Em uma indústria abarrotada de Roguelites, Lost in Random: The Eternal Die surge para tentar a sorte e acrescentar algo a mais neste gênero que vem ganhando fama ao longo dos anos.
Lost in Random: The Eternal Die é um Roguelite de visão isometria com visual gótico, inspirado nas obras de Tim Burton. Desenvolvido pela Stormteller Games e publicado por Thunderful Publishing, o título abandona o formato de seu antecessor e se reinventa em um novo gênero que casa bastante com sua temática. Vamos juntos nesta análise com Aleksandra e Fortune em busca de vingança contra toda a corrupção do Maldado.
Uma Rainha em busca de vingança
Antes um lugar de harmonia e prosperidade, o Reino do Aleatório florescia sob o comando justo da rainha Aleksandra. Guiada pelo equilíbrio e sabedoria, ela soube usar o poder do enigmático artefato conhecido como Maldado para beneficiar seu povo. No entanto, esse poder ancestral escondia um lado sombrio: traiçoeiro por natureza, o Maldado era incapaz de permanecer submisso.
A corrupção se infiltrou silenciosamente no coração do reino, até que, enfim, o Maldado revelou sua verdadeira face. Com sua traição, Aleksandra viu seu império ruir. Em meio ao colapso, sua irmã Natalya foi tragicamente morta, deixando cicatrizes profundas e um desejo de vingança.
É nesse cenário de devastação que uma antiga amiga ressurge: Fortune, figura misteriosa do passado de Aleksandra. Juntas, as duas embarcam em uma jornada atrás do Maldado. No entanto, a sorte não estava ao seu favor. Aleksandra, junto de Fortune, foram capturadas e lançadas nos reinos distorcidos sob o domínio do Maldado, e juntas, precisarão desafiar as forças do caos para dar fim à corrupção que devastou o Reino do Aleatório.
Através da busca por justiça que nossa jornada tem início, marcada por provações, perigos e uma luta implacável contra o poder que destruiu tudo o que a rainha Aleksandra amava.

O mundo é um jogo, e quem comanda as jogadas é a Rainha
Lost in Random: The Eternal Die apresenta uma jogabilidade familiar, claramente inspirada no aclamado Hades. No entanto, não se engane ao pensar que o título se resume a uma simples cópia – ele vai além ao introduzir uma mecânica estratégica que se encaixa perfeitamente no sistema de combate. A principal mecânica de Lost in Random: The Eternal Die gira em torno de uma dinâmica tática baseada em dados, criando um equilíbrio interessante entre sorte e estratégia. A pontuação obtida ao rolar o dado influencia diretamente no combate.
Ao rolar o dado, nossa companheira Fortune entra em ação. Quando lançada, ela ativa diferentes efeitos e danos com base no número obtido e nos atributos previamente escolhidos pelo jogador. Essa mecânica transforma cada confronto em um duelo de sorte e estratégia, adicionando um elemento imprevisível e envolvente às batalhas.
Além disso, Fortune possui uma forte sinergia com as relíquias, cartas e armas adquiridas ao longo da jornada. Essa integração amplia as possibilidades estratégicas, tornando o sistema de combate mais variado, dinâmico e recompensador.
Lost in Random: The Eternal Die apresenta uma seleção limitada de armas – ao todo, são apenas quatro disponíveis. Infelizmente, essa variedade reduzida também sofre com um certo desequilíbrio no balanceamento. Na prática, a meta gira em torno de duas opções: o arco, que oferece bom desempenho tanto à distância quanto em curto alcance, e a espada, uma arma rápida com passivas que aumentam a chance de acertos críticos. Quando combinada ao lançamento dos dados, a espada torna-se uma escolha extremamente letal em combate.
Além das armas, o jogo conta com um sistema de cartas ancestrais, que funcionam como um tipo de magia. Cada carta carrega uma habilidade única, trazendo efeitos com status variados, como veneno, queimadura, raios, congelamento, paralisia temporal, fraqueza e atordoamento. Esses elementos ampliam as possibilidades estratégicas durante as batalhas, oferecendo um toque de variedade ao combate mesmo com o arsenal reduzido.

