Shawn Layden defende aumento no preço dos jogos a cada geração

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)
Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabytett)

A polêmica dos jogos a 80 dólares segue a todo vapor. O movimento, que ganhou força com a Nintendo, já é adotado por diversas empresas, enquanto outras – como a Microsoft – recuam por medo de retaliação, chegando até a voltar atrás em decisões anteriores.

Para Shawn Layden, ex-chefe da SIE Worldwide Studios, os jogos deveriam custar ainda mais. Em entrevista ao GamesIndustry.biz, o executivo destacou que os preços se mantiveram praticamente estáveis por anos, mesmo com grandes oscilações na economia. Segundo ele, o valor dos games deveria subir a cada geração para acompanhar os altos custos de desenvolvimento atuais.

Layden fez até uma comparação curiosa: a quantidade de carros esportivos nos estacionamentos de estúdios na época do PS1 e na era do PS4. Para ele, o lucro por jogo caiu drasticamente, não só por conta da inflação, mas porque os custos de produção dispararam enquanto os preços permaneceram iguais.

“Havia mais carros esportivos no estacionamento na era do PS1 do que na era do PS4, porque se você vende 20 milhões de unidades a US$ 60 por algo que custou apenas US$ 10 milhões para ser feito, isso é diferente de vender 20 milhões de unidades a US$ 60 por algo que custou US$ 160 milhões para ser feito.”

Ele calcula que, para um jogo de US$ 200 milhões se pagar, seriam necessárias 25 milhões de cópias vendidas – algo viável apenas para raros casos como a Rockstar Games. Esse cenário, segundo Layden, desestimula a inovação: quanto mais caro o jogo, menor a tolerância das empresas a riscos criativos.

“O custo de produção é simplesmente alto demais. Se você vai gastar mais de US$ 200 milhões para criar um jogo, suas margens são extremamente apertadas, a menos que você espere vender 25 milhões de unidades. A menos que você seja a Rockstar, [você] não deve esperar vender 25 milhões de unidades.”

“Acho que será mais difícil inovar nessa faixa de preço, porque quando se chega a esse tipo de custo – US$ 200 milhões, US$ 250 milhões para fazer um jogo – na maioria dos estúdios, a tolerância ao risco cai para zero.”

No fim, a indústria parece seguir em frente com produções cada vez mais caras – e, inevitavelmente, o peso disso vai cair sobre os jogadores. Enquanto o público continuar comprando como se nada tivesse acontecido, os preços devem continuar aumentando.

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