Formula Legends – Análise

Pierry Lima (@Pierry8Bit)
Pierry Lima (@Pierry8Bit)

Algo mágico acontece ao se ver um carro de Fórmula 1 antigo rasgando a pista. Um exemplo disso é o vídeo clássico que sempre aparece nas minhas redes sociais; de um treino livre em Abu Dhabi, quando Fernando Alonso resolveu dar algumas voltas com o Renault R25 V10, o carro em que foi campeão de F1 pela primeira vez em 2005. As reações dos fãs, equipes e pilotos são sensacionais. Isso exemplifica que automobilismo não é só velocidade – é som, nostalgia e um certo romantismo perdido ao longo dos anos. Formula Legends, desenvolvido pela 3DClouds, tenta justamente capturar essa essência: uma celebração da história do automobilismo, que começa lá nos anos 60 e chega até os dias atuais. O game promete unir nostalgia e diversão nas doses certas, mas será que o resultado cruza a linha em primeiro lugar?

Um tributo com alma arcade

A proposta de Formula Legends é diferente dos demais jogos que utilizam a categoria como prato principal: misturar o charme dos jogos de corrida clássicos com um toque moderno. Ele se enquadra perfeitamente na categoria “simcade” – aquela mistura entre simulação e arcade que tenta agradar a gregos e troianos. O visual segue essa filosofia: nada de realismo fotográfico, mas sim algo bem estilizado, colorido e carismático, que vai mudando conforme a era dos carros. As pistas também evoluem – uma singela homenagem a circuitos lendários, que aparecem em versões retrô e modernas. É o tipo de detalhe que mostra carinho e respeito pela história do esporte, mesmo sem usar nomes oficiais.

Bandeira amarela em todos os postos!

O controle dos carros é satisfatório, mas tem diversas inconsistências. A física tenta se equilibrar entre acessível e realista, e às vezes fica no meio termo. Carros antigos exigem um toque mais cuidadoso, com frenagens mais longas e menor aderência – até aí, tudo bem. O problema é que essa sensação se perde ao correr na chuva: por maior que seja o temporal, as mudanças na jogabilidade são quase nulas, e isso tira parte da imersão. Ainda assim, quando o jogo acerta o ritmo, ele brilha: ultrapassar no vácuo, gerenciar o desgaste dos pneus e cravar uma volta perfeita traz aquela adrenalina que somente o automobilismo pode entregar.

A inteligência artificial, porém, é um dos pontos mais fracos. Em algumas corridas, os rivais parecem estar dormindo; em outras, parece até que você ofendeu a mãe deles no Paddock, e simplesmente te jogam pra fora da pista.

O charme do passado com falhas do presente

Visualmente, Formula Legends é um jogo bonito – não no sentido técnico, mas artístico. Os modelos dos carros têm personalidade, o céu muda de cor conforme o clima, e há um toque de nostalgia em cada curva. O problema está no desempenho: presenciei diversas quedas na taxa de quadros na chuva, desaparecimento de texturas e pequenos bugs visuais que lembram um jogo da geração passada.

A trilha sonora cumpre seu papel, mas o som dos motores é inconsistente. Em certos carros, o ronco é potente e envolvente; em outros, soa como o carro “esportivo” daquele amigo metido a piloto das ruas. E o pior: às vezes o áudio simplesmente falha, com o motor sumindo no meio da corrida.

O pit stop que não veio

O ponto mais frustrante de Formula Legends é a ausência completa de multiplayer. Nem mesmo um 1×1 local foi implementado. É um jogo feito para jogar sozinho – e, honestamente, isso me decepcionou logo na primeira vez que joguei, pois meu plano inicial era disputar um roda com roda com um amigo. Mas quando procuramos, não achamos.

A campanha solo até tenta compensar, com desafios variados e carros desbloqueáveis de diferentes eras, mas a falta de interação com outros jogadores limita o potencial do jogo. A sensação é de um projeto que nasceu com ideias ambiciosas, mas saiu do box com a mangueira de abastecimento presa no tanque.

Conclusão

Formula Legends é um jogo feito com paixão, e isso fica evidente. Ele entende o charme das corridas antigas e traduz essa nostalgia em uma experiência acessível, colorida e divertida. É o tipo de título que faz você querer dar “só mais uma volta” – e que arranca sorrisos de quem cresceu assistindo Alonso, Hamilton, Prost, Senna, Schumacher e Vettel nos mágicos dias de corrida. Mas, como uma equipe pequena tentando competir com gigantes, o jogo tropeça em limitações técnicas e em decisões estranhas, como a ausência total de multiplayer. Ainda faltam polimentos e consistência para beliscar um pódio. No fim, Formula Legends não passa nem perto do título, mas merece respeito por lembrar a todos nós por que o automobilismo é tão apaixonante.

Esta análise é baseada na cópia de PS5 fornecida pela 3DClouds.

Formula Legends
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