WUCHANG: Fallen Feathers – Análise

Douglas Souza Dos Santos (@Cliffburtonildo1)
Douglas Souza Dos Santos (@Cliffburtonildo1)

Nos últimos anos, a indústria chinesa de games tem surpreendido com uma crescente quantidade de títulos de alta qualidade, e WUCHANG: Fallen Feathers é mais um ótimo exemplo dessa promissora nova safra. O jogo reafirma o potencial criativo e técnico dos estúdios chineses, consolidando ainda mais o país como uma força no cenário global dos videogames. Desenvolvido pelo estúdio novato Leenzee Games e distribuído pela 505 Games, WUCHANG: Fallen Feathers é um Souslike ambientado no fim da dinastia Ming, onde uma grave doença misteriosa infesta os humanos, os transformando em criaturas grotescas. Vamos juntos nessa análise desvendar todo o mistério que ronda essa misteriosa doença chamada Plumagem!

Loucura instaurada

Assumimos o papel de Wuchang, uma pirata sem lembranças de seu passado, que vaga em busca de respostas em meio ao caos de uma enfermidade sombria conhecida como doença da Plumagem, enquanto tenta desvendar os segredos de sua própria identidade. Essa doença começou a se espalhar depois que um poderoso demônio atacou a vila de moradores e infectou boa parte da população, instaurando um surto de Plumagem.

As pessoas afetadas pela doença perdem lentamente suas memórias, e, se não controlada, a enfermidade tira totalmente sua humanidade. A Plumagem se inicia nos membros com o surgimento de plumas, posteriormente espalhando-se para as articulações, e enfim levando à uma transformação monstruosa. Desde então, o surto se espalhou rapidamente, mergulhando a população em desespero, ruína e loucura.

WUCHANG: Fallen Feathers garante batalhas de tirar o fôlego / Reprodução: Autor

Demônio interior

Como todo bom Soulslike, WUCHANG: Fallen Feathers apresenta um combate robusto e dinâmico, onde conseguimos observar muitas mecânicas inspiradas em outros títulos do gênero. Embora não traga inovações marcantes, isso não chega a ser um demérito, já que o jogo consegue aplicar elementos criativos e dinâmicos dentro dessa fórmula conhecida.

Uma das bases do sistema de combate é a chamada de “temperagem de braço”, uma mecânica que permite imbuir a arma com efeitos elementais, como fogo, gelo ou raio, oferecendo vantagens táticas contra inimigos vulneráveis a certos tipos de dano. No entanto, o destaque mais marcante do jogo está na mecânica do “demônio interior”.

Esse sistema está intimamente ligado à narrativa da misteriosa doença da Plumagem. À medida que Wuchang mata humanos ainda não corrompidos pela praga ou sofre múltiplas mortes, ela acumula insanidade. Ao atingir níveis superiores a 90% de loucura, a protagonista entra em um estado de fúria descontrolada, liberando seu demônio interior.

Nesse estado, Wuchang se torna extremamente letal, causando um alto dano aos inimigos, mas em contrapartida, passa a receber muito mais dano. Além disso, os inimigos derrotados em estado de loucura deixam cair maiores quantidades de mercúrio vermelho, um recurso essencial para aprimorar a personagem.

Porém, há um risco em tudo isso: se Wuchang morrer enquanto estiver dominada pela loucura, uma manifestação física do seu demônio interior surge no local onde sua poça de sangue estaria. Apenas ao derrotar essa entidade poderosa é que conseguimos recuperar seus recursos e instaurar nossa loucura.

Além disso, o jogo conta com uma mecânica de combos – mas não se engane! WUCHANG: Fallen Feathers continua sendo um Soulslike. Essa adição torna o combate bem mais significativamente mais dinâmico, tornando-se um aspecto essencial em boa parte das lutas, já que podemos realizar combos utilizando ambas as armas equipadas no personagem. Esses ataques são ainda mais efetivos quando utilizados junto a “carga de poder celeste” – perk que conseguimos ao fazer uma esquiva u parry perfeito.

