BLEACH Rebirth of Souls – Análise

Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)
Gabriel Kreyssig Romualdo (@budabyte)

Após quase 14 anos, Bleach está de volta com um título “sério”. Embora diversos jogos para dispositivos móveis tenham sido lançados nos últimos anos, o lendário anime e mangá estava a muito tempo sem receber uma adaptação para PC e consoles que agradasse aos fãs, sendo o último Bleach: Soul Resurrección, lançado em 2011 exclusivamente para o PlayStation 3. BLEACH Rebirth of Souls foi desenvolvido pela Tamsoft, conhecida pelo seu trabalho com as franquias Onechanbara e Senran Kagura, e publicado tradicionalmente pela Bandai Namco. O jogo chega ao PC, PlayStation 4 e 5, e Xbox Series X|S com uma alta carga de hype por parte dos fãs da franquia, que aguardavam ansiosamente pelo seu lançamento desde o anúncio oficial. Será que o produto final entrega tudo o que os fãs estavam aguardando? Vamos conferir!

Ichigo Kurosaki

O modo história de BLEACH Rebirth of Souls vai desde o arco inicial de Bleach, onde Ichigo Kurosaki se torna um Ceifeiro de Almas substituto, até a batalha contra Sosuke Aizen no arco dos Arrancar, o que equivale a pouco mais de 300 episódios do anime, coisa pra caramba. Embora a adaptação seja longa, ela ainda não está completa, já que deixou de fora o arco Thousand-Year Blood War, que marcou o retorno do anime de Bleach às telinhas. Fica a dúvida: será que teremos um novo jogo adaptando o último arco, ou esta será mais uma experiência incompleta de Bleach nos videogames?

Quanto à campanha em si, BLEACH Rebirth of Souls entrega uma boa adaptação da obra original, embora de forma resumida. Porém, diferente de outros jogos de anime, como Dragon Ball Z: Kakarot, faltou capricho. A história principal se resume a longas cutscenes, algumas em 3D com uma péssima animação, e outras no formato slideshow, como um mangá. Após rolar todo o videozinho, partimos para a batalha, seja contra algum personagem, ou contra os gigantes Hollows, que certamente ajudam a diversificar um pouco a gameplay. Também é possível desbloquear histórias secretas de diversos personagens ao completar objetivos secretos, auxiliando no entendimento da história de Bleach e aumentando o tempo de jogo.

Ichigo Kurosaki – Estudante do Ensino Médio e Ceifeiro de Almas Substituto / Reprodução: Divulgação

Pedra, papel, tesoura!

BLEACH Rebirth of Souls é um anime arena fighter, e para aqueles que não conhecem o gênero, posso citar de exemplos jogos como Naruto: Ultimate Ninja Storm, Dragon Ball Xenoverse e Jump Force, além de diversos outros títulos conhecidos que lançaram nos últimos anos mas não obtiveram tanto sucesso, como Demon Slayer e Jujutsu Kaisen. Porém, diferente destes outros títulos, Bleach apresenta uma mecânica de combate um tanto quanto diferenciada, apostando numa gameplay mais cadenciada do que o frenético button mash presente no gênero.

Em resumo, o game conta com um interessante sistema de pedra, papel e tesoura. Basicamente, cada ação que podemos realizar possui vantagens e desvantagens. A ordem é a seguinte: ataques interrompem uma ruptura, já a ruptura cancela o bloqueio, enquanto o bloqueio defende os ataques. De início, o sistema pode parecer confuso, mas ele é bem intuitivo durante as lutas, já que é fácil saber qual o estado em que nosso oponente se encontra. Como mencionei anteriormente, esse estilo de gameplay fornece combates mais estratégicos e cadenciados, exigindo que o jogador pense e seja mais ágil, em vez de simplesmente apertar botões como se não houvesse amanhã, assim como ocorre em jogos como Naruto: Ultimate Ninja Storm.

Outra diferença em relação ao gênero arena fighter é o sistema de vida dos personagens. Em BLEACH Rebirth of Souls, existe o Kikon e Konpaku. Tanto nós quanto nosso adversário possui várias barras de vida, chamadas de Konpaku. Ao reduzirmos sua vida até 30%, podemos realizar o devastador ataque Kikon, responsável por tirar uma determinada quantidade de Konpaku de nosso oponente. Aqui entra uma das estratégias do jogo: o momento de usar o Kikon. Liberar o ataque cedo demais pode agilizar a batalha, porém, a quantidade de Konpaku reduzido será menor. Já levar a vida do oponente ao zero pode ser uma opção mais interessante, pois aumenta o total de Konpaku reduzido.

Destruindo o Konpaku do oponente / Reprodução: Divulgação

No que tange aos combos, o jogo é bem simples em geral. Basicamente, iremos alternar entre ataques rápidos e ataques fulminantes, que são os golpes básicos disponíveis. Durante a porradaria, é possível combinar esses golpes com o Hohou (ou Passo Relâmpago) e também com as Técnicas de Pressão Espiritual, aumentando a sequência de combo. Embora, como já mencionado, a gameplay de Bleach seja mais “inteligente” em relação a outros títulos, o sistema de combos pode parecer simples demais para alguns jogadores, o que pode ser uma decepção para os amantes de jogos de luta.

