Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage – Análise

Rafael Mendonça
Rafael Mendonça

Vamos lá, contando:

  1. Virtua Fighter 5 (2006)
  2. Virtua Fighter 5 Online (2007)
  3. Virtua Fighter 5 R (2008 – só nos fliperamas)
  4. Virtua Fighter 5: Final Showdown (2016)
  5. Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown (2021)
  6. Virtua Fighter 5 R.E.V.O. (2025)

E agora o Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage, também em 2025, mas no finalzinho do ano. Estamos falando de sete iterações diferentes do mesmo jogo, que já tem quase 20 anos de estrada. Assim como o GTA V, VF 5 se recusa a morrer. Será que isso tem a ver com o 5 no nome? Vai saber.

No começo do ano, tivemos o Virtua Fighter 5 R.E.V.O., que foi uma versão atualizada do Ultimate Showdown, basicamente um “remake” que saiu exclusivamente para o PS4. Essa nova versão (até então) foi lançada exclusivamente para o computador e marcou o retorno da franquia para os PCs, mais de 30 anos depois desde o Virtua Fighter 2. O jogo recebeu algumas atualizações da versão de PS4, entre outros extras como melhorias gráficas e rollback netcode para as partidas online, mas ainda ficou devendo um bocado em novos conteúdos.

Pouco mais de seis meses depois, tal qual uma peça de publicidade sendo aprovada pela trigésima vez, a versão final do Virtua Fighter 5 parece fechar de vez as duas décadas de estrada de um dos melhores jogos de luta 3D dos videogames, apesar da idade mais que cansada do título.

Fizemos uma análise sobre a versão R.E.V.O. aqui na GameFM, falando justamente sobre a falta de conteúdo da versão R.E.V.O., mas, para a alegria de quem já tinha a versão de PC, fica a boa notícia do incremento de conteúdo com a versão World Stage vindo de graça (salvo os DLCs com conteúdos extras, que ainda continuam pagos), além da possibilidade de jogar em crossplay contra todas as outras versões do jogo. E para quem não tinha experimentado Virtua Fighter 5 até então ou ficou de olho para comprar a nova versão nos consoles, vale a pena? Venha saber todos os detalhes.

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Versão final (agora vai)

A versão R.E.V.O. foi bem recebida, dentre todas as mudanças possíveis, pela adição do Rollback Netcode, funcionalidade que sempre é pedida entre 11 a cada 10 jogadores de jogos de luta online. Mas, para além desse incremento, a verdade é que a versão que ficou exclusiva no PC (até então) trazia poucas novidades e um sentimento de que o Virtua Fighter 5 merecia muito mais para uma versão definitiva, principalmente no modo offline. Felizmente, parece que a Sega ouviu algumas reclamações e trouxe um conteúdo mais focado no jogador e que lembra um bocado modos bem divertidos que tinham na versão original do Virtua Fighter 5 e também do Virtua Fighter 4. A nova versão também recebeu uma opção com tradução em PT-BR, finalmente! Salvo um ou outro errinho de português, o conteúdo traduzido está bem consistente.

Antes de focar no conteúdo, já quero trazer, talvez, o que seja mais polêmico do jogo: o preço das DLCs. As versões de console receberam um valor bastante amigável para o jogo base, com todas as novas opções de jogo disponíveis, o que é ótimo para deixá-lo mais acessível para uma nova base de jogadores. Em relação ao preço original, você tem, talvez, um dos melhores jogos de luta 3D da história por um valor honesto. Porém, para os itens cosméticos como novos trajes de usuários e mudanças de roupa, cabelo e acessórios, é necessário desembolsar um preço bem salgado nos vários DLCs que foram criados de forma separada para ter acesso às roupas que já vinham gratuitamente na versão original do Virtua Fighter 5.

Nesse ponto aqui, é um certo vacilo: a média de preço dos DLCs está praticamente igual ao valor do jogo e habilitam apenas uma fração da variedade de milhares de itens disponíveis na customização. DLCs comemorativos, como as roupas do Tekken e do Like a Dragon (que curiosamente eles continuam chamando de Yakuza no título do DLC), são vendidos à parte também. A Dural, chefe final do jogo, também custa salgadíssimos R$ 40 para ser habilitada, sem nenhum outro extra em conjunto.

Para ter a versão definitiva e completa do jogo, aí sim, o valor final não é nem um pouco atrativo. Trata-se de uma estratégia da Sega de tentar diluir o valor na versão base e ganhar um pouco mais de grana em conteúdo que já existia antes, mas dessa vez atrás de um paywall. De longe, é o pior aspecto do jogo, caso você queira aproveitá-lo ao máximo, levando em conta a customização dos personagens.

