Chickenhare and the treasure of Spiking-Beard – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)
Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)

Chickenhare and the treasure of Spiking-Beard é um jogo de ação e plataforma 3D desenvolvido e publicado pelo novato estúdio belga N-Zone. Antes focado em experiências mobile e blockchain, o estúdio agora lança seu primeiro título “sério”, inspirado na novela gráfica Chickenhare e certamente servindo como impulso para o novo filme da franquia, Chickenhare and the Secret of the Groundhog, lançado internacionalmente no mesmo dia do game. Lembrando muito os famigerados “movie tie-in games” do PlayStation 2, Chickenhare promete uma experiência casual voltada à audiência mais jovem – mas será que oferece diversão suficiente para cativar o público? Vem comigo nesta análise e acompanhe a aventura de Hopper e seus amigos!

Spikingbeard

Chickenhare tem início com o vilão Spikingbeard roubando a pena arco-íris, um artefato mágico criado por sete magos, que condensaram sua magia nele a fim de criar portais e unir toda a humanidade. Após um caso de traição, os magos dos sete reinos desfizeram a pena, e cada um jurou proteger um de seus cristais. Embora a pena tenha sido escondida, Spikingbeard a encontrou, conseguindo utilizar seus portais após roubar o primeiro cristal do rei – pai de Hopper. Como em um clássico filme para crianças, cabe ao nosso grupinho ser o herói da história e salvar o mundo.

A trama de Chickenhare é simplória, resumindo-se ao trio de protagonistas – Chickenhare (ou Hopper), Meg e Abe – pulando de mundo em mundo atrás de Spikingbeard. Não há nada de muito elaborado, e os próprios chefes apenas existem, servindo mais como um contratempo para Hopper e seus amigos, já que boa parte deles está sendo enganado pelo vilão. É até uma situação curiosa: chefes costumam ser inimigos, mas aqui, tecnicamente, são nossos aliados (vai entender). O desfecho do game é previsível, típico de histórias infantis, e, para piorar, a cutscene final deve ter menos de 30 segundos, o que é um tanto deprimente. Tudo bem, sou um adulto jogando algo para crianças, mas creio que até elas devem se decepcionar com o quão rasa é a trama de Chickenhare.

Hopper e seus amigos / Reprodução: Autor

Salte como um Frangoelho

Chickenhare apresenta a clássica gameplay de um jogo de plataforma 3D, focando em pulos e na resolução de um ou outro puzzle – estes sendo bem simples, no geral. Hopper pode flutuar com suas orelhas, a tartaruga Abe utiliza seu casco para quebrar o chão e deslizar em rampas, e a gambá Meg é uma lutadora que pode golpear inimigos e usar um golpe especial tradicional da espécie – um gás que causa dano em área. Podemos trocar entre os três protagonistas de forma praticamente instantânea, e cada momento da fase pede um personagem diferente para avançar.

Cada mundo do jogo é composto por três fases e uma batalha contra um chefe. É possível conquistar até cinco estrelas em cada nível, que, no fim das contas, servem apenas para o desbloqueio de conquistas na plataforma de preferência. Os chefes costumam ser simples de derrotar e, em geral, o protagonista Chickenhare será o mais utilizado devido à sua ótima habilidade de flutuar – algo que achei um tanto decepcionante, afinal, como assim não posso usar a gambá lutadora pra descer a porrada no chefe?

Apesar de simples, a gameplay de Chickenhare é funcional. Existem, sim, alguns bugs aqui e ali – principalmente em plataformas móveis, nas quais não é incomum o personagem ficar preso quando há uma acima e outra abaixo. A câmera, praticamente fixa, não atrapalha, o que já é um grande ponto positivo, embora às vezes seja difícil determinar onde o personagem vai cair durante os pulos, mesmo com o indicador circular sendo exibido. A experiência oferecida pelo game é, em geral, bem fácil – acredito que para apelar ao público infantil – e, a não ser que você busque o 100% das conquistas, não encontrará dificuldade em nível algum.

Coitada da tartaruga / Reprodução: Autor

(insira música genérica aqui)

Graficamente, Chickenhare oscila bastante. Existem fases em que o jogo parece digno da geração PlayStation 3; já outras, principalmente as que envolvem água, costumam ser mais belas. O maior problema, no geral, são as texturas de baixa qualidade que, para piorar, em diversos momentos sequer carregam – especialmente no início das fases ou em transições de cutscene. Em certo momento, Spikingbeard deveria estar caminhando sobre um cais, mas, devido aos problemas técnicos, acabou flutuando em direção ao nada.

A trilha sonora de Chickenhare também é bem “qualquer coisa”, oscilando mais para o lado ruim do que para o bom. As músicas são extremamente repetitivas e pouco se encaixam com o ambiente em que estamos jogando. Sobreposição de faixas também não é incomum, ocorrendo principalmente ao final de uma fase, quando a música atual se mistura com o tema do menu. Além disso, as vozes dos personagens tem volume baixo e pouco marcam presença no game, sendo audíveis apenas em cutscenes específicas – já que, durante a gameplay, os protagonistas mal mexem a boca. Entendo que dublagem não é algo barato, mas deixar caixas de texto na tela enquanto o jogo permanece em completo silêncio também é um pouco demais, não?

Certamente uma experiência

Chickenhare and the treasure of Spiking-Beard acaba sendo apenas um simples jogo de plataforma criado para chamar atenção para o novo filme da franquia. Nada aqui é realmente marcante – a trama é rasa, a gameplay carece de profundidade e há alguns problemas técnicos. Se você é fã de Chickenhare (se é que isso existe), talvez valha a pena conferir o título, mas para quem busca uma experiência divertida em jogos de plataforma, há opções infinitamente melhores no mercado.

Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pelo N-Zone.

Chickenhare and the treasure of Spiking-Beard
5
Compartilhe esse artigo
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *