Quando a Square Enix anunciou o retorno de Hitman, a expectativa foi grande. O agente 47 estava de volta em uma proposta renovada, que, apesar de resgatar as raízes da franquia, apostava em um formato de lançamento por episódios – algo que, desde o início, gerou polêmica. Mas afinal, Hitman (2016) entrega o que promete?
Liberdade como pilar da jogabilidade
A principal virtude de Hitman (2016) está justamente em seu gameplay sandbox. O jogo te dá uma missão: eliminar alvos. O resto é com você. Quer se disfarçar de garçom e envenenar o vinho do alvo? Pode. Prefere plantar uma bomba ou ir no estilo Rambo, atirando em todo mundo? Também é possível (ainda que bem mais difícil). Cada fase funciona como um grande playground de possibilidades, incentivando a criatividade e a experimentação.
O destaque vai para o design de fases, especialmente Paris, que impressiona tanto pelo número de NPCs quanto pela variedade de caminhos e estratégias possíveis. O trabalho de ambientação e modelagem facial contribui para um mundo mais vivo e imersivo, algo que nem sempre era o caso nos jogos anteriores da série.
Gráficos e desempenho
Visualmente, o jogo é bonito, especialmente nos PCs mais potentes. A modelagem dos personagens é variada, e os ambientes são ricos em detalhes. No entanto, a versão para PC sofre com problemas de otimização: quedas de FPS, bugs visuais e travamentos são frequentes, mesmo em máquinas com configurações acima da média. Em algumas situações, NPCs atravessam paredes ou bugam completamente, quebrando a imersão.
Conteúdo e modelo episódico
Talvez o ponto mais controverso de Hitman (2016) seja seu formato por episódios. No lançamento inicial, o jogo veio com apenas três fases: dois tutoriais e a missão principal em Paris. Isso é pouco conteúdo para quem pagou por um jogo completo. Mesmo com a promessa de novas fases ao longo do ano, a sensação é de que o jogo foi lançado incompleto, quase como um “acesso antecipado disfarçado”.
Além disso, há o problema da obrigatoriedade de estar online para acessar diversos recursos, como desafios, contratos e variações de missão. Isso limita bastante a experiência offline e é especialmente frustrante quando os servidores estão instáveis – o que, infelizmente, foi comum nos primeiros dias.
Preço e promessas
O preço do jogo por episódio, embora não abusivo (cerca de R$ 33 no PC), ainda gera dúvidas sobre o custo-benefício, já que o conteúdo inicial é limitado. Mesmo quem compra o pacote completo está, de certa forma, financiando o desenvolvimento futuro, o que levanta questões sobre o compromisso da desenvolvedora em entregar tudo o que foi prometido.
Apesar disso, há potencial: a estrutura de episódios pode funcionar a longo prazo, permitindo que Hitman se torne uma plataforma viva, com missões sendo adicionadas ao longo do tempo sem a necessidade de novos títulos. Resta saber se esse potencial será devidamente explorado.
Veredito
Hitman (2016) é um jogo sólido, divertido e fiel à essência da franquia. A liberdade que o jogador tem para planejar e executar os assassinatos é seu maior trunfo. No entanto, o lançamento fragmentado, os problemas técnicos e a dependência de conexão online impedem que o jogo atinja todo o seu potencial logo de início.
Se você é fã da série ou está curioso para conhecer a franquia, vale a pena jogar – desde que esteja ciente das limitações atuais. Para os mais pacientes, talvez seja melhor esperar a versão completa ou uma queda no preço.