Firewatch – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
6 min de Leitura

Firewatch é um jogo de aventura na pegada walking simulator, desenvolvido pelo estúdio Campo Santo e lançado em 2016. Situado nos anos 80 em meio das florestas do Wyoming, o jogo rapidamente se destacou por sua narrativa envolvendo e estilo visual único, combinando belos cenários com uma trama densa, centrada em temas complexos como solidão e conexão humana. Essa experiência torna Firewatch uma obra-prima do gênero, e irei detalhar o porquê disso agora. Vem comigo nessa análise!

Narrativa envolvente

A história de Firewatch gira em torno de Henry, um homem que aceita um emprego como vigia florestal numa região remota, visando fugir das pressões da vida cotidiana. Ao chegar no local, nosso protagonista logo desenvolve uma relação através de seu rádio com Delilah, sua supervisora. O jogo explora com sensibilidade a construção desse vínculo, e se destaca ao representar uma conexão profunda que se desenvolve sem qualquer tipo de contato visual e físico.

Conforme vamos prosseguindo com a história, somos confrontados com questões emocionais e dilemas pessoais que Henry enfrenta, permitindo uma conexão muito interessante de se acompanhar com o protagonista. O game mantém um equilíbrio de drama e mistério, sem cair em clichês, o que faz com que o final do jogo seja bem surpreendente. A relação de Henry e Delilah é o coração da narrativa, e juntando isso a todo o mistério que ronda a floresta, a narrativa se desenvolve de uma forma magistral. A título de comparação, a história de Firewatch fica facilmente a par de What Remains of Edith Finch, um dos meus walking simulators favoritos.

Passando a visão no radinho / Reprodução: Campo Santo

Gameplay introspectiva

A gameplay de Firewatch é bem básica, sendo focada amplamente na exploração e na interação narrativa, proporcionando uma experiência imersiva e reflexiva para o jogador. Passamos a maior parte do tempo andando pelas belas florestas do Wyoming utilizando um mapa e uma bússola. Com exceção de Delilah e de um certo spoiler, estamos basicamente sozinhos no meio do mata, o que torna a jornada bem pessoal e emocional em certo aspecto, reforçando a conexão entre jogador e narrativa.

O jogo usa a exploração para desenvolver a história e revelar pistas sobre o mistério central que ronda o local. A interação é limitada a diálogos e respostas que fazemos através de nosso rádio, mas cada escolha é importante para a construção de uma experiência única para o jogador. O ritmo de Firewatch é bem calmo, reforçando a experiência introspectiva que a narrativa busca passar ao jogador. Além disso, vale lembrar que o jogo é bem curtinho, levando de 4 a 5 horas para ser finalizado, tornando ele uma ótima pedida para uma tarde chuvosa de sábado.

Navegando pelas florestas / Reprodução: Campo Santo

Deslumbrante

Visualmente, Firewatch é deslumbrante. O estilo gráfico é difícil de descrever, mas tem uma pitada de low poly, e unindo isso aos seus traços simples e cores vivas, cria paisagens que parecem pinturas em movimento. As florestas Wyoming ganham vida com um uso de luz e sombra absurdamente bem trabalhada. Além disso, a paleta de cores do game muda de acordo com a hora do dia, adicionando ainda mais imersão e beleza às cenas. Cada detalhe da floresta é cuidadosamente criado pelos artistas, transmitindo uma sensação de tranquilidade e ao mesmo tempo mistério.

A trilha sonora é composta por Chris Remo, já conhecido por seu trabalho no jogo Gone Home. As músicas complementam perfeitamente o tom melancólico e introspectivo do jogo, já que são sutis e surgem em momentos chave para intensificar as emoções de Henry e do jogador. Em alguns momentos, a música se ausenta, o que reforça a sensação de solidão da floresta e o sentimento de abandono. Cada nota dessa bela trilha sonora ressoa no silêncio dessa experiência, e carrega um peso emocional e narrativo que eleva ainda mais a experiência.

Estilo artístico, aliado de uma bela iluminação, torna Firewatch deslumbrante / Reprodução: Campo Santo

Obra-prima

Não há outra palavra para descrever Firewatch, senão obra-prima. Uma experiência que transforma um simples cenário florestal numa jornada emocional densa, repleta de mistérios e de autoconhecimento. Quando unimos sua narrativa envolvendo, os gráficos deslumbrantes e a gameplay focada na exploração, criamos uma experiência absurdamente imersiva, que apesar de encontrarmos em outros jogos do gênero, aqui é feito no nível de perfeição. Firewatch é um daqueles jogos que podemos categorizar como arte, e faz o jogador refletir sobre as conexões humanas que moldam nossas vidas.

Firewatch
10
Compartilhe esse artigo
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *