Rise of the Ronin é um RPG de ação desenvolvido pela Team Ninja e publicado pela Koei Tecmo. O jogo se diferencia por sua abordagem de mundo aberto e por um sistema de combate técnico e desafiador, lembrando muito um Souls-like, embora apresente problemas estruturais que impedem que alcance todo o seu potencial. Lançado inicialmente como um exclusivo de PlayStation 5 financiado pela Sony, o título finalmente chega ao PC, quase um ano depois. Será que seus méritos compensam as falhas? Vamos para mais uma análise!
Um mundo repleto de facções
A trama de Rise of the Ronin se passa durante os últimos anos do xogunato Tokugawa, período que foi marcado por guerras civis, instabilidades políticas e a chegada de influências externas no Japão. Assumimos o controle de um ronin – um samurai sem mestre –, que deve tomar decisões que impactam diretamente no destino de seu país. A história se desenrola com diversas facções em conflito, como os leais ao xogunato, os rebeldes e os estrangeiros.
O diferencial de sua história está na liberdade de escolha: podemos se aliar a diferentes grupos e tomar decisões morais que afetam diretamente no desenrolar da trama. Essa característica torna a jornada mais imersiva, embora algumas escolhas não apresentem o peso necessário. Apesar das diferentes facções disponíveis, o impacto das decisões nem sempre é o esperado, com certos eventos acontecendo independentemente do que for decidido pelo jogador.
Personagens secundários estão presentes na história, e certamente ajudam a criar um cenário vivo e autêntico, mas infelizmente não recebem o tratamento adequado. Enquanto figuras históricas são bem representadas, outros personagens acabam sendo pouco aproveitados, fazendo o ritmo da trama oscilar entre momentos empolgantes e outros que se arrastam.
Uma espécie de Souls-like
O combate em Rise of the Ronin é um de seus pontos altos, como esperado. A jogabilidade é fluída e desafiadora na medida certa, permitindo que os jogadores utilizem diferentes estilos de lutas e armas, como katanas, lanças e armas de fogo. O sistema de postura adiciona uma camada estratégica às lutas, exigindo que o jogador compreenda os padrões executados pelos inimigos e responda de maneira inteligente. O stealth também é uma mecânica presente e, embora seja funcional, poderia ser mais refinada. A inteligência artificial dos inimigos é inconsistente, tornando algumas abordagens furtivas frustrantes ou até mesmo fáceis demais.
No entanto, embora ofereça uma variedade interessante em seu combate, a repetição pode vir a ser um problema. Muitos inimigos compartilham de padrões semelhantes, e algumas batalhas podem ser menos desafiadoras do que o imaginado. Mesmo com o combate sendo um ponto positivo, sinto que ele poderia ser aprimorado a nível de títulos como Nioh ou Sekiro, que são ótimos exemplos de gameplay bem executada. Vale lembrar que, assim como os jogos mencionados anteriormente, Rise of the Ronin não é um Souls-like puro, oferecendo diversas facilidades em relação a franquia Dark Souls, entregando ao jogador até mesmo um seletor de dificuldades.
O sistema de progressão de Rise of the Ronin apresenta bons elementos, mas poderia ser melhor balanceado. Uma árvore de habilidades está presente no game, permitindo customizarmos o estilo de luta do protagonista. Porém, como ocorre em outros jogos que utilizam a mesma mecânica, nem todas as melhorias são igualmente úteis. Algumas habilidades parecem mais importantes do que outras, e a evolução de nosso personagem pode ser lenta, o que pode desmotivar alguns jogadores.
Boa ambientação, mas com problemas técnicos graves
A ambientação de Rise of the Ronin é muito bem feita, sendo um de seus pontos fortes. O mundo aberto do game impressiona, recriando o Japão do século XIX de maneira imersiva, com cenários detalhados e belas paisagens. No entanto, o gráfico não acompanha o mesmo padrão. Em diversos momentos, o jogo conta com texturas e animações que parecem muito datadas, lembrando títulos do início da geração PlayStation 4, ou até quem sabe PlayStation 3 – e não, eu não estou exagerando!
Aí você pode perguntar: um jogo com gráficos datados deve estar rodando bem no PC, né? Incrivelmente, a resposta é não. Rise of the Ronin foi lançado com uma das piores otimizações que já presenciei no PC nos últimos anos. O jogo sofre para se manter estável nos 60 quadros por segundo, além de apresentar uma quantidade elevada de engasgos. Um bug, já relatado por outros usuários e também presenciado durante minha experiência, deixa o jogo em câmera lenta, o que acaba prejudicando demais durante os combates. Sabemos que o histórico da Koei Tecmo com o PC não é muito positivo, já que seus títulos sempre apresentam problemas de otimização, mas agora o estúdio atingiu o fundo do poço.
Para compensar um pouquinho o desastre técnico, a trilha sonora, pelo menos, é um dos destaques. A mistura de músicas orquestradas e instrumentos tradicionais do Japão ajuda a criar uma ótima atmosfera para momentos narrativos e batalhas. Os efeitos sonoros, embora não sejam um primor, são bem trabalhados, transmitindo muito bem a intensidade dos combates e a ambientação dos vilarejos japoneses.
Certamente é um jogo
No final das contas, Rise of the Ronin é um bom jogo, mas que fica abaixo de seu potencial. Para fãs de samurais e do Japão feudal, há muito o que apreciar, mas aqueles que esperam um RPG de ação revolucionário na pegada Souls-like podem acabar se decepcionando. Seu combate é satisfatório, e aliado a uma história interessante e uma boa ambientação, pode ser o suficiente para prender os jogadores, mas não espere grandes inovações, e se prepare para enfrentar problemas técnicos terríveis.