The Last of Us – Análise

Luiz Felipe Guimarães
12 min de Leitura

The Last of Us. O mais novo jogo da Naughty Dog já recebeu todo tipo de elogio, inclusive sendo considerado por muitos um dos melhores, se não o melhor jogo da geração… Mas será mesmo? Vamos descobrir.

O protagonista do jogo é Joel, um sobrevivente do desastre que varreu a população mundial e destruiu qualquer traço de civilização como nós conhecemos. O mundo foi tomado por uma infecção fúngica (e altamente contagiosa, como toda boa infecção zumbi) que afetou não só o comportamento, mas a fisiologia de todos os infectados. Clássico cenário de Apocalipse Zumbi, com uma pequena modificação no agente causador do estrago.

Ao decorrer do jogo Joel receberá a missão de escoltar Ellie, uma menina de 13 anos (ou quase 14, como ela gosta de dizer) ao grupo da resistência da região, batizado de Fireflies (Vagalumes no português). Um objetivo simples e direto, que se mostra muito mais complexo do que você imagina, ainda mais depois de descobrir o que Ellie representa. Não vou contar, sem spoilers.

A história se desenrola muito bem, de uma forma geral, e é bem contada com a qualidade e a pompa cinematográfica que a Naughty Dog sempre teve com Uncharted. É tudo muito bem feito, e muito bem atuado, tanto nas cutscenes, quanto nas cenas in-game. Talvez nem tanto na dublagem em português, a Sony ainda não aprendeu, mesmo depois das horrendas dublagens de God of War Ascension, e do próprio Uncharted.

Os protagonistas são bastante expressivos, o diálogo é muito bom e reflete bem a personalidade de ambos. Joel é sério, rabugento e egoísta, enquanto que Ellie, apesar de mostrar que pode ser agressiva, na maior parte das vezes é a imagem da inocência, principalmente levando em consideração que ela nunca não só conheceu o mundo fora das zonas de quarentena, como ela nasceu no meio da desolação e miséria, e nunca conheceu os digamos, luxos do mundo de outrora, onde tudo era mais simples, e não tinha zumbis com cara de pipoca te matando com um hit.

As interações entre os dois personagens, Joel e Ellie, são um dos pontos fortes do jogo, e fazem um bom trabalho em desenvolver os personagens sem precisar parar o gameplay. Os obstáculos no caminho são muitos, entre infectados e humanos babacas que só querem te saquear, porque o mundo é dos escrotos. A variedade de inimigos, apesar de pouca, faz sentido para a história, e não cansa ter que enfrentar a mesma coisa de tempos em tempos, graças à diversidade de cenários e possibilidades de completá-los.

E falando em modo de se completar o jogo, The Last of Us foca em um ponto bastante interessante: Joel não é um exército de um homem só. Ele não é o Duke Nukem, o Master Chief, ou o Space Marine de Doom. Ele é só uma pessoa normal, que está tentando sobreviver. Você não vai conseguir matar cada inimigo que você encontrar no jogo, principalmente porque você estará SEMPRE em número menor, e enfrentar mais de um adversário ao mesmo tempo, significa morte (e isso é ainda mais verdadeiro com clickers/estaladores). Qual a solução: Stealth. MUITO STEALTH.

Se você não despertar o Soild Snake dentro de você, você vai morrer. E muito. Não existe essa palhaçada de vida regenerativa, você não vai convenientemente encontrar balas em gente morta (só as vezes). Você tem que cuidadosamente conservar cada recurso para poder sobreviver, e isso significa geralmente passar por seções lotadas de inimigos sem utilizar absolutamente nada, principalmente nas últimas dificuldades, onde todo mundo é mais forte, e tem ainda menos recursos. A parte Survival, do Survival Horror, nunca foi tão bem utilizada. A parte do Horror, bem…

O terror, em boa parte das vezes, é bem utilizado, principalmente quando você está sozinho, cercado por fungos do inferno rezando para todas as divindades maiores e menores para ninguém te ver. Mas o problema é que você sabe quando você tem que rezar. Você SEMPRE SABE.

Um dos maiores problemas de The Last of Us é o seu fluxo. Assim como Uncharted, o jogo é dividido em “blocos”, sendo que esses blocos são quase sempre “Parte Feliz para explorar” e “Parte tensa para c****** onde suas pregas não serão perdoadas” e de vez em quando, no final de cada capítulo “Parte de cutscene com mais desenvolvimento de personagem do que o normal”. A questão é a divisão entre as duas primeiras partes, que é muito brusca. Mas isso por acaso, ou não, é igualzinho ao Uncharted.

Muitas vezes você sabe quando vai dar m**** quando você passa por uma passagem onde é impossível voltar, ou quando você vê várias barricadas convenientemente colocadas no meio do nada (e todas com a mesma altura). Isso quebra um bocado do suspense, e a imersão no jogo, principalmente quando você sabe que nada vai aparecer e te matar, então você pode fazer quanto barulho você quiser, ou vagar por aí sem medo de ser feliz. Se as transições fossem mais suaves, ou se você pudesse misturar as duas seções, sempre te deixando no limite e cuidadoso com cada movimento, que é o que deveria acontecer em um cenário de sobrevivência extrema, seria perfeito.

