Neste ano, todos os acreanos foram agraciados pela segunda edição da Gamecon, desta vez aberta ao público, já que no ano anterior não houve divulgação para as massas, ficando restrita aos jornalistas e políticos locais. O evento ocorreu entre os dias 31 de outubro a 2 de novembro no espaço da Uninorte, e contou com a participação de figuras importantíssimas no meio gamer, como o jornalista e escritor Pablo Miyazawa, e o presidente da ACJOGOS-RJ, Marcio Filho.
Diversas palestras foram realizadas para enriquecimento do conteúdo apresentado no evento. Uma palestra que quero destacar foi a da Abragames, sobre a importância da regionalização do ‘‘Marco Legal dos Jogos’’ feita por Marcio Filho e Raquel Gontijo. Após a aprovação da lei do Marco Legal dos Jogos, muita coisa mudou no âmbito geral, mas ainda temos que dar atenção no âmbito regional, bem como fazer valer as leis de incentivo que foram aprovadas. Regiões como o Rio de Janeiro e São Paulo já estão com ações para incentivar o mercado de jogos locais e, como bem explicado por Marcio Filho, agora devemos ter esse incentivo em cada estado do Brasil, já que nosso país é continental, e o que não falta são pessoas talentosas que necessitam de ajuda e incentivo do governo para que possam dar vida aos seus projetos.
Houve também concursos de cosplays e cospobres, além de áreas reservadas para jogos de tabuleiros e eSports, com jogadores de Tekken 8 e League of Legends.
Diversas lojas de cultura nerd e geek conhecidas da região compareceram ao evento, trazendo consigo ainda mais seriedade e comprometimento para todos fãs dessa cultura e entretenimento.
Embora de início tenha minhas críticas quanto ao marketing ou a falta dele – o que reflete na baixa de público na abertura do evento –, ainda assim fiquei com saldo positivo com o que vi. A área indie foi enorme, e pude experimentar vários jogos interessantes e promissores, tanto do Acre, quanto de outras regiões do Norte, como Amazonas e Pará.
Agora sim chegamos na parte importante do evento: os jogos! Devido ao curto tempo, não consegui testar todos, mas busquei experimentar e conversar com todos os desenvolvedores que foram muito simpáticos e receptivos comigo. Vou apresentar um por um e espero que você, leitor, se interesse por eles assim como eu fiquei interessado. Não esqueça de ajudar o desenvolvedor colocando seu jogo na wishlist da Steam!
Code Bunny (PA)
Apresentação: Em Code Bunny, os jogadores entram em um mundo futurista habitado por coelhos e enfrentam batalhas de alta velocidade, usando artes marciais aprimoradas pelo poder do Aethr, uma combinação de tecnologia e magia. Assuma o controle de Ael e Hazel, dois membros do programa espacial VY, enquanto lutam para salvar a cidade de Lumna contra a ameaça do “Mad Bunny”’. Com movimentos rápidos e ataques poderosos, o combate flui junto à movimentação dos personagens, permitindo atravessar estágios enquanto você destroi inimigos com estilo.
Minhas impressões: Testei por quase meia hora o jogo e só parei pois tinha que dar a vez para outros testarem. O game tem forte inspiração em Mega Man Zero, inclusive nas suas concepts e pixel art. A história é bem densa, com dezenas de linhas de diálogo. Até o momento, o jogo está apenas em inglês, mas a desenvolvedora me garantiu que irá incluir mais idiomas em seu lançamento, estando incluso o português. Sobre a desenvolvedora, quem estava no evento era Lavie Murchio, da Seventh Star Soft, que é co-desenvolvedora junto com a sua namorada Violeta. Em uma pequena entrevista, ela me informou que o jogo já está 100% finalizado e que será lançado no final do ano, ainda sem data definida, estando disponível na Steam e Itch.io. Se possível, ela também pretende lançar Code Bunny para consoles, como o Nintendo Switch.
North Athens (AM)
Apresentação: Em North Athens, os jogadores são transportados para uma cidade que deveria ser o exemplo para o mundo, mas acabou se tornando um cenário apocalíptico devido a um acidente que transformou a população em mortos-vivos. Diante dessa catástrofe, Clide, um agente enviado com a missão de restaurar o meio ambiente da cidade, encontra-se preso em um pesadelo. Armado apenas com uma pistola, ele precisará sobreviver, enfrentando hordas de zumbis e restaurando a cidade destruída.
Minhas impressões: O jogo North Athens tem como premissa conscientizar a população do acúmulo de lixo. A ideia de que todos viram zumbis devido a radiação foi muito boa. O game é um survival com uma visão de cima. O projeto ainda está em protótipo, então só o que temos para testar é uma demo, mas mesmo assim dá para sentir a vibe ‘‘The Walking Dead’’ que ele possui.
Vanessa Kaneko, desenvolvedora da Bored Cat, declarou em entrevista que deve lançar a demo ainda neste ano na Steam, e que pretende finalizar o jogo no ano que vem.
