Os 20 anos da minha fantasia pessoal

Felipe Vinha
6 min de Leitura

FF71

Hoje, 31 de janeiro, comemoramos 20 anos de Final Fantasy VII. É claro que ele saiu primeiro no Japão e veio a ser lançado nos EUA, em inglês, apenas meses depois. Mas a diferença para minha história pessoal é pouca, pois joguei em japonês, originalmente.

Na época, eu era apenas uma criança que queria jogar videogames e tirar boas notas na escola. Um grande amigo naquele ano me disse que estava com o game que era a febre do momento: Final Fantasy VII. Ele jogava emprestado na casa do tio, em japonês, fazendo anotações no caderno para gravar as matérias (os objetos usados nas magias), itens, opções de save e golpes especiais.

Era uma época “difícil”. Sequer sonhava em aprender japonês um dia e meu inglês estava apenas engatinhando — poucos anos antes, comecei a aprender a língua estrangeira ao jogar Chrono Trigger, no SNES da locadora. Então, o jeito foi seguir o mesmo caminho do então amigo.

Quando finalmente consegui o jogo emprestado, obtive também o caderno com todas as anotações. Tratei como um tesouro. Ali, segundo o meu amigo, ele anotou a duras pernas o que era cada matéria do game, após “curar inimigos, usar magia de fogo nos aliados” e por aí vai.

E assim eu joguei Final Fantasy VII, até bem próximo do fim, pela primeira vez. Estava tudo em japonês, eu não fazia ideia do que os personagens estavam falando, mas como era gostosa a jogabilidade, as batalhas, as invocações, sair de Midgard, pegar a Highwind, a fatídica morte de Aerith, ver o Cloud ficar inválido e superar o problema, tudo.

Foram meses nesse esquema. Caderninho do lado, vendo os katakana das magias e opções na tela, e aproveitando o que podia, sem me importar direito sobre saber de verdade o que era tudo aquilo na tela, apenas aproveitando o momento.

Só fui terminar Final Fantasy VII quando o jogo saiu em inglês, meses depois. Não joguei imediatamente após o lançamento, mas sim em 1998, quando estava com a famigerada primeira edição da Gamers Book, revista nacional, na mão. Eu não me sentia culpado em jogar com um “detonado”” do lado (e na época, jogar com guia era considerado desonra para tu, para tua família, para tua vaca, para teu gato), me sentia no “direito”, já que havia encarado 80% do game em uma língua que não fazia ideia do que significava.

Foi uma experiência tão prazerosa quanto da primeira vez. Agora entendendo um pouquinho mais da história, quem era Cloud, Tiffa, Sephiroth, Barret, Shinra e tantos outros. Saber suas motivações e notar que, mesmo formados em blocos super deformed aqueles persongens tinham alma, substância.

Ver cada cena, mesmo em japonês, enchia meu coração de surpresa. O que falar das cenas em computação gráfica, ou “CG”, como chamávamos? Tão bem feitas que eu queria ter um “modo replay” no jogo só para poder assistir de novo, quando quisesse, em uma época onde YouTube sequer pensava em existir.

Essa é a minha história com Final Fantasy VII. De lá para cá, praticamente não achei jogo que superasse meu amor por ele, por uma produção tão cuidadosa e bem feita da antiga Squaresoft. Foi, por muito tempo, meu jogo favorito de todos os tempos, em todas as plataformas que tive contato, superado apenas em 2005, com Kingdom Hearts 2 (que, curiosamente, tem personagens de Final Fantasy VII com papeis importantes).

Amo de paixão, e não só o original, mas também suas continuações e prólogos: Crisis Core, Dirge of Cerberus, Advent Children, as versões para celulares, animes e qualquer outro conteúdo relacionado.

Obrigado: quem esteve envolvido na produção de Final Fantasy VII, obrigado Squaresoft, obrigado Hironobu Sakaguchi, obrigado Nobuo Uematsu, obrigado também a todos que fizeram a Gamers Book, que considero um dos melhores trabalhos impressos já feitos pelo nosso jornalismo de games até hoje.

Foi a partir daí que conheci Final Fantasy, série que considero uma das obras-primas dos games, assim como boa parte de jogadores no mundo todo. Ainda que, para mim, nenhum tenha superado o sétimo capítulo, no geral todos os jogos são muito bons, caprichados e cheios de surpresas, sempre especiais, de forma diferente e única. Foi a partir daí que começou minha fantasia pessoal e, hoje, comemoramos os 20 anos da saga do SOLDIER FIRTS CLASS (ou nem tanto, mas vá lá), Cloud Strife.

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