RKGK / Rakugaki – Análise

Gabriel, vulgo Buda (@budabyte)
8 min de Leitura

RKGK, ou Rakugaki, é um jogo de ação e plataforma desenvolvido pela Wabisabi Games, um estúdio mexicano. Com claras inspirações em títulos que vão dos clássicos aos modernos, como Jet Set Radio e Hi-Fi Rush, o game traz uma sensação nostálgica da era do PlayStation 2, quando o foco era a diversão, e podíamos obter todos os desbloqueáveis sem compras adicionais. No entanto, apesar desse apelo nostálgico, Rakugaki enfrenta alguns problemas.

Colorindo o mundo com grafite

Em Rakugaki, o vilão, conhecido como Sr. Buff, tomou o controle da cidade. Através das telas, ele domina a população, transformando todos em meros bonecos sem alma, criatividade ou liberdade de expressão. Valah, nossa protagonista, junto de seu simpático robô Ayo, planeja restaurar a vida da cidade através do grafite, trazendo cor ao mundo cinza e monótono de Sr. Buff. Para libertar o povo, basta grafitar as telas.

O jogo é linear e dividido em fases, cada uma contendo um objetivo principal e vários secundários. Durante as fases, seguimos uma gameplay padrão: pulamos por plataformas, destruímos caixas para coletar moedas, derrotamos os inimigos robóticos e grafitamos telas. Ao final de cada fase, retornamos ao nosso esconderijo, onde podemos aprender mais sobre o universo de Rakugaki, além de equipar novos trajes e grafites para a protagonista.

Sr. Buff, o vilão de Rakugaki / Reprodução: Autor

Ao ver o primeiro trailer de anúncio, Rakugaki me trouxe uma vibe de Jet Set Radio misturado com Hi-Fi Rush. Embora as semelhanças com o jogo da Sega terminem por aí, a comparação com Hi-Fi Rush é inevitável. Valah é acompanhada do robô Ayo, com um design muito semelhante ao da gatinha 808. A gameplay, apesar de não estar totalmente relacionada à música, também lembra bastante o jogo da finada Tango Gameworks, desde suas plataformas até o combate. Portanto, para quem procura um substituto para Hi-Fi Rush, Rakugaki pode ser uma opção, embora tenha algumas diferenças.

Falando em Hi-Fi Rush e música, uma coisa que Rakugaki fez absurdamente bem foi sua trilha sonora. Composta basicamente por uma grande quantidade de músicas techno, ela combina perfeitamente com a estética do jogo e os ambientes em que ele se passa, harmonizando com a pegada cyberpunk do mundo de Valah. Diversas vezes me peguei balançando a cabeça no ritmo da música durante minha jornada, e me pergunto por que não temos a opção de comprar a trilha sonora na Steam, pois seria compra certa.

Infelizmente, a gameplay de Rakugaki apresenta alguns problemas. Embora seja extremamente fluida e divertida quando Valah está no chão, torna-se meio engessada nos momentos aéreos e de plataformas, quebrando um pouco do ritmo frenético que o jogo pode ter. A câmera, muitas vezes, também pode atrapalhar o jogador, sendo bem perceptível nas batalhas contra chefes, principalmente War-O, o penúltimo chefe e um dos mais difíceis do jogo. Seria melhor abrir um pouco mais o campo de visão da câmera ou, pelo menos, fornecer uma opção para que o jogador possa ajustar isso.

Basta grafitar telas para acabar com a tirania do Sr. Buff / Reprodução: Autor

Sensação nostálgica

Um ponto em que Rakugaki se destaca é no desbloqueio de tudo apenas jogando. Lembra da época do PlayStation 2, quando você conseguia tudo na base da jogatina, sem precisar usar o cartão de crédito? Em RKGK, você pode ter essa experiência novamente. Rejogue as fases diversas vezes, de formas diferentes, seja visando coletar tudo ou fazer o menor tempo possível. Você sempre será recompensado de alguma forma através dos desafios. Isso não apenas torna a experiência interessante para desbloquear novos visuais e grafites, mas também adiciona um fator de rejogabilidade ao game.

A quantidade de trajes e grafites disponíveis para Valah e Ayo é interessante, permitindo fazer combinações diferentes, unindo peças de diferentes conjuntos. As referências dos trajes são inúmeras, incluindo Naruto, Kill Bill, Sailor Moon, Dragon Ball e até alguns modelos que lembram um mangá e um jogo low poly. São detalhes como esses que tornam gratificante realizar todos os desafios das fases, visando desbloquear absolutamente tudo.

Valah ou Beatrix Kiddo? / Reprodução: Autor

Falta uma cor para Rakugaki

Com apenas uma hora de gameplay, já senti o maior problema de Rakugaki: falta alma. Não me entendam mal, existe uma base relativamente sólida e a gameplay funciona apesar de alguns probleminhas aqui e ali, mas diria que falta mais inspiração. As influências de outros jogos são muito evidentes, e faltou um pouco mais de ousadia por parte da Wabisabi Games, algo que criasse uma identidade própria a RKGK. Tirando sua trilha sonora techno, nada nessa experiência é realmente único.

A história e os personagens também não ajudam. O vilão é apenas mais um clichê de cientista maluco tentando controlar o mundo, e nossos amigos, que basicamente funcionam como uma loja de roupas e grafites, são pouco interessantes ou úteis, dando a impressão de que o time Rakugaki foi criado às pressas pelos desenvolvedores. Os diálogos entre Valah e seus amigos oferecem poucas informações relevantes sobre o universo do jogo e, no geral, são momentos de uma leve vergonha alheia.

Diálogos de Rakugaki não são dos melhores / Reprodução: Autor

Bom dentro do seu escopo, mas há opções melhores

Rakugaki, no fim das contas, é um bom jogo, mas nada muito além disso. Existem diversos momentos em que você vai estar com um sorriso no rosto, aproveitando os momentos frenéticos ao som de um bom techno, mas a sensação de “existem jogos que fazem o mesmo, só que melhor” frequentemente paira na mente do jogador, especialmente considerando o preço do game. Faltou arriscar mais para tornar RKGK um verdadeiro destaque entre os jogos do gênero, apesar da experiência positiva. Nota final: 7.0/10.

Prós:

  • Gameplay divertida, apesar de alguns probleminhas
  • Diversas roupas e grafites para desbloquear
  • Trilha sonora techno muito boa
  • Fator replay

Contras:

  • Em alguns momentos, o game pode parecer meio engessado
  • Pouco destaque em relação a outros jogos semelhantes, faltou identidade própria
  • História clichê com personagens totalmente inúteis

RKGK / Rakugaki: Rakugaki, no fim das contas, é um bom jogo, mas nada muito além disso. Faltou arriscar mais para tornar RKGK um verdadeiro destaque entre os jogos do gênero, apesar da experiência positiva. Mas foi um bom começo para o debut do estúdio mexicano. budabyte

7
von 10
2024-06-16T12:49:34-0300
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