Para quem não liga tanto para a customização, o pacote é bem mais simplório que a maioria dos jogos atuais desse gênero, mas ainda é válido: o jogo se divide entre o foco no online com partidas ranqueadas, salas livres para chamar amigos ou sair invadindo e botando o pau para torar com todo mundo, além de eventuais torneios que são habilitados dependendo do dia e horário que você está jogando – e o modo offline com o modo arcade (que está disponível em todas as versões do VF 5) e, agora, a adição do modo de jornada, algo que estava disponível no Virtua Fighter 5 original, mas de forma um pouco mais simplificada e divertida. Além disso, os modos de treinamento receberam algumas seções a mais para explicar mecânicas do jogo e ensinar combos específicos de personagens, algo sempre bem-vindo.

Quanto à experiência em si, visualmente falando, acho que ela poderia ser melhor e mais distinta que as últimas atualizações: o visual do Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é idêntico à versão R.E.V.O., que é idêntico ao Ultimate Showdown. A navegação nos menus é pouco chamativa e chega a ser difícil saber quais são os novos conteúdos disponíveis. Nesse aspecto, sinto muita falta do menu mais modernoso do Virtua Fighter 5 original (que é bonito até hoje) ou do menu mais simplificado, mas ainda bem bonito do Virtua Fighter 4 EVO.

Menus à parte, temos como principal atrativo o modo de jornada.

A inesgotável seleção de 6 cores de camisa para selecionar (caso você não compre o DLC)

Em busca das estrelas

O modo jornada offline é, de longe, a melhor adição do Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage e é muito bem-vinda. Trata-se de uma franquia com uma jogabilidade e diversão excelentes, mas que tem uma curva de aprendizado um pouco mais íngreme que a dos demais jogos de luta. E nas últimas versões, o foco nas opções online deixava essa sensação de afastamento para novos jogadores, mesmo que a seção de treinamento trouxesse todos os golpes disponíveis para treinar.

Dessa vez, a jogatina offline, para além do “pegar e jogar sem compromisso” do modo arcade, traz esse senso de progressão no modo jornada que veio desde o Virtua Fighter 4 EVO do PlayStation 2 – e que absorveu um bocado dele nessa nova versão. Nesse modo exclusivo, você pode selecionar qualquer personagem e enfrentar inimigos que estão divididos entre diferentes “casas de fliperama”. Essa ideia é uma brincadeira bem saudosa em relação ao status da franquia no passado: Virtua Fighter foi um dos jogos de luta mais importantes e jogados nos fliperamas japoneses e muitos campeonatos aconteceram em casas de fliperamas pelo país. A ideia aqui é emular essa época, fazendo com que você jogue com rivais, controlados pelo computador, que assimilam o modo de jogar de vários jogadores japoneses de Virtua Fighter. Essa proposta foi criada justamente no Virtua Fighter 4 EVO e está de volta aqui, de forma bem mais simplificada, mas é uma adição e tanto.

Além de testar suas habilidades constantemente, já que cada casa de fliperama virtual possui seus próprios rivais e dificuldade (que aumenta de forma exponencial nas últimas casas de fliperama), o modo jornada também habilita novas peças de roupas para todos os personagens do jogo. Para quem não comprou os DLCs, vai ter que se contentar com apenas poucas variações de roupas e cabelo, mas já é alguma coisa.

Esse modo possui um sistema próprio de subida de ranking que já é bem famoso na franquia e que também foi utilizado no Tekken: você começa no rank kyu, sobe para o rank dan e depois vai ganhando títulos mais imponentes que mostram seu grau de habilidade e que também alteram na quantidade de experiência que você pode ganhar ou perder enfrentando inimigos de ranks similares ou muito diferentes. Como a dificuldade aumenta bastante mais à frente, prepare-se para sofrer algumas demoções caso você não se dedique bem em aprender o combate.

A adição foi, de longe, o ponto mais alto do jogo, pois o desafio presente aqui é bem constante e vai fazendo com que, aos poucos, você precise pegar as nuances do combate, de quando saber se defender, esquivar e contra-atacar para ganhar as partidas. É quase como um treinamento definitivo para você entrar no modo online preparado em busca do mais forte.

O jogo mantém um tracking separado do seu ranking, das partidas com vitória e derrota e do registro de rivais já enfrentados, então é possível criar diferentes saves nesse modo ou recomeçar tudo de novo, caso você não esteja feliz com o seu progresso.

O modo offline de jornada é, de longe, a melhor adição do jogo

O vazio de Virtua Fighter (no caso, o modo online)

A maior diferença do modo online no Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é a implementação do Rollback Netcode nas versões de console junto à possibilidade de jogar via crossplay com todas as plataformas em que o jogo foi lançado. Em teoria, isso é perfeito: dá uma sobrevida considerável para um jogo mais que antigo, une a base de jogadores em diferentes consoles e dá a liberdade de você jogar da forma que mais lhe apetecer – no caso do Switch 2 sendo possível jogar o jogo como um portátil ainda por cima, algo que, pelo menos para mim, é um sonho.

