Elden Ring Nightreign foi anunciado de surpresa, pegando até os fãs mais atentos do universo soulslike da FromSoftware desprevenidos. Poucos poderiam imaginar um spin-off de Elden Ring focado em mecânicas cooperativas PvE e com elementos de roguelike.
Considerando que os sistemas multiplayer dos últimos jogos soulslike foram no máximo medianos, a proposta chama ainda mais atenção. Desenvolvido pela FromSoftware e publicado pela Bandai Namco Entertainment, Elden Ring Nightreign chega com o objetivo de expandir o universo de Elden Ring e dos seus antecessores, apelando para a nostalgia e batendo cabeça com erros bobos.
Embarque conosco nesta análise, e juntos, vamos desvendar os mistérios de Limveld e dos enigmáticos e colossais Lordes da Noite.
Curando mazelas
Elden Ring Nightreign apresenta uma narrativa alternativa, ambientada nas Terras Intermédias, mas em um universo paralelo onde o Anel Pristino jamais foi destruído e os eventos do jogo original nunca aconteceram. Neste cenário, uma calamidade conhecida como “Maré da Noite” ameaça consumir o mundo. Cabe aos Nightfarers — um grupo de guerreiros determinados — enfrentar os Lordes da Noite para acabar com a escuridão que se espalhou por este mundo.
Além disso, o jogo traz histórias paralelas para cada personagem jogável, apresentadas por meio de “Lembranças” — fragmentos narrativos interativos em que é possível interagir com NPCs. Nesses momentos, os personagens nos passam missões que precisam ser cumpridas durante as incursões, visando avançarmos dentro dessas memórias.

Corre que a chuva vem aí!
Elden Ring Nightreign é mais um Roguelike do que propriamente um Souls. Com um ritmo acelerado, o título torna a exploração muito mais dinâmica, onde apresenta elementos aleatórios em seu mapa, como layouts de estruturas, posicionamentos de inimigos e modificadores de ambiente gerados proceduralmente, tornando a experiencia totalmente inversa aos títulos anteriores da FromSoftware.
O jogo consiste em uma experiência cooperativa intensa, na qual os jogadores escolhem entre oito classes exclusivas e precisam sobreviver a duas noites, antes de encarar um Lorde da Noite. Combinando elementos de sobrevivência e uma zona segura que encolhe progressivamente — é isso mesmo, temos elemento de Battle Royale aqui —, Elden Ring Nightreign mescla o design icônico do consagrado Elden Ring com novas mecânicas criadas para uma boa experiencia cooperativa e uma alta rejogabilidade.
O combate continua primoroso assim como no título base, mas agora com um pouco mais de velocidade em algumas ações e alguns movimentos novos, como o pulo duplo para escalar paredes e estruturas, negação de dano de queda e uma corrida que é mais rápida que o cavalo Torrent. Um dos maiores problemas no combate está na alteração do sistema de travamento de mira: a mudança feita no lock-on padrão do jogo tornou a jogabilidade frustrante em certos momentos, exigindo que o jogador alinhe a câmera com precisão extrema para mirar corretamente. Isso se torna especialmente problemático em situações críticas da incursão — como ao tentar reviver um parceiro caído —, quando o sistema insiste em travar a mira em inimigos próximos.
Um dos maiores diferenciais do game são as suas classes de Nightfarers, onde cada personagem tem uma habilidade passiva e suprema única, tornando o combate um pouco mais tático e versátil. Cada Nightfarer oferece uma proposta de gameplay diversificada, pensada para atender diferentes tipos de jogador e promover sinergias estratégicas dentro do grupo.
Os personagens de suporte, como a Reclusa e a Espectro, se destacam ao manter a equipe viva e funcional com magias, buffs e até invocações de aliados temporários.
O Olho de Ferro representa a classe de ataque à distância, ideal para jogadores que preferem manter-se fora do alcance direto dos inimigos, causando um alto dano por segundo e se beneficiando do alcance de seu arco.
Para quem busca combate corpo a corpo com alto impacto, o Corsário e o Guardião são especialistas em força bruta, capazes de controlar áreas, absorver dano e causar bastante estrago.
O Executor e a Duquesa trazem um estilo mais refinado e técnico, baseado em timing, agilidade e habilidades que exigem leitura de combate — perfeitos para jogadores que gostam de dominar o campo com precisão.
Por fim, o Selvagem representa um equilíbrio versátil entre ataque, mobilidade e resistência, sendo uma excelente escolha para iniciantes ou para quem prefere se adaptar às necessidades do grupo ao longo da missão. Cabe ao jogador alinhar sua escolha ao próprio estilo de jogo — ou à composição da equipe — para garantir a sobrevivência durante as runs em Limveld.
Além disso, o sistema de relíquias em Elden Ring Nightreign aprofunda a personalização do jogo, permitindo ao jogador equipar itens mágicos com efeitos variados, como bônus de dano, aumento de status, cura ou resistência. Obtidas aleatoriamente após o termino das incursões ou adquiridas com uma moeda especial do jogo – que são obtidas através das incursões –, essas relíquias podem ser combinadas de forma estratégica com certos personagens, influenciando diretamente a sobrevivência. A grande diversidade de combinações estimula a experimentação, embora dominar o sistema exija tempo e dedicação.

