Sou um amante de jogos do estilo monster taming, como Pokémon e Digimon, que estiveram presentes por toda a minha infância, adolescência e vida adulta. Comecei a jogar na época da febre desses jogos e logo ganhei meu primeiro Game Boy Color com Pokémon Blue, que joguei até a exaustão do cartucho.
Ao longo dos anos seguintes, fui me aprofundando cada vez mais no universo Pokémon, jogando todos os títulos lançados, até chegarmos ao primeiro jogo verdadeiramente em 3D da série: Pokémon X/Y. Foi uma loucura na época: enquanto muitos criticavam o novo título, eu só conseguia imaginar que tipo de aventura me aguardava.
Quando os jogos foram lançados, mergulhei de cabeça novamente, mas ao chegar ao final, senti que faltava algo – um verdadeiro end game. Pois bem, doze anos depois, finalmente chegou: Pokémon Legends Z-A, o jogo que serve como continuação direta de Pokémon X/Y e o tão aguardado desfecho que todos os órfãos de Kalos pediam.
História
A história se passa cinco anos após os eventos de Pokémon X/Y. Lumiose City está se reerguendo depois da catástrofe anterior, e podemos ver que a torre central emana uma aura misteriosa de Mega Evolução.
Assumimos o papel de um treinador que está apenas de passagem pela cidade. Logo no início, encontramos Taunie ou Urban, dependendo da escolha de protagonista (masculino ou feminino). Eles estão gravando um vídeo para apresentar o Hotel Z (local onde trabalham) e convidam o jogador a se hospedar e também a se juntar à sua equipe, a Equipe MZ, que participa do campeonato Z-A, uma competição que movimenta toda Lumiose.
A partir daí, a trama se desenrola. Em meio a um campeonato noturno, o protagonista precisa subir do Rank Z até o Rank A, enquanto desvenda o mistério dos Pokémon selvagens que estão Mega Evoluindo por conta própria e causando o caos pela cidade.
A jornada dura cerca de 40 horas, com várias participações de rostos conhecidos e momentos de pura nostalgia para quem jogou Pokémon X/Y.
Gameplay
Esqueça as clássicas rotas e o mapa aberto que permite explorar toda a região de Kalos. Em Pokémon Legends Z-A, o jogo se passa inteiramente em Lumiose City, que agora está muito maior, cheia de becos e ruelas.
Aqui, encontramos Pokémon espalhados por toda a cidade – nos telhados, rios e até nos esgotos – em áreas chamadas Wild Zones, onde é possível capturar os monstrinhos. Essas zonas abrigam uma ampla variedade de espécies e biomas urbanos.
Prepare-se, pois ao iniciar o jogo, nos deparamos com o tutorial mais longo e cansativo da história da franquia. Logo após a chegada à cidade, somos submetidos a uma série de diálogos e explicações sobre como jogar e o que está acontecendo. Há muitas paredes invisíveis e constantes interrupções dos colegas de equipe, que ligam para avisar que você está indo pelo lado errado de onde fica a missão.
Além disso, à noite surgem as Battle Zones, locais onde os treinadores competem pelo Rank A. Ao acumular um número suficiente de pontos, é possível desafiar o líder do ranking atual para subir de posição.
É nas batalhas, porém, que o jogo realmente brilha. Pokémon Legends Z-A apresenta um novo estilo de combate em tempo real, algo nunca antes visto na franquia. O jogador dá comandos diretos ao Pokémon, que luta de forma dinâmica – lembrando muito as batalhas dos animes. Para mim, é a melhor experiência de combate que a série já ofereceu.
O modo multiplayer é igualmente empolgante: até quatro jogadores podem batalhar simultaneamente, acumulando pontos para subir de Rank e seguindo o mesmo sistema do Rank Z ao A, embora aqui a progressão seja mais rápida.
A cidade também está cheia de missões secundárias – com algumas sendo simples batalhas, e outras exalando criatividade e carisma. É um jogo muito diferente do que estamos acostumados a ver na série.
A customização do protagonista está excelente, com várias roupas e acessórios disponíveis. Porém, na minha opinião, poderiam ter adicionado mais estilos de cabelo para aumentar a diversidade das opções.
Além disso, as Mega Evoluções estão de volta, totalmente integradas às lutas e com novas animações incríveis – um verdadeiro show para quem sentia falta dessa mecânica clássica.
Gráficos
Os gráficos talvez sejam o ponto mais fraco da aventura – mas com algumas ressalvas.
Por um lado, a cidade em si carece de detalhes: prédios repetidos, janelas sem profundidade e um visual que, para um jogo de mundo semiaberto (“open-bairro”, digamos assim), poderia ter sido mais caprichado. Além disso, a cidade não é tão grande, e com o sistema de fast travel, acaba parecendo ainda menor.
Por outro lado, o interior dos estabelecimentos é simplesmente impressionante – muito bem detalhado e cheio de vida, quase parecendo de outro jogo. A interação com os Pokémon também é encantadora: eles estão mais expressivos e carismáticos do que nunca, o que ajuda a compensar a simplicidade dos cenários externos.
Mesmo assim, como passamos boa parte do tempo explorando a cidade, dá para sentir um certo descuido no design urbano.
Som
Divino – não há outra palavra para descrever a trilha sonora desse jogo. As músicas são incrivelmente boas, com destaque para os temas dos Líderes de Ranking.
A última faixa, especialmente, é de arrepiar – dá vontade de dançar! Minha favorita é a da Canari, embora todas sejam excelentes.
Além disso, há releituras de músicas clássicas da série Pokémon, com novos timbres e arranjos, o que reforça o tom nostálgico sem perder a originalidade.
Conclusão
Pokémon Legends Z-A é, sem dúvida, o retorno triunfal a Kalos que os fãs de X/Y esperavam há anos. É a continuação direta e o verdadeiro final que a região merecia.
No entanto, não o recomendo como primeiro jogo de Pokémon. Nesse caso, títulos como Sword & Shield são mais indicados, por apresentarem melhor a estrutura tradicional da série. Legends Z-A muda bastante o estilo de batalha e provavelmente não ditará o padrão para os jogos principais. Mas, para os veteranos da franquia, é uma experiência imperdível – divertida, desafiadora e cheia de surpresas.
Se você, assim como eu, cresceu com Pokémon, pode ir sem medo: vai encontrar o jogo mais divertido em décadas, que vai te render horas e horas de diversão, batalhas intensas e mistérios fascinantes para desvendar.
Esta análise é baseada na cópia de Nintendo Switch 2 adquirida pelo autor.