Mas, na prática, isso infelizmente não acontece por conta de dois fatores: o primeiro está justamente na idade mais que velha do jogo. 20 anos para um jogo é muita coisa e, por mais que as novas versões e plataformas ajudem a propagar o interesse para novas pessoas, além do preço mais baixo, o interesse pelo jogo não vai simplesmente viralizar assim do nada – muitos estão mais interessados em esperar o novo Virtua Fighter 6 do que necessariamente voltar ao Virtua Fighter 5. O segundo fator está relacionado à estratégia da Sega que foi bem infeliz, ao meu ver: apesar de seis meses não ser um prazo tão demorado assim para relançar um jogo, essa demora para transferir para os consoles algo que já estava pronto nos PCs fez com que o jogo não atingisse tanto interesse assim nos videogames.

Um dos pontos cruciais que a Sega deixou passar foi não lançar o jogo em conjunto com o lançamento do Switch 2, algo que poderia alavancar um pouco mais as vendas por ser uma opção mais barata e disponível logo de início para os donos do console. A versão de Switch 2, por acaso, ainda nem foi lançada até a data de divulgação desta análise e vai perder um timing bem importante em relação à base ativa de jogadores online.

O que sobra atualmente é um modo online vazio em partidas ranqueadas e um pouco mais movimentado nas partidas em sala. Como o progresso do modo online é diferente do offline, é necessário aumentar separadamente seu ranking de títulos lutando contra jogadores e as partidas ranqueadas são as melhores formas para isso. Só que fica difícil quando não se encontra alguém para jogar online, independentemente do dia ou horário.

Por se tratar de uma opção separada, você pode escolher alguns filtros de seleção de partida ou se vai ativar o crossplay entre plataformas ou não. Mesmo “afrouxando” os filtros, colocando preferência para lutar com literalmente qualquer alma que esteja online, independentemente de qualidade de conexão, comportamento ou plataforma, minha experiência foi ficar, em média, mais de 10 minutos esperando uma partida online, quase sempre para achar alguém com uma conexão péssima, que nem o melhor Rollback Netcode do mundo conseguiria resolver.

Além disso, muito da minha experiência na semana de lançamento foi enfrentar, na maior parte do tempo, jogadores caça-troféus no PlayStation e no PC, que programam o controle apenas para socar infinitamente, em busca dos troféus de completar 600 partidas ranqueadas online. Das 25 partidas que joguei nos dois dias de lançamento do jogo, 23 eram de jogadores que socavam sem parar, bastando apenas ficar agachado socando de volta, me gerando um total de zero diversão.

Não é um problema que destrói o jogo, mas que compromete e muito o modo online, que é uma das partes mais focadas do Virtua Fighter 5, desde a versão Ultimate Showdown. A Sega poderia (e ainda pode, se ela prestar atenção) aproveitar a interface do jogo para criar uma opção mais inteligente de busca de partidas online, algo que a Capcom já fazia desde o Street Fighter IV – em vez de limitar o jogador a ficar mofando em uma tela de treinamento enquanto busca por jogadores online, o jogo poderia integrar a busca de partidas online em conjunto com o modo offline de arcade e de jornada, criando uma experiência mais dinâmica e em sinergia com ambos os modos do jogo.

Dessa forma, mesmo jogando com foco em um modo offline, você poderia estar ativamente procurando por jogadores online. Trata-se de uma estratégia simples, mas que ao mesmo tempo tem potencial para movimentar o lobby de jogadores, principalmente nas partidas ranqueadas, que, atualmente, parecem uma várzea.

ALGUÉM DISSE YAKUUUUZA?

Eternizando um clássico (até a próxima versão)

Apesar de alguns problemas notáveis na experiência online e no preço salgado dos DLCs por conta das estratégias de lançamento da Sega, o jogo pode ser, sim, considerado a versão definitiva do Virtua Fighter 5 e muito disso está no balanceamento de uma mecânica de praticamente 20 anos que continua divertida e icônica até hoje para se aprofundar. Virtua Fighter 5, apesar de visualmente não parecer tão apelativo quanto os jogos de luta da geração atual, ainda é um jogo incrivelmente divertido, complexo e maravilhoso de se aprender.

Parte do aprendizado das mecânicas da série está mais facilitado e divertido devido à adição do antigo modo de jornada, reformulado de forma mais simplificada e desafiadora nessa nova versão. Para quem desembolsou um dinheiro também nas DLCs, pode ao menos brincar de forma mais completa no modo de edição de personagens, que tem uma seleção modesta de itens – ainda muitos em falta em relação à versão original, vale lembrar.

Em comparação à versão R.E.V.O. que saiu apenas para PC em março de 2025, a versão World Stage tem mais para entregar por um bom preço (sem os DLCs) e com a possibilidade de jogar com qualquer pessoa via crossplay. O que falta aqui é um pouco mais de atenção da Sega para levar em consideração os feedbacks da base de jogadores, assim como levou no update dessa versão, para fazer alterações básicas que facilitem a integração entre o modo online e offline. Dessa forma, com partidas online mais fáceis e dinâmicas de se configurar e achar, em conjunto com o conteúdo atual que o jogo oferece, teremos, de fato, a versão mais refinada possível desse jogo que tem muito valor para quem, assim como eu, ama demais a série.

O ser humano no ápice de sua forma corporal
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage
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