Senua’s Saga: Hellblade II – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
9 min de Leitura

Finalmente, chegamos ao primeiro grande lançamento do Xbox Game Studios em 2024. Senua’s Saga: Hellblade II, é a continuação do aclamado Hellblade: Senua’s Sacrifice, produzido pela Ninja Theory, estúdio adquirido pela Microsoft no ano de 2018. O game chega como carro-chefe da marca, prometendo superar o primeiro jogo em qualidade e tecnologia, tanto na parte visual quanto na sonora, além de dar continuidade à jornada de Senua. Hellblade II pode não ser tão impactante quanto o original, mas ainda é um excelente jogo. Confira a análise completa a seguir!

A história de Senua

Senua se encontra em um barco, inicialmente infiltrada entre os nórdicos, com o objetivo de chegar a um local para destruí-los e acabar com a escravidão e os sacrifícios. O mar está agitado por causa de uma tempestade, e o barco acaba destruído. Senua é levada pela correnteza até Midgard. Lá, seu pai, Zynbel, volta a atormentar suas lembranças. As vozes continuam com Senua, mas desta vez agem de uma forma mais positiva, já que ela fez as “pazes” com seu interior ao final do primeiro jogo.

Diferente do primeiro jogo, onde Senua estava sozinha na maior parte do tempo, nesta nova jornada teremos a presença de amigos em alguns momentos. Senua evolui ainda mais como ser humano, superando seus medos, sua ansiedade e, principalmente, sua psicose, tornando-se uma mulher ainda mais forte e um exemplo de liderança (palavra-chave em Hellblade II). Além disso, ela busca redenção e deseja romper com os grilhões de seu passado. Sabe aquele famoso meme “são os amigos que fazemos pelo caminho”? Pois é, Hellblade II se encaixa nisso, mas de uma forma incrível, muito bem dirigida pela Ninja Theory, mantendo a seriedade da narrativa.

Devo também destacar a atuação de Melina Juergens como Senua. Todos sabemos que ela foi incrível no primeiro jogo, e mais uma vez, vemos seu esforço excepcional para dar vida a Senua em Hellblade II. Raiva, angústia, medo, tristeza — todas as emoções são retratadas com maestria por Melina. Sua atuação, junto à qualidade gráfica que será analisada a seguir, entregam uma Senua tão expressiva quanto a do primeiro Hellblade.

Hellblade II mostra um lado muito mais líder de Senua / Reprodução: Autor

A nova geração começou oficialmente

Estamos diante de um dos jogos mais bonitos já feitos. Os gráficos são primorosos, com texturas fotorrealistas, personagens muito bem detalhados e paisagens nórdicas de tirar o fôlego. Além disso, este é provavelmente o jogo mais bem otimizado da Unreal Engine 5 até o momento. Consegui manter 30 quadros por segundo utilizando uma AMD Radeon RX 580, uma placa de vídeo com 7 anos de idade, no preset médio em Full HD. Tecnologias como Intel XeSS, AMD FSR 3.0 e NVIDIA DLSS também estão presentes, assim como o TSR (resolução dinâmica).

As cenas de ação são insanas, e em quase todo o jogo, tive a sensação de estar assistindo a um filme. Os ângulos de câmera e o enquadramento utilizados em diversas cenas são incríveis e reforçam ainda mais a ideia de cinema em Hellblade II. Várias vezes durante minha experiência, me peguei abrindo o modo foto para apreciar a beleza das paisagens ou a brutalidade dos combates. Nem mencionei as faces, que são um espetáculo à parte, especialmente a de Senua. Quando você consegue ver até os pelinhos da orelha de alguém, é porque o nível de qualidade atingiu um patamar extraordinário.

Quanto ao áudio, Hellblade II continua incrível como no primeiro jogo. A tecnologia de áudio binaural utilizada pela Ninja Theory está presente novamente, com vozes rondando nossa cabeça constantemente. O destaque desta vez, em minha opinião, é a trilha sonora incrível que nos acompanha na jornada, composta pela banda Heilung. Conhecida por sua música folk experimental, a banda representa muito bem a mitologia nórdica e a era viking.

