The First Berserker: Khazan é um action RPG soulslike desenvolvido pela Neople, situado no universo de Dungeon & Fighter Online – jogo esse ainda em desenvolvimento contínuo por ser um MMO. Lançado em março de 2025, ele se destaca por sua dificuldade brutal, combate refinado e visuais impressionantes, mas também deixa a desejar pela narrativa pouco aprofundada e pela repetição de inimigos e cenários. Enquanto alguns o consideram uma experiência fresca no gênero, outros criticam sua falta de originalidade em mecânicas já consagradas por Dark Souls e Sekiro. Mas chega de apresentações e vamos à análise!
Certamente uma história
A trama segue Khazan, um general traído pelo império que serviu. Após um acidente, ele é possuído por uma entidade sombria chamada Blade Phantom e, após uma série de combates, decide se unir ao encosto que o possui para dominar um mundo abandonado por Deus. A premissa é clássica: vingança e redenção, mas a execução é fraca. O jogo começa de forma misteriosa e, ao longo da campanha, pouco explica as regras que regem esse universo. E, claro, nosso protagonista passa boa parte da história calado, como todo herói brucutu que se preze.
Os personagens secundários, como aldeões em perigo e antigos companheiros de batalha, são pouco desenvolvidos, servindo mais como dispositivos para missões do que como peças narrativas impactantes. A história é contada principalmente por meio de slides narrados, o que diminui o envolvimento emocional.
Apesar disso, o jogo explora uma dualidade interessante entre a humanidade de Khazan e a influência corruptora do Blade Phantom. Essa dinâmica poderia ter sido mais explorada, mas acaba sendo subutilizada em favor do combate. O cenário, que mistura política medieval e elementos sobrenaturais, tem potencial, mas falta profundidade e conexão com o jogador. O fato de ser uma prequela de Dungeon Fighter Online também limita a narrativa, que parece mais focada em estabelecer a lore do que em criar uma jornada cativante por si só.

Combate satisfatório e desafiador
O combate é o grande destaque do jogo, sendo comparado a Sekiro e Nioh por sua ênfase em parry perfeito, esquivas e gerenciamento de stamina. Khazan possui três armas principais: a espada dupla, o espadão e a lança, cada uma com árvores de habilidades únicas e estilos de jogo distintos. A espada dupla oferece agilidade, o espadão prioriza poder bruto, e a lança permite ataques à distância com movimentos rápidos. A personalização é ampla, com habilidades que podem ser redefinidas, incentivando a experimentação.
Os chefes são os pontos altos da gameplay – ou pelo menos é onde o jogo tenta brilhar, já que sua dificuldade exacerbada acaba frustrando parte da adrenalina que deveria vir desses confrontos. Eles exigem perfeição do jogador, com combos longos, ataques impossíveis de bloquear e padrões complexos demais. Alguns, como o dragão da Missão 3, foram ajustados em patches para torná-los menos frustrantes, enquanto outros foram buffados, mantendo o desafio. O sistema de contra-ataque, com variantes como brink guard e brink dodge, adiciona camadas estratégicas, recompensando tempo e precisão.

No entanto, o jogo peca na repetitividade dos inimigos comuns e na estrutura dos níveis. Boa parte da gameplay consiste em corredores intermináveis com inimigos infinitos, posicionados de forma aleatória na maior parte do tempo, algo que acaba irritando ao longo da jogatina. Ele também segue a fórmula soulslike tradicional (bonfires, atalhos) sem inovar. As missões secundárias, embora úteis para ganhar recursos, frequentemente reutilizam cenários e chefes com pequenas alterações, o que pode cansar.
Continuando a falar da dificuldade, o jogo apresenta duas opções ao iniciar: o modo normal (definido como “difícil”) e o fácil (que podemos considerar o “normal”). Comecei jogando na dificuldade normal mas, ao longo da campanha, não consegui suportar o desafio – inimigos e chefes estavam insuportavelmente difíceis. A partir da terceira fase, a dificuldade cresce exponencialmente, e tive que mudar para o fácil para conseguir finalizar o jogo sem maiores frustrações. Então, se você quer jogar Khazan sem se estressar, deixe o “git gud” de lado e escolha a dificuldade fácil sem pensar duas vezes.

Graficamente bonito e bem otimizado
Visualmente, The First Berserker: Khazan impressiona com um estilo semi-cel shaded que combina bem com sua temática sombria e fantástica. Os cenários, como castelos destruídos e pântanos venenosos, são ricos em detalhes, embora a falta de um mundo aberto interconectado seja uma limitação. Os designs dos chefes são criativos e memoráveis, especialmente criaturas como o demônio bípede com martelo flamejante. Felizmente, o jogo também se encontra muito bem otimizado, algo raro nos dias de hoje, alcançando um ótimo desempenho até mesmo em minha máquina mais modesta.
A trilha sonora acompanha bem o tom épico e brutal do jogo, com composições orquestrais que intensificam os confrontos contra os chefes. Embora não seja revolucionária, cumpre seu papel na imersão. A dublagem, liderada por Ben Starr (conhecido por Final Fantasy XVI), adiciona peso às falas de Khazan, mesmo quando o roteiro é genérico.

Um dos melhores Soulslikes disponíveis no mercado
The First Berserker: Khazan é um jogo absurdamente competente. Seu combate refinado e chefes desafiadores o tornam uma recomendação sólida para fãs de soulslikes, embora sua narrativa fraca e a repetição de elementos ambientais e de inimigos impedem que ele se destaque como uma obra-prima. Ainda assim, é uma experiência gratificante para quem busca superar obstáculos brutais em um mundo visualmente deslumbrante, sendo, ao meu ver, o melhor Soulslike desde Lies of P, desconsiderando os jogos da FromSoftware. Recomendadíssimo!