil já dava um show em termos de gráficos e áudio.

O que faz de Patapon 1 e 2 Replay um pacote tão atraente é a união dessas duas experiências complementares. O primeiro jogo estabelece a base da franquia forma brilhante, enquanto o segundo expande e refina a fórmula, introduzindo novas camadas de complexidade e diversão. Jogar um após o outro permite apreciar a evolução da série e se apaixonar pelos Patapon. Para aqueles que nunca experimentaram os títulos originais no PSP, esta é a oportunidade perfeita para descobrir a magia dos pequeninos. Para os fãs de longa data, é uma chance de reviver memórias queridas com uma fidelidade visual e sonora aprimorada (meu caso, hehe). E em meio a tantos gráficos ultra realistas e jogos AAA, é legal você parar um momento para apreciar uma experiência diferente e única.

As cores do jogo continuam lindas

E ao contrário de certas empresas da concorrência, ambos os jogos vem num único pacote pelo preço reduzido de 30 dólares (ou seja, 15 dólares cada um), aqui no Brasil veio por 150 reais, uma conversão bem aceitável para nossa moeda.

Um comentário que vale a pena fazer brevemente é que quem está trazendo esse jogo é a Bandai-Namco, apesar da franquia Patapon pertencer a Sony. Curiosamente é o que está permitindo o antigo exclusivo ser lançado também para Nintendo Switch (quanto mais plataformas melhor). Isso certamente abre um precedente para outras franquias “esquecidas” do PlayStation de ganharem nova vida (LocoRoco pls?) e já vimos acontecendo com Everybody’s Golf Hot Shots.

O que ficou faltando?

Eu tenho duas grandes críticas a coletânea Patapon 1+2 Replay. A primeira eu acho que é a mais óbvia: onde está Patapon 3? Eu diria que é uma oportunidade totalmente desperdiçada ele não estar presente na coleção. O jogo foi lançado no ocidente e também foi lançado no PSP, então não tem desculpa.

Na verdade, tem sim: Patapon 3 segue preso no PSP até hoje. Patapon 1 e 2 receberam um remaster no PS4. Então é bem obvio que só pegaram essas versões e portaram para consoles modernos. Todo o trabalho pesado já foi feito anos atrás.

Isso não tira o mérito de Replay mas é certamente decepcionante. A pior parte na verdade é que não sabemos se um dia veremos Patapon 3 relançado. Cabe a Sony / Bandai Namco ter interesse em fazer todo o trabalho feito no 1 & 2 no 3 também. De qualquer modo o jogo teria que ser vendido separadamente ou como DLC, mas teríamos a oportunidade de ver uma coletânea de verdade com a trilogia da série.

A minha segunda crítica é a falta de localização para português. Não diria que nesse caso é o fim do mundo porque eu mesmo joguei na época que o jogo saiu no PSP sem entender um pingo de inglês, porém hoje em dia não tem mais desculpa. É possível curtir o jogo sem entender inglês? Com certeza. É o ideal? Não mesmo. Mas sempre há chance para um update, não é mesmo?

Finalizando

Patapon 1+2 Replay é mais que recomendado, principalmente para quem gosta de jogos diferentes do habitual ou aqueles que jogaram o original anos atrás. Ainda é cheio de charme e os sons e músicas vão ficar grudados na sua cabeça por dias. Uma pena que Patapon 3 ficou de fora.

Só falta agora a Sony trazer Vib-Ribbon de volta (por favor?)

 

Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Theogames, em parceria com a Bandai-Namco e Sony.

Confira o trailer do jogo abaixo:

 

Patapon 1+2 Replay
8
Compartilhe esse artigo
Deixe um comentário