Quando Dying Light 2 foi anunciado, fiquei com uma sensação de sentimentos mistos. A atmosfera do jogo parecia diferente, com uma presença maior de humanos do que de zumbis (conforme mostrado nos trailers), e algumas outras mudanças me desagradaram. Agora, pouco mais de 2 anos após o lançamento, graças à Techland, tive a oportunidade de experimentar a sequência de um dos meus jogos favoritos de todos os tempos. No entanto, mesmo reconhecendo suas qualidades, é evidente que Dying Light 2 não alcança o mesmo nível de excelência de seu antecessor.
História fraca
Dying Light 2 se passa 22 anos após os eventos de Harran, a cidade de Dying Light 1. Agora, estamos em Villedor, sob o comando do protagonista Aiden. Basicamente, a premissa para a existência dessa sequência é que uma cura foi encontrada para o vírus Harran, mas uma nova variante, que estava sendo estudada secretamente, escapou dos laboratórios, levando à devastação quase total do planeta.
Infelizmente, a história de Dying Light 2 deixa a desejar. O desenvolvimento da trama é lento e pouco envolvente, com todas as revelações importantes ocorrendo apenas nas últimas 3 horas de gameplay, das 23 horas totais que levei para zerar. Os personagens de Villedor, sejam eles principais ou secundários, carecem, em sua maioria, de carisma e são até detestáveis, com exceção da personagem Lawan. Além disso, os finais deixam várias pontas soltas, o que é bastante decepcionante.
E quando menciono “os finais”, é porque há mais de um. O jogo apresenta várias escolhas cruciais que devemos fazer ao longo da campanha, e essas escolhas impactam significativamente os eventos durante o gameplay, incluindo o desfecho. Ao todo, existem 3 finais principais, além de algumas cenas extras, que, mais uma vez, são determinadas pela forma como você agiu durante a sua jornada.
Outro aspecto negativo desse conjunto são as missões secundárias, as quais considero completamente decepcionantes. Em sua maioria, resumem-se a “vá até lá e mate aquele zumbi” ou “vá até lá e pegue aquele item”. Dado o número considerável delas no jogo (e são realmente muitas), esperava um desenvolvimento mais substancial de histórias secundárias interessantes. No entanto, no final das contas, a grande maioria das missões secundárias que realizei serviu apenas para aprimorar minhas habilidades.
Villedor é estranha
Há poucos jogos em que posso afirmar que a cidade parece ser o verdadeiro protagonista. Night City, de Cyberpunk 2077, é um bom exemplo, e eu diria que Harran, de Dying Light 1, seguia essa mesma linha. No entanto, desde os primeiros trailers de Dying Light 2, tive a sensação de que a cidade do jogo parecia sem alma em comparação com Harran, e em parte, essa sensação se mostrou correta.
Villedor é… estranha. O primeiro jogo realmente parecia ambientado em uma cidade dominada pelos infectados; tudo estava em ruínas, a atmosfera era apocalíptica e o distintivo filtro amarelo de Harran criava um visual único. Villedor, por outro lado, é verde. É como se a natureza já tivesse retomado tudo. Embora isso faça sentido teoricamente em um cenário pós-apocalíptico, é uma mudança significativa em termos de estética e atmosfera em comparação com Harran. Além disso, Harran, em termos de verticalidade, era muito mais interessante para explorar, enquanto Villedor deixa a desejar nesse aspecto, com uma melhoria perceptível apenas ao adentrar no Central Loop, a segunda parte do mapa.
Onde o jogo brilha
Você, leitor, pode estar se perguntando: “Nossa, esse jogo só recebeu críticas negativas até agora. Será que ele faz algo bem?”. E a resposta é sim, e o que Dying Light 2 acerta, eu diria que acerta até demais. Obviamente, estou me referindo à jogabilidade, um ponto que já era incrível em Dying Light 1 e que está ainda melhor nesta sequência, beirando a perfeição.
Arrisco dizer que a Techland criou uma das melhores experiências de parkour de todos os tempos, superando até mesmo o próprio Dying Light 1 e outros jogos do gênero, como Mirror’s Edge Catalyst. Explorar a não tão interessante Villedor se torna incrível graças à fluidez da movimentação do personagem, à precisão dos saltos e às diversas mecânicas desbloqueadas ao longo da campanha, como o parapente e o gancho, que tornam nossa jornada pela cidade muito mais dinâmica e divertida.
Outro ponto interessante, que diferencia esse jogo do primeiro, é a presença da infecção viral em nosso corpo. Logo nos primeiros minutos do jogo – e não, isso não é um spoiler -, somos atacados. A partir desse momento, devemos procurar por pontos de luz ultravioleta durante a noite, os quais estão espalhados por diversos locais do mapa – além de outros que podem ser desbloqueados. Isso porque há um contador de tempo em nossa tela, e deixá-lo esgotar resultará em morte.
Por fim, não podemos ignorar a questão gráfica. Dying Light 2 definitivamente não se destaca como um dos jogos mais bonitos da atualidade, mas ainda assim, apresenta diversos cenários de tirar o fôlego, especialmente nas áreas com mais vegetação. A iluminação do jogo também merece destaque (assim como em seu antecessor), sendo um ponto forte da experiência. Quer ver interiores bonitos? Apague sua lanterna à noite e permita-se ser guiado apenas por pequenos pontos de luz no cenário; você verá como a iluminação e as sombras brilham.
Veredito
Dying Light 2 é claramente inferior ao seu antecessor. Sua história não empolga, com personagens decepcionantes, e uma cidade deprimente e sem alma, muito diferente de Harran, presente em Dying Light 1. No entanto, o jogo acerta de forma primorosa na jogabilidade, sendo ainda mais divertido e fluido que o primeiro, tanto no parkour quanto no combate. Para aqueles que esperam uma experiência pós-apocalíptica profunda, é importante notar que isso não será encontrado aqui, mas ainda assim é possível se divertir. Nota final: 7.0/10.
Prós:
- Gráfico bonito
- Gameplay muito divertida
- Sistema de infectado do Aiden
- Tomada de decisões durante a campanha
Contras:
- História fraca
- Cidade sem alma
- Missões secundárias irrelevantes
Dying Light 2 Stay Human: Não é tão bom quanto o original no geral mas definitivamente houve muitas melhorias na jogabilidade o que torna a experiência ainda assim muito divertida. – budabyte