Os combos são triviais durante as batalhas, podendo tirar o jogador de diversas enrascadas, já que tanto os inimigos quanto os chefes do jogo são rápidos e agressivos, ainda mais quando comparados a outros jogos do gênero.

Alguns cenários são de encher os olhos / Reprodução: Autor

Wuchang, a mensageira da morte

Para um estúdio estreante, a Leenzee Games surpreende com a qualidade do combate e dos visuais, que se destacam como os pontos mais impressionantes do jogo. WUCHANG: Fallen Feathers se passa em uma versão fictícia da dinastia Ming, incorporando elementos históricos e figuras reais da época para enriquecer a narrativa.

O título oferece um arsenal diversificado, que inclui diferentes classes de armas como: espadas longas, lâminas duplas, lanças, espadas de uma mão e machados. É possível carregar até duas armas, cada uma com características únicas que favorecem estilos de combate distintos. Além disso, o sistema permite alternar entre as armas em meio aos confrontos, possibilitando a execução de combos que ampliam significativamente o dano causado aos inimigos.

Acredito que todos os jogadores que embarcam em um Soulslike esperam por batalhas grandiosas contra chefes – e claro, com um alto desafio. Em WUCHANG: Fallen Feathers os desenvolvedores pesaram a mão em diversos chefes do inicio do jogo, tornando a experiencia inicial um pouco frustrante. Mas como todo bom jogo do gênero, aprendemos com as mortes, e devo enfatizar que a curva de aprendizado do combate é muito satisfatória. Boa parte da dificuldade está ligada à escassez de explicações sobre mecânicas essenciais, o que pode atrapalhar o entendimento de sistemas cruciais logo de início.

O combate em WUCHANG: Fallen Feathers gira em torno da agressividade e da constante experimentação de builds. Ao longo das minhas 40 horas de gameplay, não houve uma única combinação de arma ou estilo que servisse para todos os chefes. Cada confronto exige uma abordagem distinta, incentivando o uso de diferentes armas, habilidades e mecânicas específicas. Esse aspecto torna as batalhas intensamente dinâmicas e reforça o caráter experimental do jogo, onde adaptar-se é a chave para se dar bem.

Uma das diversas referencias ao nosso amigo Buda / Reprodução: Autor

Plumas caídas

WUCHANG: Fallen Feathers se destaca por adotar uma estrutura narrativa mais direta e menos criptografada do que a maioria dos títulos Soulslike. Em vez de depender exclusivamente de descrições de itens, diálogos enigmáticos ou fragmentos espalhados pelo mundo, o jogo apresenta sua história de forma mais linear e acessível, com diálogos mais claros e eventos que se desenrolam diante do jogador de maneira compreensível.

A direção de arte de WUCHANG: Fallen Feathers é de brilhar os olhos. Os cenários e personagens são ricamente detalhados, com uma paleta de cores vibrante que dá vida ao mundo do jogo e contribui para criar ambientes visualmente marcantes, especialmente durante os confrontos contra chefes da história principal.

No entanto, o mesmo cuidado não reflete na trilha sonora, que adota um estilo que pode não agradar a todos e, em geral, se mostra pouco memorável – muitas vezes passando despercebida. Com exceção de algumas batalhas específicas, a trilha sonora raramente se destaca, deixando a ambientação sonora aquém do restante da experiência oferecida pelo título.

Wuchang em busca de respostas / Reprodução: Autor

Conclusão

WUCHANG: Fallen Feathers é uma excelente escolha para quem busca um Soulslike com mecânicas interessantes e grande desafios, embalado por uma direção de arte impressionante e envolvente. Apesar disso, a trilha sonora deixa a desejar, e a campanha – embora rica em conteúdo – se estende além do necessário, o que pode tornar o ritmo cansativo nas horas finais. Ainda assim, o jogo é mais um grande exemplo do crescimento da indústria chinesa de games, reforçando o alto nível de qualidade que os estúdios do país vêm alcançando nos últimos anos.

Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela 505 Games.

WUCHANG: Fallen Feathers
8.5
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