Eu sei que você vai chegar aqui, olhar minha foto lá embaixo e dizer “Quem é você pra fazer um artigo desses? É só um moleque!”. É, mas apesar de ter apenas vinte anos, peguei a época de ouro e prata dos videogames. Tive desde Atari 2600, Super Nintendo, Mega Drive a PlayStation, Nintendo 64 e outros. E vou explicar aqui o por quê de antigamente o glamour ser bem maior. Querendo você ou não, era bem mais legal.
Em meados dos anos 80 para os anos 90 o mundo gamer se difundia muito com os consoles de mesa que começavam a derivar das máquinas de fliperamas e invadir as casas em peso. As revistas de videogames mais famosas do Brasil traziam com exclusividade as novidades do mercado exterior e tudo isso alvoroçava todo mundo que já vivia nesse mundinho de 8 e 16 bits da época. A cada inovação era um susto, realmente.
Quem se lembra de “H.E.R.O.” (Activision) lançado para Atari 2600 em 1984? Esse game foi um marco na indústria mas muita gente não o conhece. “H.E.R.O.” deixou muitos gamers boquiabertos graças a sua mecânica gravitacional muito avançada para a época. O personagem, que tinha uma hélice sobre a cabeça e precisava adentrar minas para resgatar operários, levitava e caía com simples toques no joystick do Atari. Tudo bastante rústico, mas inovador.
E novidades naquela época eram realmente inquietantes. Pra quem estava acostumado com bichinhos quadrados se movendo lentamente por uma tela, uma curva gráfica já era pra deixar qualquer um impressionado. Hoje em dia já temos tudo do melhor e do mais avançado em relação a gameplays, física e gráficos e qualquer inovação já não assusta mais. Não estou dizendo que é ruim. Isso é um reflexo do avanço do trabalho dos programadores através dos anos, mas hoje em dia não temos mais aquele alvoroço que tínhamos antes. Posso estar errado, mas estou mostrando meu ponto de vista nostálgico.
O pessoal que viu o PlayStation chegar nas grandes lojas de São Paulo entre 1995 e 1996 e ficavam brigando em revistas como a Super Game Power para comparar os gráficos do console da Sony com o Saturn, da SEGA, e o Nintendo 64 nunca vão ter dias como esse. E o Jaguar VR que pretendia colocar o jogador dentro do mundo virtual com seu capacete de realidade virtual? Pena que não deu certo porque causava náuseas.
Quem nunca colocou “Resident Evil 3”, “Winning Eleven 4” ou “Virtua Fighter” pra rodar e disse “Que gráficos perfeitos!” mesmo os zumbis sendo repetidos (como inúmeros gêmeos), os lutadores parecendo cubos amontoados com artes marciais no currículo e todos os jogadores de futebol tendo cabeça quadrada e cara de japonês. Bons tempos…
E as revistas de videogames dos anos 90 não dispunham do poder que a internet tem hoje e seus jornalistas se viravam nos trinta pra conseguir as novidades em primeira mão, e cada pista deixada gerava milhões de especulações e discussões sobre o possível novo console ou game. Não que hoje em dia não exista, mas tudo é bastante previsível. E como.
Os games antigamente tentavam tirar de você o máximo de paciência e intelecto possível para passar um estágio e garantiam diversão total, e diversão era o principal objetivo das grandes produtoras como Capcom, SEGA, Nintendo e várias outras da qual não me recordo no momento. Antigamente se você não tomasse cuidado ao racionar balas, ao tentar pular aquele buraco com uma estratégia formada ou tomar cuidado com as vidas extras pra não perder para o boss, era Game Over na certa e você tinha que voltar do início ou dar Load Game no último ponto em que salvou. Hoje as empresas buscam lucro atrás de lucro e a diversão não é mais prioridade total. Hoje seu personagem dá um passo e o irritante (ou muitas vezes oportuno) “Checkpoint” aparece na tela acabando com todo o fator “dificuldade” do título.
Infelizmente as crianças de hoje nunca vão saber como era divertido alternar entre Banjo e Kazooie para poder passar os estágios do homônimo game do Nintendo 64, saber como era interessante controlar Venom em “Maximum Carnage”, do SNES, ou se tornar o Herói do Tempo em “The Legend of Zelda: A Link to the Past”. Mas isso é por conta do tempo. O mercado “evolui” e as coisas se tornam diferentes.
Mas se você, que é pai, teve seus tempos áureos de infância e adolescência nos 8, 16 e 32 bits tá na hora de montar seu empoeirado console que mostrou aos seus olhos, na época, o que era ser feliz de verdade. E mostre ao seu filho que ser gamer não se resume só a “Battlefield 3” e “Call of Duty: Black Ops”.