Copycat – Análise

Alan (@Alanzice)
8 min de Leitura

Copycat é um jogo indie de aventura narrativa, que combina uma história bastante tocante com gameplay simples porém funcional. Desenvolvido pelo estúdio independente australiano Spoonful of Wonder e distribuído digitalmente pela Nuuvem, o game coloca os jogadores na pele de Dawn, uma gatinha de rua que forma uma relação profunda com Olive, uma senhora idosa enfrentando desafios familiares e de saúde. A narrativa principal explora temas como o amor, perda, busca por pertencimento, relações familiares e a relação de um gatinho de rua com o mundo da adoção, trazendo uma carga emocional poderosa para aqueles que embarcam nessa jornada. Ele está disponível para PC e todas as plataformas atuais.

A história é o ponto forte

Já vou dizer logo: Copycat é um daqueles jogos que vai te fazer chorar. Apesar da carinha fofa e as semelhanças com outro jogo de gato, Stray, o game lida com temas e decisões pesadas e se destaca pela sua capacidade de gerar uma conexão emocional intensa com os personagens. Dawn, a gatinha, é inicialmente desconfiada dos humanos, como muitos gatos vira-lata são, mas lentamente constrói um vínculo com a idosa Olive, o que permeia boa parte da narrativa. A relação entre Olive e sua filha Mae é um dos pontos centrais no desenvolvimento da história, que é carregada de tensões familiares e decisões difíceis. O jogo também explora a deterioração da saúde de Olive e as implicações disso em sua vida e na dinâmica com sua filha, o que já traz situações pesadas por si só, principalmente para aqueles que viveram isso​.

Mas isso é só uma parte da narrativa. Enquanto controla Dawn durante o jogo, você também descobre um pouco mais sobre ela. Como muitos gatos de rua, ela viveu situações terríveis e está cheia de traumas e você sentirá na pele enquanto joga e é parte do motivo pelo qual o jogo pode ser tão devastador, emocionalmente falando. É claramente um jogo feito por quem tem gatos para pessoas que tem gatos. Aqueles que tem ou já tiveram uma dessas bolinhas de pelo em casa, certamente serão tocadas pela narrativa do jogo. Vou me conter em falar da história por aqui porque muito da graça e da emoção vem justamente da sua experiência com ela e se você já teve gatos ou outros animais na sua vida.

E esse é o verdadeiro ponto forte de Copycat, a sua capacidade de tocar emocionalmente o jogador. A história, embora simples, tem um impacto profundo, especialmente para quem já viveu experiências semelhantes de luto, perda ou convívio com animais de estimação. De vez em quando o jogo tenta quebrar um pouco a parte emotiva com algumas piadas e situações engraçadas, tendo até mesmo algumas sequências de sonho envolvendo a gatinha, mas logo você irá voltar a dura realidade em que os personagens vivem.

Mas não pense que isso significa que a narrativa é perfeita. Apesar de um começo bastante sólido, eu diria que a história sofre uma queda na segunda metade do jogo e o final certamente irá gerar debates mas ainda assim vale a experiência para os fortes do coração. Fazia tempo que não via um jogo que universalmente deixava tantas pessoas emotivas. Esse é uma daquelas experiências que vai ficar contigo por bastante tempo após terminá-lo. E acredito que os donos de gatinhos irão mimar ainda mais seus bichinhos após jogarem.

O jogo em si

Mas Copycat não é apenas a narrativa.  Como de costume para jogos desse tipo, a jogabilidade é bem simples. Ao controlar a gatinha Dawn, você explora o mundo ao seu redor e faz muitas gatices no formato de mini-games, como derrubar objetos e destruir rolos de papel higiênico. Esses momentos onde você realmente age como um gato bagunceiro certamente são engraçadinhos mas é a jogatina que é justamente a parte mais fraca do jogo.

O polimento do jogo em termos de movimento (e até mesmo gráficos) deixa a desejar, o que até é compreensível vindo do primeiro jogo e um estúdio pequeno de apenas 3 pessoas. Eu não diria que estraga a experiência, mas pode distrair e te desconectar um pouco da forte narrativa e também acaba sendo um contraste em relação a mesma, que com certeza teve muito carinho e tempo investido em sua produção.

Visualmente, Copycat também é bem simples. Em alguns momentos a iluminação ajuda e gera cenas marcantes mas no geral o jogo não irá ganhar nenhum prêmio pelos seus gráficos. A animação dos humanos é apenas ok mas a movimentação dos gatos é um dos destaques, na minha opinião. É legal ver todos os pequenos detalhes em seus pulos, corridas e até mesmo balançando as perninhas enquanto dormem.

A trilha sonora original eu diria que é eficaz. Nos momentos certos, a música contribui significativamente para a imersão emocional do jogador, elevando os momentos-chave da narrativa. Em muitos momentos, a combinação da música com as situações de exploração ou conflito cria uma atmosfera de serenidade e caos, refletindo a vida diária de um gato. A dublagem, embora focada principalmente nos personagens humanos, é bem realizada, com vozes que capturam a essência de cada personalidade​. E é uma boa forma de você treinar seu inglês australiano também. O jogo vem totalmente legendado em português então o conhecimento de inglês é apenas um bônus.

Vale lembrar também que o jogo é bem curtinho, em 2 ou 3 horas você já termina. Normalmente você encontra ele custando de 30 a 35 reais, o que eu diria que vale. Afinal, a experiência em participar da história irá ficar contigo por um bom tempo com certeza e hoje em dia um cinema custa mais do que isso.

Concluindo

Copycat é uma experiência curta mas emocionalmente poderosa. A narrativa é o que torna o jogo uma fácil recomendação, principalmente para os amantes de gatos e história fortes, mas tenha em mente que você irá se emocionar. Embora tenha limitações claras em termos de jogabilidade e gráficos, o jogo compensa essas falhas com muito a amor e coração sendo colocado em sua produção. Nem preciso dizer novamente que é mais que recomendado.

Ficou interessado? Você pode obter a versão de PC do jogo diretamente na Nuuvem clicando aqui.

Copycat
7
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