Monster Hunter Stories – Análise

Thiago Aferaos
9 min de Leitura

Lançado originalmente para Nintendo 3DS, Monster Hunter Stories finalmente se livrou de suas amarras de exclusividade e chegou as gerações mais recentes de consoles. Mas ao contrário de todos os seus predecessores, o jogo não segue a linha de caçador e caça já bem conhecida da série – nesse spin off você não apenas roubará ovos e enfrentará monstros cheios de malícia, mas também formará laços de amizade, ou melhor dizendo, “afinidade”, termo bem conhecido por jogadores da série, mas que no game terá uma conotação um pouco diferente.


Classificado pela Capcom como “o primeiro RPG da série Monster Hunter” o que cá entre nós, não é necessariamente verdade, o jogo tem seu sistema de combate baseado em turnos. Mas ao contrário do restante da série, você não batalhará “sozinho”, mas sim com a ajuda de monstros com os quais criará vínculos durante sua jornada.

Capturar ovos é uma prática recorrente em quase todos os MH, e aqui ela se torna a mecânica mais básica para que você avance na história, uma vez que se torna obrigatório que o jogador invada ninhos de monstros (que na prática são pequenas dungeons) apenas para que ao final deles você encontre um monstro guardando um ninho cheio de ovos. No geral, você pode “repescar” esses ovos até três vezes, o que na prática vai acontecer quando seu outro companion, mais conhecido como NAVIROU (ou simplesmente GATO falante, para os mais chegados) te avisar que o ovo retirado tem uma qualidade melhor. Existirão ninhos de nível comum e ninhos de nível raro, e isso influenciará diretamente na espécie do monstro, em seus status base e habilidades herdadas. Os ninhos raros são de cor dourada, e como os ninhos de níveis comuns, são situados aleatoriamente em áreas de exploração. É de fato uma solução simples para criar dungeons aleatórias, ao mesmo tempo em que, como os jogos da main line, o Stories também apele para o RNG do jogador.

Ovo capturado, mamãe abatida. E agora?

Seu parceiro *gato* vai te avisar quando um deles valer a pena / Reprodução: Autor

Você levará para outro gato, que sempre estará situado em todas as cidades e quartos aos quais visitar, para que você mesmo possa chocar o ovo num processo de apertar X repetidamente. Feito isso, você receberá um novo monstrinho de nível 1 e alguns bônus de status a depender da raridade de seu ovo de origem. Se pensarmos em Pokémon, não é surpresa que um jogo com sistema de ovos e breeding através de herança genética tenha saído exclusivamente para o 3DS. Como acabei de citar, além do nascimento, esse gato é responsável por cuidar de seus monstros, você também poderá fundir esses mesmos monstros para alcançar vantagens através de carga genética. O monstro base continua e o transmissor das habilidades passivas some, uma mecânica bastante simples.

Já que estamos falando sobre monstros, me sinto compelido a te avisar: Os monstros aqui não seguem seus padrões comuns de aparência como na série principal, além disso, também não obedecem a suas proporções clássicas. Mas veja pelo lado bom, como um jogo introdutório para a série, e direcionado a um público bem mais jovem, ele cumpre bem o papel de apresentação em termos e mecânicas dos jogos clássicos, mas ao mesmo tempo contando com visuais mais estilizados e até cartunescos, tudo isso para atrair os olhares dos mais jovens e menos afeitos a caçadas brutais. Esse visual infantilizado e mais agradável transmite uma sensação legal de “coração quentinho” e te faz curtir o game com muito mais tranquilidade, mesmo em batalhas relativamente desafiadoras.

Como mencionei mais cedo, as batalhas funcionam como em JRPGs clássicos. Podemos traçar um paralelo com o sistema de batalha de World of Final Fantasy, onde você também contava com os monstros com os quais batalha e capturava, mas se unia a eles de maneira bizarra. Aqui, você literalmente montará seu monstro se for preciso, e se transformará em uma única unidade por um tempo limitado e para o uso de golpes especiais, que são alimentados por sua “afinidade” com sua dupla, seu monstro escolhido. O método com o qual se avança no jogo, como a história dele é contatada é absolutamente simples: Você segue o objetivo no mapa e dificilmente se perderá. Fala com quem tem que falar, consegue o item que precisa, e luta com quem te desafiar, nada complexo ou enrolado. Você também contará com um quadro de missões e caçadas, bem como ele funciona nos jogos clássicos, inclusive com suas caçadas especiais.

Sistema simples de “pedra, papel e tesoura” marcar a decisão por ataques / Reprodução: Autor

Uma rápida passada sobre itens e equipamentos: Você também terá sistemas mais simplificados, mas que contêm a essência de um MH clássico; vai fundir itens coletados, encontrar partes de monstros e, num plus para o game, também terá missões do ferreiro para ganhar armaduras e armas. A variação de armas não é tão grande, temos armas como martelo, espadão, espada e escudo e o berrante de caçada. As quatro variações fornecem efeitos e poderio de ataques diferentes, bem como as armaduras, que por sua vez tem uma variação relativamente maior, e uma gama de efeitos também mais abrangente.

Existe apelo narrativo?

Até agora você me viu falando sobre um pouco de tudo, menos da história. Por quê? É simples, porque como em seus jogos clássicos, esse aqui também não tem uma história incrível, é básica e clichê, onde caçadores se deparam com outros caçadores que tem a capacidade de se tornarem domadores de monstros e literalmente os dirigem por ai, enquanto por outro lado, você tem monstros selvagens agindo de maneira super agressiva e cheios de malícia, possivelmente causada por um fenômeno não natural. Isso é o tipo de resumo que caberia a praticamente qualquer jogo da série Monster Hunter. Você não estará lá pela história, mas pela mecânica e pelos monstros incríveis. Eis um ponto forte do jogo: Como um jogo que eu considero perfeito para ser introdutório à série, ele conta com muitos monstros diferentes e clássicos, além de suas variações em missões especiais.

Sobre a trilha sonora: ela inexiste como composição. O que encontramos aqui de elemento mais marcante são os sons característicos de monstros e HUD, velhos conhecidos dos fãs.

No geral, o jogo é uma ótima porta de entrada para quem não conhece a série e prefere um game mais cadenciado, baseado em turnos. Jogadores apressados ou que preferem jogos com batalhas dinâmicas podem se frustrar com o andamento do game e a dinâmica de captura de monstros. Nas batalhas é possível usar um avanço de 3x, mas eu diria que nem isso é suficiente para agradar alguém que presa por ação.

Finalmente livres da exclusividade, YEEEY! / Reprodução: Autor

Nota final: 7.5/10

Prós:

  • Monstros com visuais novos
  • Simplicidade
  • Acessibilidade
  • Variedade de monstros
  • Port bem feito

Contras:

  • Repetitividade
  • Trilha sonora fraca
  • Avanço de nível lento

Monster Hunter Stories: Com o fim da exclusividade, agora todos podem curtir o jogo. Ele é uma ótima porta de entrada para quem não conhece a série e prefere um game mais cadenciado, baseado em turnos. Espero que assim Monster Hunter ganhe ainda mais fãs. Aferaos

7.5
von 10
2024-06-21T14:42:04-0300
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