Isso felizmente não estraga a dificuldade de The Last of Us. Como já foi dito, se você não for econômico, ou não for bom em stealth, prepare-se para tacar o controle no chão. O jogo de uma forma geral é difícil, mas sem ser desagradável no nível Battletoads, com exceção de algumas cenas que são desesperadamente frustrantes, por vários motivos, mas que geralmente envolvem Runners/Corredores que se movem pelo cenário.

A inteligência artificial é muito boa, como sempre, importada de Uncharted, onde as rotas de patrulha são mais do que uma linha reta, em boa parte dos casos, e quando alertada, a AI tenta sempre te contornar e flanquear, e eu mesmo já fui pego várias vezes de surpresa. Claro que a AI também pode ser enganada às vezes, e cenários onde você pode matar todos os inimigos de uma vez parado no mesmo lugar não são raros.

Uma característica estranha é a detecção dos inimigos durante o jogo. Os inimigos que se movem no cenário dão a impressão de possuírem super sentidos às vezes, e te acham com muito mais facilidade do que os inimigos parados, que são completamente débeis, a ponto de não perceber que estou enforcando alguém DO LADO DELES. Eu achei que eles tivessem boa audição. Isso não se resume somente aos infectados, humanos parados também são meio burros em comparação com os móveis.

Exploração é fundamental. O jogo não vai de dar de bandeja as armas e munições para sua sobrevivência, você vai ter que se virar, e ai de você se topar com um bloater/verme (que nome horrível…) sem munição. Enfim, esteja sempre preparado. Os recursos para construir os itens são poucos, e fundamentais, principalmente as lâminas, que servem para fazer 3 coisas diferentes. Alguns são um tanto desnecessários, como o açúcar, que só serve para fazer só um item, e ele nem é tão útil quanto os outros.

Upgrades também estão disponíveis, tanto para as armas, através das Parts como parafusos e ferramentas, e pílulas para fazer melhorias no desempenho de Joel (não, não estamos falando de Viagra). Alguns upgrades, como Shiv Master ou “mestre das lâminas” para se defender de Clickers/estaladores (só não me pergunte porque ele não funciona com Runners/corredores, mas tudo bem), são quase obrigatórios. Esses upgrades servem mais para te ajudar a ter uma chancezinha a mais, nenhum deles é desbalanceado, ou quebra o jogo tornando-o fácil demais.

O combate do jogo é ótimo, e bem mais focado em melee do que Uncharted. Levando em consideração o quanto de balas que você precisa economizar, e também o fato de que melee é mais discreto do que armas de fogo, você vai passar boa parte do tempo se aproveitando dos tijolos e garrafas que são infinitos, para explodir algumas cabeças, ou só sufocando todo mundo que passa pela frente, Manhunt style! A variedade de armas é grande, mas é uma pena que certas armas só poderão ser usadas lá no final do jogo, que eu nem cheguei a usar.

O jogo é bem mais longo do que parece, levando de 12 a 15 horas para terminar, dependendo da habilidade/nível de dificuldade, ainda mais se você quiser coletar todos os extras, que são muitos, e ajudam a entender um pouco mais do mundo em que os protagonistas vivem.
A música do jogo não atrapalha em nenhum momento, e serve para mostrar que nada é melhor para o apocalipse zumbi do que um bom banjo.

A qualidade gráfica de The Last of Us é absurda. O jogo é lindo, especialmente os protagonistas, e faz uso de tudo o que o PlayStation 3 tem para oferecer, e pode com certeza ser um dos indicadores do que essa geração alcançou o seu pico em termos gráficos. Quanto a fazer uso de eu PlayStation, um fato importante é que The Last of Us é conhecido por aí como destruidor de PS3, especialmente os primeiros modelos, o FAT. Então se você tem um modelo antigo de PS3, TROQUE A PASTA TÉRMICA DESSA BAGAÇA ANTES DE JOGAR, senão você vai conhecer a morte. E ela veste amarelo.

Mas e então? Será que The Last of Us é um jogo tão perfeito assim, mesmo após toda essa análise?

Claro que é! The Last of Us é uma das grandes experiências dessa geração, apesar dos seus probleminhas, e é a desculpa que todos precisam para ter um PlayStation 3.

E por isso, a GameFM dá 9/10 para The Last of Us, o que significa que esse jogo também é o orgulhoso detentor do nosso selo de qualidade GameFM!

The Last of Us: Um novo clássico acaba de surgir. A Naughty Dog conseguiu emplacar mais uma franquia. TLOU é incrível. Zuel

9
von 10
2013-12-13T20:57:51-0300
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Artista, modelador e apreciador de todos os estilos de jogos. Tem um diploma de graduação em biologia guardado em algum lugar. Só não sabe onde.
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