Hirogami – Análise

Pierry Lima (@Pierry8Bit)
Pierry Lima (@Pierry8Bit)

Quando falamos de jogos de plataforma 3D, a primeira imagem que vem à mente é algo com mundos vastos, personagens carismáticos e mecânicas variadas que mantém o jogador entretido por horas. Em Hirogami, projeto desenvolvido por apenas 7 pessoas, não fugimos muito deste ideal, porém, o game traz uma proposta visual e mecânica diferente: um mundo inteiro feito de origami, onde o protagonista, Hiro, pode se transformar em várias formas de papel para explorar, lutar e resolver puzzles. É um jogo com identidade, mas como toda dobradura, algumas partes acabam desdobrando problemas inesperados.

O mestre do origami

Em Hirogami, assumimos o papel de Hiro, um mestre da arte do origami residente de Shishiki, que é incumbido de salvar sua terra da invasão do Flagelo, um tipo de força digital que está corrompendo cada metro quadrado de terra. Apesar de pouco apresentar no início, a história do jogo não se desenrola de uma maneira satisfatória, com muitas informações sendo mal apresentadas, além dos acontecimentos não terem me arrancado reações relevantes.

Os principais elementos do jogo são feitos de origami; personagens, inimigos e elementos do cenário. Porém, apesar do visual muito interessante, senti que faltou algo a mais para dar mais carisma aos elementos e personagens apresentados. Posso citar as expressões faciais dos personagens durante diálogos ou momentos de tensão, que basicamente mexem o rosto, mas não passam emoção alguma. Uma boa solução seria utilizar-se mais da vantagem do origami e moldar expressões para causar mais impacto nesses momentos.

Não vá se queimar

Como é de praxe em jogos de plataforma, temos diversas fases para completar, e conforme avançamos, desbloqueamos diversas habilidades que nos auxiliarão na exploração e revisitação de outras fases. Hiro tem como habilidade especial tomar a forma de outros seres e utilizar suas habilidades para alcançar seus objetivos. Seja um tatu para rolar e romper obstáculos, um sapo para saltos maiores ou até mesmo um pássaro que pode voar grandes distâncias; o importante é sempre escolher a forma correta para avançar. Em sua forma original, Hiro pode executar saltos e golpes com seu leque mágico, além de realizar o desbloqueio de novos caminhos com origami.

O design das fases faz bom uso de tais habilidades, e acaba ficando muito claro qual forma deve ser utilizada em determinados trechos. Isso pode acabar desapontando alguns jogadores que preferem maior liberdade e uso de sua criatividade para superar desafios, mas na minha opinião, esse design de fases linear expôs um problema recorrente de Hirogami: a câmera. Perdi a conta de quantas vezes fui enganado pelo péssimo posicionamento que a câmera fica em diversas sessões. Concluir o objetivo de tempo e de não sofrer dano tornou-se uma tarefa impossível de realizar. Por vezes, não era possível entender a posição que terminaria o pulo, onde a habilidade que eu estava usando seria lançada, ou até mesmo depois de cair em um abismo, a câmera simplesmente não resetar e eu ser obrigado a “adivinhar” o caminho às cegas; um verdadeiro show de horrores. Quando finalmente aceitei a derrota, minha vida ficou mais fácil, pois não estava mais preocupado com os objetivos opcionais e sim em concluir o mais rápido possível a campanha.

Assim como o papel, frágil

Em resumo, Hirogami é um jogo de plataforma 3D que chama a atenção pela proposta visual criativa e pelo conceito original de transformar origami em mecânica de gameplay. A identidade artística é forte, mas tropeça em pontos cruciais: narrativa pouco envolvente, personagens sem carisma, e uma câmera que compromete a experiência em vários momentos. Ainda assim, o design de fases e a variedade de formas que Hiro pode assumir mantêm o jogo funcional e interessante em boa parte da campanha. Como uma dobradura, Hirogami impressiona de longe pela estética, mas ao ser manuseado revela fragilidades em sua estrutura.

Esta análise é baseada na cópia de PS5 fornecida pela Kakehashi Games.

Hirogami
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