The Hungry Lamb: Traveling in the Late Ming Dynasty – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
6 min de Leitura

The Hungry Lamb: Traveling in the Late Ming Dynasty é uma visual novel desenvolvida pelo estúdio chinês Zerocreation Games e publicada pela 2P Games. O jogo se passa no final da dinastia Ming e apresenta diversas questões éticas e morais ao longo da trama, com um personagem que está em constante evolução. Curioso para saber um pouco mais sobre esta VN chinesa? Confira a análise!

A ética e moral em tempos antigos

Ao iniciarmos a história, conhecemos Liang, nosso protagonista, e Tongue. Ambos fazem trabalhos ilegais, roubando e assassinando pessoas por dinheiro. Os dois personagens recebem uma oferta: escoltar quatro garotas até Luoyang, a pedido de Yin San. De acordo com o requerente, as meninas foram vendidas por suas famílias devido às dificuldades enfrentadas no fim da dinastia Ming. Conhecemos então Hong’er, Cui’er, Qiong Hua e Man Sui. O trabalho é aceito, iniciando uma longa viagem até Luoyang, acompanhada de diversas questões morais que surgem ao longo da jornada.

A dificuldade de se viver nos tempos passados é um dos temas centrais de The Hungry Lamb. A dinastia Ming, historicamente, foi marcada por invasões, corrupção e desastres naturais, que consequentemente acarretaram problemas financeiros para diversas famílias, levando à fome. Como mencionado anteriormente, as garotas foram vendidas, e por diversas vezes o canibalismo é mencionado, principalmente de mulheres e crianças, um tema que pode fazer muitas pessoas se sentirem desconfortáveis, apesar de ser historicamente acurado.

A fome é um dos principais temas presentes em The Hungry Lamb / Reprodução: Autor

A história começa a se desenvolver pra valer quando Man Sui revela a Liang que está indo para Luoyang por vingança, visando matar o Swine Demon, um governante rico que vive há anos e pratica canibalismo por pura diversão. Essa é uma questão que Liang irá carregar consigo por toda a jornada, sendo sempre um ponto que o deixa pensativo sobre considerar o que Man Sui está dizendo ou seguir sua própria concepção.

Como grande parte das visual novels, The Hungry Lamb oferece diversos finais, sendo alguns relativamente fáceis de obter e outros exigindo mais atenção do jogador, com o final verdadeiro sendo, obviamente, o mais feliz. Um fluxograma está presente para que os jogadores possam retornar ao capítulo desejado e tentar outras opções com facilidade, além de uma vasta gama de slots para realizar o salvamento.

Vale também mencionar, positivamente, a presença da dublagem chinesa em diversos momentos, que traz vida a vários diálogos, mostrando muito bem a emoção dos personagens. A trilha sonora também é boa e bem encaixada com as situações em que nos encontramos, e apesar de faltar mais variedade, as músicas cumprem muito bem seu papel.

Man Sui, a protagonista da visual novel ao lado de Liang / Reprodução: Autor

Alguns poréns que podem incomodar

Se um dos pontos principais de uma visual novel é a história, o outro é certamente a arte. É inegável que The Hungry Lamb apresenta artes muito bonitas, inspiradas na cultura chinesa e acuradas em relação à dinastia Ming, na qual a história se passa. A técnica italiana de pintura impasto é aplicada, criando um efeito muito bonito nas imagens. Apesar disso, a repetição torna-se evidente em pouco tempo, com até mesmo desculpas surgindo dentro da história para justificar isso, como as pousadas serem semelhantes, para evitar a necessidade de criar uma nova arte. A quantidade de visuais diferentes para os personagens também é pequena, gerando pouca diversidade de reações durante as interações.

Outra questão a se frisar é que, apesar de Liang, Tongue e as quatro garotas estarem presentes, a história é centrada principalmente em Liang e Man Sui, os verdadeiros protagonistas da trama. Durante a viagem, ambos vão se conhecendo melhor e se tornam praticamente pai e filha. Digo “praticamente” pois aqui entra algo que me deixou desconfortável: existem alguns momentos em que Man Sui, uma criança na faixa dos 12 anos, flerta com o protagonista, um homem muito mais velho. Talvez isso possa estar correto historicamente, visto que era comum garotas se casarem ainda na adolescência, mas confesso que achei completamente desnecessárias as cenas envolvendo o flerte.

Apesar de bonita, a arte do game pode acabar irritando pela repetição (não sendo o caso dessa imagem) / Reprodução: Autor

Bom, porém não é para todos

The Hungry Lamb apresenta uma boa narrativa, com um desenvolvimento de personagens muito bem feito e uma ótima dublagem. Os temas são historicamente acurados e mostram o conhecimento e amor dos desenvolvedores pela história de seu país. Apesar disso, é fato que essa visual novel pode não ser para todo mundo, afinal, contém temas como canibalismo, tráfico de humanos e até mesmo flerte entre criança e adulto – uma cena que é completamente desnecessária. No mais, a história é boa, mas caso você tenha interesse, vá com calma e tenha em mente os temas pesados. Nota final: 8.0/10.

Prós:

  • História bem desenvolvida
  • Historicamente acurado
  • Arte bonita, a técnica impasto caiu muito bem
  • Trilha sonora

Contras:

  • Artes que acabam caindo na repetição
  • Flerte desnecessário entre criança e adulto

The Hungry Lamb: Traveling in the Late Ming Dynasty: The Hungry Lamb é uma excelente visual novel. Os temas mais pesados podem afastar alguns, mas para aqueles que querem uma experiência "mais intensa", vale a pena conferir. Mais que recomendado. budabyte

8
von 10
2024-06-09T20:13:07-0300
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