Quando The Crew Motorfest foi anunciado, vi o público se dividir. Alguns o viam como mais uma tentativa falha de imitar Forza Horizon, enquanto outros o consideravam um concorrente sério para a franquia da Playground Games. Eu me encontrava no segundo grupo, e estou feliz por não ter me enganado. The Crew Motorfest, a terceira entrada da franquia produzida pela Ivory Tower – um estúdio francês da Ubisoft formado por ex-desenvolvedores da extinta franquia Test Drive Unlimited – traz uma proposta mais vibrante e paradisíaca em comparação aos dois títulos anteriores. Apesar das inevitáveis comparações com Forza Horizon, posso dizer desde já: The Crew Motorfest é extremamente competente.
Campanha e progressão
A campanha de The Crew Motorfest é estruturada em playlists. Atualmente, há 18 playlists disponíveis (com possibilidade de mais serem adicionadas em futuras atualizações), cada uma com um tema específico, como carros japoneses ou de uma determinada marca, e contendo entre 6 a 10 corridas cada. Em geral, as playlists são interessantes para aprender mais sobre a história de certos elementos, como a história da Porsche em sua respectiva playlist, ou algumas curiosidades sobre o Havaí. Além disso, elas apresentam muito bem o mapa do jogo. Os cenários de algumas corridas também são muito bonitos, como os da playlist Made in Japan, que é um espetáculo visual.
Ao escolher uma playlist, além das corridas a serem realizadas, também desbloqueamos atividades secundárias no mapa, como radar de velocidade, slalom e tirar fotos. Além disso, liberamos desafios, que são tarefas a serem realizadas com veículos específicos, ótimos para ganhar dinheiro e experiência. No geral, tanto as atividades quanto os desafios são simples, mas para aqueles que amam completar todos os pontos do mapa, há muito conteúdo disponível, garantindo horas e horas de entretenimento.
Se você já é um veterano de Forza Horizon, também deve reconhecer o Main Stage. Basicamente, é o modo “Game as a Service” de The Crew Motorfest, atualizado mensalmente, com novidades semanais. Nele, revisitamos playlists, competimos no modo PVP e realizamos desafios na ilha de O’ahu, tudo para alcançar o status de Lenda e desbloquear recompensas, além de ganhar pontos para liberar perks. Em suma, é uma maneira eficaz de manter o jogador engajado diariamente com o jogo, sempre oferecendo novidades e recompensas ao fim de cada temporada.
Para finalizar, vamos falar sobre um ponto da progressão, problema clássico de The Crew: a dificuldade para conseguir dinheiro. Muitos carros custam valores elevados, tornando necessário grindar para acumular mais dinheiro ou então pagar com dinheiro real para comprar créditos. Sempre critiquei a progressão em jogos de corrida recentes, como a facilidade de conseguir infinitos carros em Forza Horizon, mas também não concordo com dificultar a compra de carros a ponto de o jogador depender de muito grind ou o jogo se tornar Pay-to-Win (o que não é exatamente o caso, mas serve como exemplo). No mais, os eventos poderiam oferecer maiores quantias de dinheiro, o que seria uma solução simples e eficaz.
Correndo na playlist Electric Odyssey / Reprodução: Autor
Finalmente acertaram na gameplay
The Crew Motorfest é, com folga, o melhor título da franquia no quesito dirigibilidade. A Ivory Tower finalmente encontrou um equilíbrio, criando uma experiência com carros mais fáceis de controlar em relação a The Crew 2, mas ainda difíceis de dominar. Embora ainda seja difícil alcançar a perfeição apresentada pela franquia Forza Horizon, para aqueles que reclamam dos jogos de corrida arcade atuais, saibam que The Crew Motorfest é uma das melhores opções disponíveis hoje.
Outro ponto de destaque, que pode parecer simples, mas é muito importante, é o nitro. Finalmente temos um jogo em que o nitro realmente é útil e pode proporcionar uma boa vantagem dependendo da situação. Dosar o uso do nitro é crucial, e guardar pelo menos metade dele para a reta final de uma corrida pode, por exemplo, garantir a vitória. É um grande avanço em relação a jogos como Need for Speed, que ao usar o nitro, parece que todos conseguem te acompanhar sem maiores dificuldades, como se estivessem na mesma velocidade.
Infelizmente, a presença dos barcos, aviões e motos neste jogo foi bastante limitada. Mais uma vez, essas três categorias de veículos foram subutilizadas, com poucas playlists oferecendo corridas que utilizassem eles. Embora todas sejam opções interessantes e ofereçam uma jogabilidade tão boa quanto a dos carros, parece que nem a Ivory Tower nem a comunidade demonstram muito interesse por elas. A exploração de O’ahu a bordo de um avião é incrível, mas infelizmente sua utilidade se restringe a isso.
