Blades of Fire – Análise

Pierry Lima (@Pierry8Bit)
Pierry Lima (@Pierry8Bit)

Desenvolvido pela MercurySteam Entertainment, Blades of Fire é uma nova proposta de RPG de ação que busca equilibrar narrativa, combate tático e um sistema de forja inovador dentro de um universo sombrio e estilizado. O título bebe da fonte de jogos como Dark Souls e God of War, mas tenta trilhar um caminho próprio, mesmo que por alguns momentos não alcance o nível desejado.

Forjando seu próprio destino

A trama de Blades of Fire gira em torno de Aran de Lira, um ferreiro que se vê forçado a empunhar as próprias criações após a Rainha Nerea amaldiçoar o reino, transformando metal em pedra viva. Acompanhado pelo jovem aprendiz, Adso, ele recebe um artefato que pode mudar a história, sendo o único capaz de manipular tal peça. Aran e Adso embarcam em uma jornada por redutos devastados, fortalezas em ruínas e florestas corrompidas. Em posse de um dos martelos dos forjadores e junto de seus seguidores, eles terão apenas um objetivo: derrotar a rainha.

Embora o pano de fundo seja intrigante, o desenvolvimento de personagens é superficial. Aran carece de carisma, e Adso, apesar de suas tiradas cômicas, raramente foge do estereótipo de “ajudante tagarela”. NPCs secundários também deixam a desejar, com atuações sem brilho e motivações genéricas. A narrativa serve mais como justificativa para a ação do que como motor emocional da jornada.

O poder em suas mãos

O combate mistura influências dos soulslike com a brutalidade cinemática de God of War, sendo, sem dúvidas, o coração do jogo. Cada confronto exige leitura precisa dos inimigos, gerenciamento de estamina e uso tático de ataques direcionais. Uma das inovações é a possibilidade de mirar partes específicas do corpo dos inimigos, criando uma camada extra de estratégia.

O sistema de forja é um diferencial. Em vez de simplesmente equipar armas, você as cria do zero: seleciona metais, moldes, encantamentos e participa de um minigame manual de martelamento. Quanto melhor sua performance nesse minigame, melhores serão os atributos da arma. É imersivo e oferece senso de autoria, embora possa tornar-se repetitivo com o tempo.

O leque de inimigos também é digno de nota. São mais de 30 tipos diferentes, cada um com padrões e fraquezas únicas. No entanto, chefes não mantêm o mesmo nível de criatividade: muitos são reaproveitados de inimigos comuns, com ataques previsíveis e pouca originalidade no design.

Explorando o mundo

O mundo de Blades of Fire é semiaberto, com regiões interconectadas e desbloqueio de atalhos em estilo metroidvania. As forjas funcionam como checkpoints, onde é possível viajar entre áreas e aprimorar equipamentos. Como técnica narrativa, o game utiliza de pequenas áreas do mapa para contar histórias menores, visando guiar o jogador ao objetivo principal. Por exemplo, logo no início da aventura descobrimos que para chegarmos a nossa “querida” rainha, devemos derrotar um ditador daquela região. Logo, percebemos que algumas partes do mapa são mini sagas fragmentadas para chegar até onde queremos.

Apesar de algumas regiões apresentarem construção de mundo envolvente, a necessidade constante de backtracking pesa contra. A repetição de ambientes e objetivos – como encontrar chaves ou ativar alavancas – quebra o ritmo e gera frustração. Ainda assim, há momentos em que a exploração recompensa com segredos bem escondidos e narrativas ambientais.

Feijão com arroz

Graficamente, o jogo aposta em um estilo semi-cartunesco com toques grotescos. A direção de arte é interessante, criando criaturas deformadas e cenários com identidade, mesmo que nem sempre agradáveis.

A trilha sonora entrega bem, com músicas orquestradas que dão mais impacto a momentos de tensão e heroísmo. Já a dublagem em inglês é funcional, mas por vezes genérica, com falas que se repetem – e muito. Felizmente, a localização para o português está bem feita, tanto em textos quanto em menus.

A campanha principal leva entre 25 a 30 horas, com possibilidade de ultrapassar 60 horas para quem busca completar todas as atividades paralelas, criar todas as armas e explorar cada canto obscuro do mapa.

Conclusão

Blades of Fire é um RPG de ação que, apesar de não reinventar o gênero, oferece uma experiência robusta para quem procura distrair a mente enquanto parte monstros ao meio. O sistema de forja é o grande diferencial, garantindo um sentimento de  progressão autêntica. Mesmo com tantos pontos positivos, os desenvolvedores tropeçaram em elementos importantes, como a narrativa e a variedade de desafios. Ainda assim, para quem aprecia a combinação de dificuldade elevada, ambientação sombria e combate visceral, esta é uma fornalha que vale a pena encarar.

Esta análise é baseada na cópia de PS5 fornecida pela 505 Games.

Blades of Fire
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