O destino em cada rolar de dados
A cada sala concluída, o jogador recebe uma arca contendo uma escolha entre três relíquias ou pérolas. Esses itens se distinguem por suas cores, que influenciam diretamente os tipos de dano e o fator sorte. Ao combinar três ou mais relíquias da mesma cor no tabuleiro – seja em linha reta ou diagonal – é possível ativar bônus específicos que fortalecem Aleksandra durante o combate.
As relíquias se dividem em diferentes categorias, cada uma oferecendo efeitos únicos e estratégicos, como:
- Relíquia Vermelha – Destinada ao dano das armas
- Relíquia Amarela – Destinada ao dano de cartas ancestrais
- Relíquia Azul – Destinada ao aumento de dano do seu Dado
- Relíquia Roxa – Destinada ao aumento de dano de conjurações causada por invocações, veneno, queimadura, etc.
- Relíquia Verde – A mais importante de todas, destinada ao aumento de sorte, onde melhora a chance de esquiva, de acertos críticos com armas, ataques com cartas e conjuração.
Essas relíquias também possuem passivas que auxiliam e ajudam a manter um combate dinâmico e estratégico.
Lost in Random: The Eternal Die apresenta um ciclo básico de randomização que, com poucas horas de gameplay, começa a revelar sinais de repetitividade. A escassez de variação nas salas e nos tipos de inimigos torna-se perceptível no endgame, onde a ausência de diversidade entre os chefes gera uma sensação grande de fadiga.
Ainda assim, o jogo tenta quebrar esse padrão repetitivo ao introduzir salas com mini-jogos de tabuleiro. Nessas fases, o jogador precisa lançar o dado para testar a sorte, o que adiciona uma camada extra de diversidade à experiência. Durante as runs, o game oferece três variações desses mini-jogos que, embora limitadas, ajudam a aliviar a monotonia e trazem um toque criativo ao ritmo da progressão.
O ciclo de progresso do jogo é bem construído, transformando cada derrota em uma oportunidade de aprendizado – um elemento essencial que o torna um roguelite competente. O nível de dificuldade é acessível para quem já está familiarizado com o gênero, mas apresenta picos consideráveis em determinados chefes e áreas mais avançadas, exigindo uma atenção e adaptação constante.

Estética gótica com alma de fábula
Além do combate, o visual é um dos grandes destaques do jogo. A ambientação é ricamente detalhada, apresentando cenários góticos que se misturam com elementos de contos de fadas, tudo envolto por uma atmosfera melancólica que reforça a identidade única da obra. A direção artística, combinada com uma trilha sonora sombria e envolvente, remete fortemente ao estilo das obras de Tim Burton, evocando sensações de vazio, solidão e imprevisibilidade – elementos que casam perfeitamente com o tom narrativo e o universo de Lost in Random: The Eternal Die.

Entre a Penumbra e o Acaso
Lost in Random: The Eternal Die é um roguelite divertido e bem estruturado, com uma narrativa que, mesmo simples, funciona de maneira eficiente como pano de fundo para a experiência. Seu grande diferencial está na mecânica de combate baseada na sorte – rolar os dados e se adaptar à pontuação obtida traz uma camada estratégica única, que transforma o combate em algo bem imprevisível.
No entanto, apesar do bom começo, a experiência perde força com o tempo. A repetição de salas, a limitada variedade de inimigos e os ciclos de randomização pouco aprofundados tornam o gameplay cansativo. O endgame, em especial, carece de diversidade, tanto em termos de desafios quanto de chefes, o que compromete a longevidade do título.
No fim das contas, Lost in Random: The Eternal Die entrega uma base sólida, com ideias criativas e um estilo visual marcante. No entanto, tropeça justamente na execução de seus sistemas de randomização – o elemento central e vital para um roguelite, comprometendo a profundidade da experiência.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Thunderful Publishing.