Sim, isso é um jogo / Reprodução: Autor

Gameplay? Achei que era um filme

Hellblade II seguiu um caminho curioso, optando por abandonar quase completamente a gameplay em favor de uma abordagem mais cinematográfica. Lembra do combate sem muita profundidade e dos puzzles do primeiro jogo? Pois saiba que aqui tudo isso foi reduzido drasticamente. Quanto aos colecionáveis, eles ainda estão presentes em uma quantidade semelhante à de seu antecessor, mas agora são separados em Lorestangir (pedras com runas) e faces escondidas (pedras com formato de rosto que liberam um caminho secreto).

Começando pelos puzzles: a quantidade caiu drasticamente em relação ao primeiro Hellblade. Quem jogou vai lembrar daqueles puzzles de runas, onde era necessário procurar padrões no cenário para desbloquear novas áreas. Eles aparecem no máximo em três ou quatro momentos durante a gameplay do segundo jogo. Sei que esse ponto pode dividir opiniões, pois há quem ame e quem odeie os puzzles de Hellblade, mas se formos analisar através dos olhos de Senua, faz sentido a quantidade reduzida. Afinal, o que a fazia procurar os padrões era a psicose, que está bem mais controlada após o fim do primeiro jogo.

Um dos poucos puzzles de runa encontrado em Hellblade II / Reprodução: Autor

Quanto ao combate, acredito que esta seja a parte mais polêmica. Muitos, durante o tempo de espera por Hellblade II, clamavam por trailers mostrando mais do combate do jogo. A realidade é que nada mudou, e tudo segue igual ao seu antecessor. As lutas obviamente são mais viscerais e apresentam melhores efeitos visuais, além do movimento de Senua parecer um pouco mais lento, aproximando-se do realismo. No entanto, quando falamos da gameplay em si, do “feeling”, está tudo igual. O combate não oferece profundidade, sendo o mesmo de sempre: ataque, esquive e bloqueie golpes. Além disso, o foco aqui é muito mais no um contra um, diferente do jogo anterior, que frequentemente oferecia grupos de inimigos para enfrentar.

Com base nessas duas questões, muitos vão se perguntar: o que a Ninja Theory fez nestes 4 anos de produção de Hellblade II? Não vejo problema em ter seguido ainda mais pelo caminho cinematográfico, diria que isso casa muito bem com a narrativa que Hellblade oferece, mas mecânicas que já não eram tão elaboradas no primeiro jogo se tornaram praticamente irrisórias no segundo. Fica uma sensação de que Hellblade II poderia ser mais jogo.

Apesar de continuar simples, combate de Hellblade II se tornou muito mais visceral / Reprodução: Autor

Todo monstro já foi um homem

Senua’s Saga: Hellblade II é uma continuação merecida e digna. A Ninja Theory conseguiu entregar uma narrativa espetacular, assim como a de seu antecessor, além de uma qualidade técnica de ponta, com gráficos fora da realidade e uma trilha sonora nórdica incrível. Senti falta de mais momentos de gameplay, com maior profundidade no combate e um pouco mais de puzzles, como no primeiro jogo, mas ambos os pontos não diminuem o quão incrível Hellblade II é. Nota: 8.5/10.

Prós:

  • Narrativa tão envolvente quanto a do seu antecessor
  • Evolução de Senua como protagonista
  • Atuação impressionante de Melina Juergens como Senua
  • Qualidade técnica impressionante
  • Trilha sonora incrível

Contras:

  • Combate poderia ter mais profundidade
  • Mais puzzles poderiam enriquecer a experiência

Senua's Saga: Hellblade II: Senua’s Saga: Hellblade II é uma continuação merecida e digna. Pode ser semelhante demais ao primeiro para alguns, mas compensa em uma experiência visualmente (e auditivamente) impressionante. budabyte

8.5
von 10
2024-05-23T17:35:47-0300
 
 

 

 

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