Castle of Illusion (2013) – Análise

Luiz Felipe Guimarães
6 min de Leitura

Castle of Illusion tinha uma proposta bastante ambiciosa. Trazer de volta a magia do jogo que marcou toda uma geração de gamers no Mega Drive não era tarefa para qualquer um, e a Sega Australia se prontificou para o serviço. Infelizmente o estúdio não durou logo após o lançamento do game para colher os louros (ou as tochas e forcados). As comparações com o original, lançado em 1990, são inevitáveis e até necessárias para o review.

A idéia era fazer tudo do zero. Mudar tudo, mas sem mudar nada. Não se limitar apenas a um port HD com filtros e achievements aqui e ali, em vez disso trazer algo completamente novo, a um grande clássico que não deve ser tocado. O jogo foi totalmente reconstruído, e como foi reconstruído. Em um esforço ainda maior do que Duck Tales Remastered, o trabalho da Sega Australia nesse ponto foi magistral. O jogo é lindo, as animações estão extremamente fluidas, e os cenários, estonteantes. A transição do 2D para o 3D não poderia ter sido melhor. E o que é melhor do que isso? Ele continua sendo Castle of Illusion.

A jogabilidade é basicamente a mesma do clássico, com a exceção da “bundada” do Mickey, que foi retirada, deixando as coisas um pouco mais fáceis, agora que você só precisa pular em cima dos inimigos para derrotá-los, Super Mario style; mas o senso de exploração, e os meios para alcançar os seus objetivos, fazem você lembrar dos áureos tempos dos jogos de plataforma, nos anos 90. As fases ganharam caminhos alternativos, com temáticas semelhantes às do original. O espírito ainda está lá, com uma roupa diferente. Infelizmente a roupagem trouxe algumas consequências.

Ainda sobre a jogabilidade, Castle of Illusion sofreu da irreparável condição de muitos outros nos dias de hoje: a pussificação. Para os que não estão atualizados no termo, eu explico melhor. A nova versão ficou mais fácil do que a original. Muito mais fácil. Você não perde mais uma vida mais ao cair em precipícios, ou quando você é levado pela correnteza em um dos estágios, você perde um ponto de HP. As vidas extras estão em todos os lugares, e são extremamente simples de se alcançar. Muitas vezes me vi com mais de 15 vidas, número antes inalcançável, graças ao Hub, que sempre me dava mais uma cabeça dourada para cada vez que eu o explorava. Os chefes, que tem menos pontos de vida, tem também padrões mais repetitivos (ao menos até a última pancada) e com menor variedade. Até a toda poderosa Mizrabel não levou mais do que duas tentativas para ser toda desvendada. Para quem é das antigas, a dificuldade é um pouco decepcionante.

Outra modernização presente no jogo são os colecionáveis, que tem aos montes. Não só o jogador terá de colecionar os diamantes em todas as fases, como também cartas, que lembram World of Illusion, e pimentas, que fazem todos lembrar do saudoso Quackshot. Os colecionáveis habilitam novas estátuas e roupas para Mickey, não são nem muito fáceis, nem muito difíceis, e aumentam o replay.

Como já foi visto, ele reproduz fielmente a versão de 1990, então a estrutura das fases, e a duração do jogo são basicamente as mesmas, o que significa que em duas horas, ou menos, você vai terminar Castle of Illusion. Sim, duas horas é pouco. Para os padrões atuais, é ridículo. Mas não é um problema nesse caso. Adicionar mais fases, e mais conteúdo no jogo estragaria a proposta.

A música faz muito bem o seu trabalho. Os mais novos vão gostar das versões orquestradas, e os mais velhos vão preferir a música original. Os efeitos sonoros também são todos bem colocados, apesar da voz do Mickey incomodar às vezes. Ele nunca cala a boca. As outras opções incluem a presença ou ausência do narrador, outra novidade igualmente irritante, que transforma o jogo em um conto de fadas interativo. É bem executado em sua maioria, mas não há necessidade de explicar cada movimento e ocasião do plot.

Em suma, Castle of Illusion tem problemas, mas são poucos, e vale a pena o investimento, principalmente se você já teve a sorte de apreciar o original, e não se importa com um jogo de duas horas de duração. A nota que nós da GameFM damos para esse jogo é 8/10, para um jogo de plataforma muito bem executado, que ainda preserva o espírito de outrora.

 

Castle of Illusion (2013): Castle of Illusion tem problemas, mas são poucos, e vale a pena o investimento, principalmente se você já teve a sorte de apreciar o original Zuel

8
von 10
2013-12-20T19:30:11-0300

 

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Artista, modelador e apreciador de todos os estilos de jogos. Tem um diploma de graduação em biologia guardado em algum lugar. Só não sabe onde.
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