Uma bela vista, não? / Reprodução: Autor
Modo cooperativo e online
A campanha cooperativa do jogo funciona perfeitamente. Podemos nos juntar com até 3 amigos, totalizando uma equipe de até 4 pessoas. O progresso é compartilhado, nos permitindo completar a campanha em cooperação sem problemas, o que é um ponto positivo incrível para aqueles que desejam uma experiência compartilhada com amigos. Se um dos amigos já estiver mais avançado, ele pode ajudar os outros a progredir com mais facilidade. O único ponto negativo do modo cooperativo é que o crossplay entre diferentes plataformas é incompleto, existindo apenas nos modos PVP, o que impede encontrar jogadores de PlayStation e Xbox no modo livre, por exemplo.
Falando em PVP, o modo online infelizmente tem suas limitações. Basicamente, temos apenas dois modos de jogo: o Grand Race, onde competimos em uma corrida com 28 jogadores utilizando três veículos diferentes, e o Demolition Royale, que funciona como um battle royale de destruição, mas de forma bem limitada e simples, inferior, por exemplo, ao modo The Eliminator de Forza Horizon 5. O Grand Race é caótico, porém muito divertido, mas senti falta de mais variedade. As corridas das playlists, por exemplo, não podem ser jogadas com outros jogadores, o que considero uma grande perda de potencial, visto que muitas dessas corridas são excelentes, e limitar elas ao modo solo é uma decisão questionável.
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Espetáculo audiovisual
O visual de The Crew Motorfest é lindo, e muito se deve à região em que o jogo se passa ser um verdadeiro deleite para os olhos. Os cenários da ilha de O’ahu são incríveis, e a Ivory Tower fez um excelente trabalho ao construir tudo, com áreas bem distintas entre si e uma composição de cenário impressionante, possivelmente muito próxima da ilha real. Os carros, por outro lado, ainda sofrem do mesmo problema de The Crew 2: falta um toque de realismo. Embora sejam bem modelados em comparação às suas versões reais, há algo estranho, com todos parecendo ter uma textura de plástico. Falta um pouco mais de fotorrealismo, seja nos carros ou em algumas texturas do cenário, algo que o rival Forza Horizon 5 faz muito bem, por exemplo. No entanto, isso não muda o fato de que o jogo ainda é muito bonito e não decepciona em comparação com seu rival, faltando pouco para alcançar o mesmo nível.
Também posso dizer que sempre fui muito crítico com a sonoridade dos carros em jogos de corrida. O som é, ao meu ver, um dos pontos mais interessantes de um carro, e gosto de quando ele é representado com fidelidade nos jogos. The Crew, felizmente, vem fazendo isso bem. Todos os carros tem seus roncos muito bem definidos e distintos, não havendo repetição entre modelos semelhantes. A forma como o som interage com o ambiente também é muito bem feita, e ouvir o pipoco ao fim do nitro é muito prazeroso.
Por fim, devo destacar a trilha sonora do jogo. Além de artistas conhecidos, como Martin Garrix, Kim Petras, Kiss e Ramones, também temos uma variedade de artistas menos conhecidos e bandas recém-formadas, como é o caso de Carrot Green, DJ brasileiro presente na rádio Ravin. Certamente, você, leitor, vai terminar sua sessão de jogatina com o serviço de streaming aberto, adicionando várias faixas à sua playlist.
Playlist Made in Japan deixa claro quão impressionante é The Crew Motorfest graficamente / Reprodução: Autor
The Crew Motorfest briga no pódio
Finalmente posso dizer: Forza Horizon tem concorrência, e das boas. The Crew Motorfest veio forte pra briga, apresentando um mapa incrível, alinhado de uma gameplay muito satisfatória e ótima apresentação visual. A Ivory Tower finalmente encontrou o ponto ideal para sua franquia, e espero de coração que sigam nesse rumo daqui pra frente, visto que o futuro de The Crew tem tudo para ser brilhante. Nota final: 8.0/10.
Prós:
- Playlists muito bem elaboradas
- O’ahu é uma ilha incrível
- Gráficos são um espetáculo
- Gameplay satisfatória
- Modo cooperativo muito bem construído
Contras:
- Online muito limitado
- Dificuldade para conseguir dinheiro
- Carros, aviões e motos foram subutilizados
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The Crew Motorfest: Finalmente Forza Horizon tem um concorrente de peso. A Ivory Tower conseguiu colocar The Crew no caminho certo. Um jogo leve, divertido e muito bonito. Irá conquistar aqueles que amam carros e também os que nunca tiveram experiência com o gênero. – mestrebuda