Três amigos e um sonho
Elden Ring Nightreign tem seu foco total no multiplayer, mas acaba apresentando problemas básicos que encontrávamos em jogos do início da sétima geração de consoles. O título apresenta uma falha notável na comunicação: sem chat de voz ou texto, os jogadores são forçados a se comunicar apenas por meio de um sistema básico de pings no mapa. Essa limitação prejudica a cooperação em partidas públicas, especialmente quando cada jogador segue sua própria rota em busca de itens e builds, dificultando a criação de estratégias conjuntas e reduzindo a sinergia do grupo.
Outro fator que compromete a experiência multiplayer em Elden Ring Nightreign é a ausência de crossplay no lançamento e a falta de um modo para duplas. Sem suporte entre plataformas, amigos que jogam em sistemas diferentes não podem se reunir, o que limita significativamente a comunidade ativa e reduz a acessibilidade. Essa barreira impacta diretamente na vida útil do título, prejudicando o aproveitamento de um dos aspectos com maior potencial do jogo.
Durante as minhas 62 horas de gameplay, notei uma considerável falta de detalhes em relação a itens, armas e algumas mecânicas do jogo. O caso mais notável foi o item Boluses — utilizado para aliviar o acúmulo de podridão, gelo, sono, entre outros efeitos negativos. Inicialmente, pensei que ele apenas reduzisse o acúmulo desses status negativos no momento em que fosse consumido. No entanto, após uma pesquisa mais aprofundada, descobri que, em Nightreign, o uso do item também aumenta levemente a resistência ao status negativo atual. Além disso, senti falta de uma tabela in-game que mostrasse a escala de status das armas, já que essa informação só está disponível no lobby do jogo.

O calcanhar de Aquiles de Nightreign
Para quem vem acompanhando lançamentos nos últimos três anos, sabe que o desempenho dos jogos vêm deixando a desejar, e em Elden Ring Nightreign não é diferente. O jogo sofre pra rodar em presets gráficos altos, mesmo com um hardware de ponta, onde o desempenho cai, principalmente, nas lutas grandiosas contra os lordes da noite, chegando a congelar a imagem por segundos, frustrando e tornando a experiencia no ápice da incursão um tremendo balde de agua fria.
Outro problema crítico é o constante screen tearing em monitores com altas taxas de atualização, o que compromete seriamente o visual belíssimo do título, o transformando em um borrão fragmentado durante os combates. Até o momento desta análise, a única forma de suavizar essas falhas é reduzir significativamente a qualidade das texturas e ativar o V-Sync — o que, embora melhore a performance, sacrifica parte da experiência visual.

Nightreign é a sombra distópica projetada pela luz intensa que foi Elden Ring
Para quem apreciou a versão base de Elden Ring e entende a proposta diferenciada deste título — mais próxima de um Roguelike do que de um Souls tradicional — Elden Ring Nightreign é uma excelente experiência. Com amigos, Nightreign se torna um prato cheio para mergulhar de cabeça na terra de Limveld.
No entanto, o futuro de Elden Ring Nightreign ainda é incerto, especialmente pela ausência de crossplay e pela limitada comunicação entre jogadores dentro do jogo. Resta aguardar por futuras atualizações que tragam melhorias técnicas, de desempenho e conteúdo — áreas em que há um vasto terreno a ser explorado, considerando o histórico da FromSoftware em expandir seus mundos com criatividade e consistência.
Esta análise é baseada na cópia de PC fornecida pela Nuuvem e Bandai Namco.