Spooky Workers (AM)
Apresentação: Em Spooky Workers, você assume o papel de Pedro Ricardo Jr., um estagiário novato em uma casa de horrores gerida pela enigmática Madame Brunna. Sua missão é clara: assustar clientes para garantir a assinatura de sua carteira de trabalho! Pedro precisa superar seus próprios medos e usar de muita criatividade para realizar sustos épicos, resolver puzzles desafiadores e manter a chefe satisfeita.
Minhas impressões: Spooky Workers é outro título que ainda está em fase de desenvolvimento, e consta apenas com uma demo jogável. O jogo está sendo desenvolvido na Unity, sendo feito na pegada de puzzle platformer, o desenvolvedor é Ronaldo Elias, da Dazzlight Game Studio. Ele declarou que está desenvolvendo o jogo sozinho. A demo já está disponível no Itch.io, e será lançada na Steam no ano que vem.
Guardião Soturno: Redenção na Escuridão (AC)
Apresentação: Guardião Soturno: Redenção na Escuridão é um jogo de ação beat’em up em 2D, com arte emulando o estilo de HQs. Os jogadores controlam Marcos Lopes, o Guardião Soturno, um ex-militar que agora leciona em uma ONG. Após o desaparecimento de várias crianças de sua comunidade, Marcos veste seu manto de vigilante e parte em uma missão para desmantelar uma rede de tráfico humano.
Minhas impressões: O jogo Guardião Soturno é baseado em uma HQ de mesmo nome. O jogo é um briga de rua inspirado em Street of Rage do Mega Drive, e sua arte tenta simular as páginas da HQ, lembrando um pouco Comix Zone. O game ainda está em fase de protótipo e teste. O representante que estava no local era Francisco Moreira, produtor da Kgames Dev Studio. Ele declarou que o Guardião Soturno recentemente ganhou sinal verde para ser produzido, então o que foi apresentado no evento ainda está em fase de testes, e a gameplay, artes e trilha sonora ainda passarão por mudanças. Portanto, o jogo ainda está em fase inicial de desenvolvimento. De qualquer forma, o projeto parece promissor, e espero um dia o ver finalizado.
Amazon Hydro Transport (AM)
Apresentação: Amazon Hydro Transport é um simulador de transporte hidroviário ambientado nos majestosos rios da Amazônia. O jogador assume o papel de um piloto de embarcações, responsável por transportar passageiros e cargas entre as inúmeras comunidades e cidades ribeirinhas da região.
Minhas impressões: Como o nome deixa claro, Amazon Hydro Transport é um jogo de simulação de barco. O game conta com vários medidores e gadgets para auxiliar no manuseio da embarcação. Atualmente, existem algumas dezenas de modelos diferentes de barcos, porém o desenvolvedor Kevin Almeida declarou que pretende adicionar centenas de barcos diferentes, entre eles embarcações históricas da região. Kevin me mostrou que tem um catálogo com mais de mil e quinhentos barcos diferentes para ir adicionando aos poucos no jogo, tornando a experiência uma verdadeira simulação de embarcações. Apesar de ainda estar num estágio inicial, achei o projeto muito promissor, e Kevin também me informou que pretende lançar o jogo na Steam e Play Store nos próximos meses.
A Clareira (AM)
Apresentação: A Clareira é um jogo 2D estilo Shoot’em Up com fortes influências de bullet hell. O jogador controla Claudinho, uma nuvem corajosa, cuja missão é salvar a floresta apagando focos de incêndio que ameaçam destruir o ecossistema.
Minhas impressões: O jogo A Clareira tem a pegada dos primeiros jogos de navinha. O game inteiro se passa em telas estáticas onde os inimigos vêm em sua direção tentando te eliminar. Embora possa parecer simples, gostei de sua arte e temática. O desenvolvedor Lui Almeida, da Ice Head Studio, declarou que o jogo já está pronto e logo será lançado para as plataformas Steam e Itch.io.
RoboGal (MA)
Apresentação: Em RoboGal, os jogadores assumem o papel de Rei-bo, uma robô heroína que precisa salvar a ilha robótica de Plutobell após uma nave misteriosa causar o caos. O jogador pode explorar fases em qualquer ordem, enfrentando inimigos e chefes desafiadores em um sistema de combate estilo ‘‘pedra, papel e tesoura’’. As habilidades ganhas ao derrotar chefes podem ser usadas para superar desafios em outras fases, promovendo a experimentação e o aprendizado progressivo.
Minhas impressões: RoboGal tem forte inspiração na série clássica de Mega Man mas difere pela arte mais colorida e alegre, além da trilha sonora muito boa. O jogo já está quase completo e está sendo desenvolvido pelo Horacio da Twinklesoft. Em breve a demo estará disponível na Steam para todos testarem.
Finalizando
Termino essa matéria com saldo positivo do que vi. Nunca presenciei um evento dessa magnitude aqui no Acre, ainda mais focado somente em jogos! Fiquei feliz de verdade por poder participar de tudo, conversar com os devs, trocar figurinhas com os lojistas, bate papo com os palestrantes. Enfim, foi um evento tranquilo e acessível, todos estavam ali a um passo de distância, nada de correntes ou salas VIPs. Espero que para os próximos anos isso se mantenha e também que fique cada vez maior, pois o Acre precisa urgentemente de mais eventos e entretenimentos como esse.