É claro, BLEACH Rebirth of Souls também conta com características da obra original. Cada personagem pode ativar seu estado de despertar ao acumular Espírito de Luta, que ganhamos durante o combate. Ao entrar no modo desperto, o estilo do lutador será liberado, podendo ser o Shikai, Bankai ou Resurrección. O uso do despertar pode favorecer uma virada de jogo, já que ele amplia consideravelmente todas as habilidades do lutador. Portanto, trate de usar se estiver em apuros, ou guarde para o momento certo caso achar que não for a hora.

Se você leu tudo isso e ficou confuso com a quantidade de termos específicos de Bleach, fique tranquilo que o jogo possui um tutorial bem explicativo, sendo lhe apresentado a partir da primeira vez que você abrir o game. Embora não seja obrigatório, ele é absurdamente necessário para compreender as mecânicas do game, que podem não parecer simples de início. Além disso, também há a parte de desafios no modo treinamento, onde podemos aprender sistemas avançados de combate que não nos são ensinados durante o treinamento inicial. Fiz questão de completar tudo o que estava em meu alcance, compreendendo o máximo possível da gameplay, e sugiro vocês fazerem o mesmo!

Os poucos conteúdos disponíveis

Infelizmente, BLEACH Rebirth of Souls conta com poucos modos de luta em seu lançamento. Para os que curtem relaxar no modo offline, as únicas opções disponíveis são o Modo Versus e as Missões. Já o Modo Online se limita a simples partidas casuais, podendo ser jogadas de forma livre ou em sala. Curiosamente, o modo ranqueado não está disponível, mesmo sendo uma das opções mais almejadas pelos fãs. Embora seja possível uma adição em futuras atualizações, a falta dessa opção certamente pode aborrecer alguns jogadores.

Já que mencionei os modos de jogo, não posso deixar de citar minha inexistente experiência com o modo online. BLEACH Rebirth of Souls é um dos jogos que utilizam o software Easy Anti-Cheat para barrar os trapaceiros, e o mesmo acabou sendo meu calcanhar de Aquiles. Ao abrir o game pela Steam, o anti-cheat é executado, chegando até o final do carregamento e fechando logo em seguida. Com isso, só consigo abrir o jogo através de seu executável original, sem passar pelo anti-cheat, resultando na impossibilidade de acessar o modo online. Presenciei mais jogadores no fórum da Steam relatando problemas similares, e mesmo reparando ou reinstalando o software não obtive êxito. Uma pena, pois fiquei sem um dos principais modos do jogo.

Ainda no menu, também encontramos a Loja do Urahara, uma característica comum em jogos de luta, onde podemos adquirir itens para utilizar nos combates – como os Cristais de Alma e Talismãs Espirituais –, ou para personalizar nosso cartão de jogador no modo online, chamado de Certificados de Konpaku.

Gráfico não impressiona

Talvez eu esteja ficando chato com jogos de anime, mas fato é que chegamos num momento de estagnação no gênero. Quando olho para BLEACH Rebirth of Souls, não enxergo nada que Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 já não tenha feito há 9 anos atrás. O gráfico tem seu charme, com personagens bem modelados e bons efeitos visuais, mas não impressiona, sendo bem datado. Além disso, estamos falando de um jogo exigindo uma RTX 2070 como requisito mínimo para ter uma experiência de 1080p60fps nos piores gráficos possíveis, o que, ao meu ver, é uma exigência que beira ao absurdo, sendo mais um caso de má otimização e, de praxe, com a Unreal Engine 5 envolvida.

A trilha sonora do game, felizmente, apresenta boa qualidade, sendo composta por Takeharu Ishimoto, que trabalhou em jogos como The Worlds End With You, Dissidia: Final Fantasy e Final Fantasy Type-0. As músicas são variadas, com diversas representações dos gêneros rap, metal e EDM, atingindo todos os gostos. Quando algum personagem se transforma durante a luta, uma nova trilha especial passa a ser executada, ajudando a aumentar ainda mais a adrenalina do momento. Para melhorar, todas as músicas podem ser conferidas individualmente através do menu.

Efeitos visuais são bonitos, mas nada que outros jogos já não tenham feito / Reprodução: Divulgação

Feito para os fãs

BLEACH Rebirth of Souls é a experiência definitiva da franquia nos videogames, mas isso não significa que o jogo é um acerto. Embora ofereça uma boa adaptação do anime na medida do possível, além de um sistema de combate diferenciado em relação a outros arena fighters, o jogo peca em vários quesitos, como seu gráfico datado, péssima otimização no PC, falta de modos de jogo e um modo online que não funcionou em minha experiência. Mesmo com todos esses problemas, é possível que a experiência agrade os fãs de longa data, mesmo longe de ser perfeita.

BLEACH Rebirth of Souls
6.5
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