No final do mês passado, a Ubisoft surpreendeu os jogadores ao anunciar uma nova atualização para Assassin’s Creed Mirage. Lançado em 2023 como uma experiência mais enxuta, o título agora receberá um capítulo inédito ambientado em AlUla, na Arábia Saudita – conteúdo que, antes mesmo de chegar ao público, já está cercado de polêmicas.
Segundo informações de bastidores, a expansão estaria sendo financiada pelo PIF (Public Investment Fund), o controverso Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, presidido pelo príncipe herdeiro e primeiro-ministro Mohammed bin Salman.
Oficialmente, a Ubisoft declarou que “não comenta rumores”, mas a notícia teria causado forte repercussão dentro da própria empresa. Durante uma sessão de perguntas e respostas com a diretoria, um funcionário questionou se essa parceria valeria a pena, destacando que o estúdio poderia associar sua marca – já fragilizada – a um regime duramente criticado no cenário internacional, especialmente após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
A resposta dada pela liderança não convenceu. Yves Guillemot, CEO da Ubisoft, classificou a aproximação com o reino saudita como uma “ferramenta diplomática para expandir a influência e o alcance da França no mundo”. Vale lembrar que o próprio presidente francês, Emmanuel Macron, esteve em visita ao país ao lado de Guillemot.
A empresa também teria defendido a ideia de separar “a obra do artista”. Para a Ubisoft, os recursos do PIF não pertencem diretamente a Mohammed bin Salman, e o fato de não compartilharem os mesmos valores democráticos não justificaria rejeitar a parceria.
O argumento, no entanto, foi mal recebido entre funcionários, já que o príncipe não apenas preside o fundo, como é considerado sua principal força política. No fim, a polêmica expõe menos uma decisão criativa e mais um movimento de bastidores, em que jogos, diplomacia e negócios se entrelaçam.



